No Leblon, vive Sarah Bellini. Loira, gata, classe A.. Parece ingênua. Mas, muito pelo contrário, Sarah B não é nem de longe uma garota afetuosa, ela sabe manipular para fazer tudo girar ao seu redor. Não é atoa que suas amigas a apelidaram como "Mé...
Prefiro me sufocar com minhas más decisões E então carregá-las para o meu túmulo
As rachaduras não vão se consertar E as cicatrizes não irão desaparecer
Acho que eu deveria me acostumar com isso.
— Always | Gavin James
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Sarah B.⇙
Conto até três, com a mão direita na maçaneta, pronta para girar e finalmente encarar a realidade, preciso começar a dominar meus sentimentos antes que eles me devorem de uma só vez. E decidi começar enfrentando meus demônios, como por exemplo, entrando no quarto que antes era da minha mãe, depois foi da minha irmã, e agora está vazio a dois anos. E quando tiver lá dentro, pegar a caixa com tudo que minha mãe deixou para nós duas antes de morrer.
Aperto o ferro com força entre os dedos, basta girar e empurrar, não é difícil. Mas por que não consigo? Sou muito mais forte que isso, sou uma Bellini, e de repente abrir uma porta se tornou uma missão complicada.
— Sarah? — Franzo o cenho, é a voz de Júlia. Me afasto da porta num pulo e viro o corpo na direção da sua voz tensa. Ao lado dela, está Mirian.
Fico calada alguns segundos, procurando a melhor fala daqui em diante. Aqueles rostos são exatamente o que eu não queria ver por muito tempo, eu não esqueci que ela decidiu contar a meu pai algo que era óbvio que ele não aprovaria, mesmo que Júlia ainda não soubesse das suas medidas extremas, não justifica sua atitude, pois fui bem clara quando disse "Ninguém pode saber".
— Oi, amigas. — Aceno, com um sorriso. Elas sorriem também. Malditas falsas. — O que querem?
— Decidimos dormir aqui hoje, sabe.. Faz tanto tempo desde a última vez que fizemos isso, juntas. — Júlia explica, cabisbaixa. Tomara que seja a culpa atormentando seu juízo. — Tudo bem pra você?
— Ah, claro que tudo bem. — Abano as mãos na sua direção, como um "Ah, relaxa". E ela sorri. Nada está bem.
— E então, to morrendo de fome. — Mirian reclama, com as mãos na cintura.
— Vieram no dia certo. Vera tá fazendo peixe pro jantar. — Passo pelas duas, indo em direção a escada. Quase começo a rir quando me dou conta da ironia do jantar de hoje — Curiosidade: Vocês sabiam que cobras comem peixe?
Ah, Vera.. Parece até sensitiva.
Forço um sorriso grande, não dou a mínima se agora pareço uma criança de 10 anos mandando indiretas para as falsianes na timeline do Facebook. Posso dizer milhares de vezes que não ligo para amizades mas acontece que sinto de alguma forma uma traição da parte de Júlia, de Mirian eu já esperava qualquer coisa. Elas se entre-olham confusas, então finalmente desço de uma vez, revirando os olhos.
