➴ 53.

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Isso nunca tem fim
nós já estivemos aqui antes
[...]

Por favor, fique onde você está
não tente me fazer mudar de ideia
estou sendo cruel
para ser gentil

— Love In The Dark | Adele

— Love In The Dark | Adele

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Luan M.

— Luan, porra. Acelera — Samira grita, nervosa.

Me esforço pra ignorar os gritos histéricos e me concentro pra não deixar todo mundo morrer. Olho pelo retrovisor quando dois carros de polícia entram na nossa via, bem atrás da gente.

Piso com força o pé no acelerador, driblando os carros na nossa frente. Entro na frente de todos, pouco me importando com qualquer porra de regra de trânsito.

— Pelo amor de Deus, diz que esse carro é blindado — Júlia choraminga, nervosa.

— Porra nenhuma — Vitor responde.

— Eles não vão atirar, não sabendo que eu to aqui dentro. — Sarah conclue.

— Eles vão atirar no pneu. Não posso deixar eles chegarem perto — falo — Vitor, passa a visão lá no morro pra descerem pra entrada, só pra dar cobertura pra gente conseguir subir.

Vitor faz o que mandei.

Já estávamos chegando no morro e ainda dava pra escutar as sirenes, a única coisa que impedia eles de atirarem na gente era porque outros carros tapavam a visão, dificultando.
E provavelmente porque Sarah tava aqui dentro, sim.

Quando finalmente chegamos na área da favela, eles pararam a perseguição, assim como eu imaginei.

Eu sei que com a Sarah aqui dentro, o pai dela vai surtar, vai botar uma pressão do caralho na polícia e eles vão invadir isso aqui rapidinho. Se já tava nos planos deles, agora é que vão invadir mesmo.

Mas eu imaginei que não seria agora, duas viatura ia sair daqui igual peneira, eles sabem disso também.

— Leva elas lá pra boca e a gente resolve como vai ficar a situação — Mando.

Assim que encosto o carro, os vapor fazem uma barreira na frente. Todo mundo desce, Vitor e Kaique levam as meninas pra cima na correria, não chego a olhar pra Sarah.

E eu sei que to sendo um filho da puta.

Desço do carro e entrego a chave pra perninha, ele assente com a cabeça então deixo eles cuidarem do resto, subo o morro também.

Assim que entro na salinha, todo mundo olha pra mim. Inconscientemente meus olhos fixam na única pessoa que eu queria ver agora, Sarah.

Rolo meus olhos pelo vestido dela, porra, essa mulher é um espetáculo, namoral.
Subo os olhos pro rosto dela novamente, com o nervosismo e o medo estampado na cara, tão diferente da autoconfiança que sempre tem.

Ela é linda e eu sou um desgraçado mesmo.

Desvio o olhar dela.

— Tem que resolver como vai ficar essa situação — Falo, me jogando no sofá do lado de Vitor.

— Meu pai provavelmente vai mandar um exército inteiro atrás de mim aqui dentro — Sarah diz, suspirando.

— Vamos fazer uma coisa de cada vez — Samira é quem fala dessa vez — Vamos dormir e amanhã pensamos em tudo isso. Onde Sarah vai ficar?

O silêncio cai sobre a salinha mas sei que é porque tão esperando eu oferecer minha casa.

Sem possibilidade.

Mas tá todo mundo olhando pra mim.
Menos ela, ela tá olhando pro chão.

— Vou arrumar um barraco vazio por aqui pra ela ficar — Falo — Na rua lá de cima tem umas casas boas que tão sem ninguém.

Evito contato visual com todos, apenas olho pro chão.

— Sozinha, Luan? Sério? — Samira me questiona em tom de reprovação — Olha a porra da situação que estamos e você acha mesmo que é hora de ficar agindo igual idiota? Eu deixaria ela lá em casa, mas sabemos bem como é o Zé.

— Porra, tá bom, ela fica lá em casa.

— Não precisa se dar ao trabalho se não quiser, Luan — Sarah fala dessa vez, sua voz chega a sair trêmula — Eu dou o meu jeito nem que eu tenha que dormir pelos becos, vou embora daqui o mais rápido possível.

— Não fode. Já falei que tu vai lá pra casa, tá de boa.

— Acho melhor deixar eles conversarem... — Júlia diz, mas Sarah interrompe ela.

— Não é necessário. Sei o caminho, então vou na frente. — Ela fala olhando pra mim, alertando.

Suspiro e pego a chave no bolso, estendendo pra ela.

Ela pega da minha mão como se eu fosse contagioso e sai.

— Você tá agindo como um imbecil — Samira joga as palavras na minha cara e sai também.

O resto permanece em silêncio.

Eu sei muito bem como to agindo. Acontece que ninguém aqui para pra compreender ao menos um pouco o meu lado.

Ela ia pra outro país, ou vai, eu nem sei. Ela nunca me aceitaria como eu sou e eu não vou sair dessa vida, não é fácil assim.

Na última noite na casa dela eu quase falei aquelas três palavrinhas, eu cheguei tão perto, e isso me assustou pra caralho.
Eu não posso sentir isso por ela e eu não posso deixar que ela sinta isso por mim.
Seria egoísta pra caralho da minha parte.

— Toma, eu fui no closet dela escondido e enchi uma bolsa de coisas pra ela — Júlia tira a mochila das costas e me entrega.

Vitor e Júlia saem. Então sobra Kaique.

— Boa sorte na sua noite. — É tudo que ele fala antes de sair e me deixar aqui na salinha sozinho.

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Do Outro Lado Do RJOnde histórias criam vida. Descubra agora