➴ 17.

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Eu não consigo escapar desse inferno
Tantas vezes eu tentei
Mas eu continuo preso por dentro

Alguém poderia me tirar
desse pesadelo?

Eu não consigo me controlar.

Animal I Have Become

— Animal I Have Become

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Sarah B.⇙

— Sarah! Abre os olhos — Sinto meu corpo sacudir, mas continuo gritando, gritando com toda minha força enquanto sinto cada espinho cravar na minha pele — Pelo amor de Deus!

Está doendo, dessa vez dói mais do que jamais doeu. Dessa vez não consigo mais fingir, sinto todo ar dos meus pulmões se esvair e não paro de gritar, não consigo parar.

Quero acordar, quero sair desse inferno, mas parece difícil, como se eu estivesse presa aqui, talvez para sempre. Como um castigo, um inferno particular, e dói. Dói demais.

— Sarah, acorda. — Escuto aquela voz familiar me chamando, a voz que sempre consegue me tirar daqui. — Você precisa acordar agora.

Abro os olhos de uma vez. Meu quarto entra e sai de foco, meus olhos são atingidos pela claridade que vem das janelas, sinto meu coração tão acelerado a ponto de pular para fora do meu peito. Olho em volta, todas aquelas pessoas me encarando, como se tivessem vendo um animal muito esquisito no zoológico.

Lucy está parada na porta junto a Valmir, o motorista. Mirian está em pé do outro lado da cama, e Vera bem atrás de mim, segurando meu corpo no seu colo. A vergonha me atinge, nesse momento, quero enfiar a cabeça no chão.

Me afasto de Vera lentamente, levantando da cama quase em câmera lenta, alterno meu olhar entre cada pessoa daquele quarto, até finalmente olhar para Vera, e me apavorar completamente com o que vejo.

Seus braços estão arranhados, seu cabelo bagunçado, sua roupa amassada, e provavelmente — com toda certeza — eu fiz isso. Eu devo ter resistido, meu pesadelo me controlou dessa vez. Estou desabando.

— Acabou o show. — Declaro, arrumando os cabelos assanhados e forçando um sorriso fechado.

Lucy e Valmir saem primeiro. Vera levanta logo depois, e sai sem falar nada.

— O que foi isso? — Mirian pergunta, abismada. — Porque, sinceramente, não me pareceu um pesadelo qualquer, foi assustador. Você sabe o que falou? Eu repito: "Por favor, mãe. Volta aqui, eu preciso de você"

Fecho os olhos com força, engolindo a vontade de chorar. Penso em dar as costas e simplesmente a ignorar, mas ela continua.

Do Outro Lado Do RJOnde histórias criam vida. Descubra agora