Snack

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- Olha como tá o meu nariz. - Alice disse quando abri a porta pra ela no sábado no fim de tarde. Ri. O nariz dela estava vermelho onde eu tinha batido com o meu no dia anterior.

- O meu tá pior.

- Talvez. Vamos? - Sorri. Ela parecia emburrada.

- Tá nervosinha por que vai pagar um lanche pra mim?

- Não é qualquer lanche. - Ri de novo fechando a porta de casa. - É um CBO!

- Ninguém mandou ser ruim. - Alice bufou.

- Ruim é teu passado! - Sorri. Andamos uns 2 metros em silêncio.

- Como eu sou uma pessoa boa, deixo você pegar minhas batatas. - Disse.

- Prefiro um milk shake. - Ela disse sorrindo.

- Tudo bem. Te dou um milk shake.

- Mesmo? - Ela perguntou olhando pra mim.

- Mesmo. Não quer lanche?

- Não, valeu. - Depois de mais uns 10 minutos, chegamos no Mc. Antes mesmo de entrar, vi pela porta de vidro que a Natalie estava ali. Alice também viu, porque olhou pra dentro e depois pra mim. Virei pra voltar pra casa. Mais tarde viríamos. Senti me puxarem de volta. Óbvio que era a Alice. Quando vi, já estava na fila dos pedidos.

- Estava indo embora por que? - Olhei pra ela.

- Não é óbvio? - Respondi.

- E daí que ela está aqui? A não ser que vocês tenham algo. - Fiz uma careta. Eu já fiquei com a Natalie. Mas com certeza é uma coisa que nunca faria de novo. - E acena pra ela. Ela tá olhando pra você.

- Não. Se eu acenar, ela vem até a gente. - Disse ainda com uma careta. Chegou nossa vez e fizemos os pedidos. Dei o dinheiro do milk shake pra Alice. Ela disse que não precisava e todo aquele blahblahblah, mas eu insisti.

- Uma pergunta que eu sempre me fiz, é: por que ela vive gritando? - Alice perguntou sobre a Natalie enquanto sentávamos. Ri fraco.

- Ela é histérica.

- E neurótica, pelo visto. E quando vocês se falarem, avisa pra ela que não curto gente me olhando. - Olhei com o canto do olho pro lado. Natalie parecia que ia atacar a cadeira na Alice. - Sinto dó de você. - Ri.

- Por que?

- Ela gosta de você! Isso não é óbvio?

- Pelo amor de Deus, não.

- É sério. Ela tá morrendo de ciúmes! - Alice disse rindo. Ri também. - Igual as meninas ontem quando a gente veio almoçar.

- Não força, Alice.

- É sério!

- Todo mundo gosta de mim, agora? - Perguntei e ela deu de ombros.

- Eu sou a exceção. Você é chato demais.

- Tá falando isso só porque eu to comendo um CBO que você pagou.

- Não te acho pegável. - Fiz cara de indignado. Ela ria.

- Mentirosa. Ontem mesmo disse que queria que uma coisa romântica tivesse acontecido. - Ela riu corando levemente.

- Não. Eu disse que prefiro um beijo do que a dor de quase ter o nariz quebrado. Tem um abismo entre essas coisas. - A cada palavra ela corava mais.

- Tá ficando vermelhinha já. - Provoquei-a rindo.

- Cala a boca. Ontem você estava pior que um pimentão e nem por isso eu fiquei rindo da sua cara.

- Oi, Justin. - Revirei os olhos e virei pra trás.

- Oi, Natalie.

- Achei que ia me ignorar mesmo eu vindo aqui. - Ela disse sorrindo irônica.

- Eu não ignorei você. - Ao invés de ela ir embora, ela sentou do meu lado. Alice riu baixo. Natalie olhou pra ela.

- A festa não teve graça ontem. - Natalie disse voltando a olhar pra mim.

- Que bom que não foi, então. - Alice riu de novo.

- Tá com algum problema? - Natalie perguntou pra ela.

- Nenhum. Já você parece que tá com miopia. Igual teu amigo - Alice indicou que o “amigo" era eu com a cabeça. Miopia quem tem é ela! E to começando a achar que é não é só isso.

Natalie revirou os olhos e não respondeu.

- Enfim, a gente devia marcar pra sair um dia.

- Ahn… Não sei se vai dar. - Disse tentando “fugir" disso.

- Você não faz nada de noite. - Natalie insistiu. É tão difícil pra ela perceber que não quero nem falar com ela?

- Nos fins de semana não dá. E de meio de semana fico cansado por causa dos treinos. - Ela levantou emburrada.

- Tá bom né. Tchau, Justin. - Dei um sorrisinho e ela saiu pisando firme.

- Irritadinha né? - Alice disse me fazendo rir de novo.

- Natalia acha que o mundo gira em torno dela. - Disse e tomei refrigerante. - E miopia quem tem é você! - Joguei uma batata frita nela.

- Olha o desperdício, garoto! E eu tenho razão. Você não consegue nem ver quando uma menina tá afim de você.

- E você tá? - Brinquei, mas ela levou a sério, porque arregalou os olhos e ficou olhando pra mim. Logo depois, revirou os olhos.

- Se eu estivesse afim de você, nunca reclamaria de te pagar um lanche. - Sorri.

- Mas não é qualquer lanche. Você mesma disse isso. - Disse terminando de comer as batatas.

- Além de você ser chato, me deixou com uma mancha enorme no meio da cara! - Ri e ela continuou olhando sério pra mim. Ou tentando. Nitidamente Alice estava segurando o riso.

- Eu também to com uma mancha vermelha enorme no meio da cara. E você também é chata. - Ela ficou quieta e olhando pra mim. Fingi não me incomodar e continuei comendo o lanche. Depois de uns dois minutos ela arqueia uma sobrancelha e sorri.

- Quer dizer que você tá?

- Hein? - Perguntei rindo. - Tá falando de que?

- Te disse aquilo pra mostrar não to afim de você.

- É, eu ouvi. - Disse comendo o lanche ainda.

- E você disse que estava do mesmo jeito e tentando me convencer do contrário. - Arqueei uma sobrancelha e olhei pra ela.

- Tá querendo dizer o que? - Me fiz de desentendido.

- Que você tá afim de mim. - Alice deu um sorriso vitorioso e eu fiquei olhando pra ela me perguntando como a convenceria do contrário por pura vergonha.

She Will Be LovedOnde histórias criam vida. Descubra agora