➴ 60.

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Esperando pelas sirenes
sinais
quaisquer sinais de que eu ainda esteja vivo
eu não quero perder
eu não estou conseguindo passar por isso
ei
eu deveria rezar?
eu deveria me refugiar
em mim mesmo
em um Deus
em um salvador que possa

Consertar o que foi quebrado
desdizer essas palavras
encontrar esperança na falta de esperança
me tirar desse desastre

— Train Wreck | James Arthur

— Train Wreck | James Arthur

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Sarah B.

(...) — Papai, hoje eu fiz uma cartinha pra você — coloco minha mochila no chão e vou correndo para seus braços. Minha mãe estava sentada no sofá penteando os longos cabelos da Samira — E minha letra tá muito mais bonita depois das aulas de caligrafia. O senhor quer ver?

— Deixa eu ver — ele sorri e pega o papel das minhas mãos. Seus olhos rolam e rolam do início ao fim do papel, atento a cada palavra da minha homanagem. No fim, meu pai abriu um sorriso enorme e me abraçou, me enchendo de beijos. (...)

— Foi um acidente trágico. Ao que tudo indica, Bernardo Bellini perdeu o controle do carro.

Minha mente oscila entre o presente e o passado, é como se um filme passasse dolorosamente pela minha cabeça.

— O estado dele é grave. Bernardo foi encaminhado para o hospital de emergência mais próximo e não temos mais notícias até o momento. Como a única parente dele, precisamos que nos acompanhe até o hospital.

— Ele vai sobreviver? — pergunto, em estado de êxtase.

Não tenho resposta. Nenhum deles me respondem e apenas se entreolham como se pensassem "Não, ele já está morto" "Não, não há sequer uma esperança". Apenas colocam as mãos nas minhas costas e me impulsionam para entrar no carro. Sem respostas, sem nada. Nada.

O caminho até o hospital foi rápido, eles estavam praticamente correndo. Assim que chegamos, caminhei em passos rápidos pelo hospital, sem sequer saber para onde estava indo.

Sinto uma inquietação tomar conta do meu corpo. Medo, pavor, tristeza, solidão, tudo. Eu posso sentir tudo de uma só vez, é sufocante.

Meus pés paralisaram quando parei frente ao seu quarto. As grandes janelas de vidro o revelaram do outro lado, deitado numa maca. Ele estava péssimo.

Tinha tantas coisas, ele parecia deformado. Estava ensanguentado, vermelho, inchado. Tinham diversos médicos naquela sala, correndo com equipamentos na mão de um lado para o outro.

Eu conseguia ver os batimentos cardíacos dele pelo monitor, ele ainda estava vivo, mas nada daquilo estava normal. Nada estava certo. De um segundo para o outro, num piscar de olhos, a linha ficou reta. De repente, não subia e nem descia mais. Estava completamente reta.

Do Outro Lado Do RJOnde histórias criam vida. Descubra agora