Chinatown

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- Acorda, bela adormecida. - Ouvi uma voz sedutora falando ao pé do meu ouvido. Ok, essa fala não foi nada sexy, mas fiquei de pau duro só pela voz.

Abri os olhos, encontrando Alice sorrindo de jeito malicioso e me dando uma bela vista do seu decote.

- Bom dia. - Falei. - O que foi? Vai me prender na cama e vamos fazer sexo selvagem?

- Mais ou menos. Achei um lugar só pra gente. E faz quanto tempo que não ficamos sozinhos, Justin? - Sorri também. Ela saiu de cima de mim. - Mas antes vamos até Chinatown.

- Porra! - Praguejei baixo. - Tá falando sério?

- Lógico que to. Eu quero conhecer a cidade. Estamos em New York, Justin! Sexo depois.

- Opa! Ouvi a palavra "sexo"? - Peter falou entrando no quarto.

- Cala a boca, seu pervertido. - Mandei.

- Mas vocês não estavam falando nisso? - Ele perguntou.

- Peter, não se mete. - Alice falou. - Vai, Justin! Se arruma logo! - Sentei na cama e passei a mão pela cara bocejando. Fui até o banheiro tomar banho. Depois que eu me arrumei, Alice pegou o casaco e saímos.

Fomos de metro até Chinatown. Juro por Deus que nunca vi tanto chinês junto na minha vida! Tu olhava pra direita, tinha um chinês, tu olhava pra esquerda, mais quinhentos chineses...

- Me sinto na China. - Alice disse sorrindo.

- Pelo jeito que tá, se eu der um espirro aparece um chinês segurando um lenço pra mim.

- Deixa de ser idiota, Jay. Olha! Quero entrar naquela lojinha!

- Eu não vou comer por aqui. Já vou avisando. Odeio comida chinesa.

- Problema é teu. Para de ser rabugento. - Alice me arrastava pela mão pelas ruas de Chinatown. O meu único esforço era desviar das pessoas. Até que vi algo que me chamou atenção.

- Prometo que já volto, tá? - Falei quando ela parou na frente da tal loja.

- Onde você vai?

- Eu já volto. Não sai da loja. - Dei um selinho nela. Fui até um homem que estava em uma esquina vendendo flores. Comprei um buque. Voltei até onde a loja estava. Eu lembrei de uma história que vi minha madrasta contando pra minha irmã uma vez.

Fiquei na frente da loja esperando a Alice sair. Não demorou muito e lá veio ela com uma sacola nas mãos.

- Oi. - Ela disse rindo quando me viu. Sorri mais ainda. - Por que esse sorriso? Você tá aprontando alguma coisa.

- Eu quero te contar uma coisa. Uma coisa que lembra eu e você. Faz um tempo desde que eu ouvi isso. É uma lenda. Bom... Conta a história de uma das sete filhas da Deusa do Céu. As sete foram tomar banho em rio lá na China. Mas um pastor safadinho resolveu esconder a roupa das meninas. - Ela riu. - Uma delas encontrou o tarado e pediu pra ele devolver. Já que ele viu a moça nua, eles tinham que casar. Eles viveram felizes por muitos anos, mas a Deusa ficou com saudade e esse mimimi todo. E mandou a coitada de volta pro céu. Mas ela ficou com pena do casal e permitiu que eles se encontrassem uma vez por ano, na sétima noite do sétimo mês do calendário chinês, onde "fadas" - Considerem que eu esteja fazendo uma careta e ela rindo. - formavam uma ponte com suas asas pra eles se encontrarem. Eu quero te dizer que, apesar de você mudar pra longe, eu quero ser o pervertido que vai mover o mundo pra te encontrar uma vez por ano. Ou até mais que uma vez por ano. Ou talvez de três em três meses e... - Ela me interrompeu, me beijando. Eu sentia as lágrimas da Alice de encontro com o meu rosto. E ali ficamos nós dois, nos beijando no meio de um monte de gente.

She Will Be LovedOnde histórias criam vida. Descubra agora