É minha culpa,
eu sei que sou egoísta
Fico sozinho,
minha alma está com ciúmes
Quero amor, mas eu rejeito
troco minha alegria
pela minha proteçãoPegue minha mão, estou me afogando
Eu sinto meu coração batendo
por que ninguém me encontrou ainda?— Trauma | NF
Sarah B.⇙
— O que tá acontecendo? — Luan passa pela porta, confuso.
Ainda to petrificada no mesmo lugar, e Samira, também. Depois de tanto tempo me perguntando se ela estava mesmo viva, se seu filho tinha nascido, e tanto tempo carregando a culpa, agora a vejo bem aqui. E não consigo dizer nada.
Qualquer palavra parece envenenada demais para ser dita em voz alta, e o abraço que eu queria lhe dar agora não é nem de longe a coisa certa.
— O que você tá fazendo aqui? — Cospe as palavras, me olhando de cima a baixo.
Balanço a cabeça negativamente, mas não sei o que estou negando. Acho que não to preparada para isso, não ainda, não agora.
Quero fugir. Quero dar as costas e correr até estar longe o bastante de tudo isso como uma covarde, porque eu não to preparada pra mexer em uma ferida dessas.
— Sarah? — Luan chega do meu lado, e me vira na direção dele. Seus olhos se arregalam quando veem as lágrimas no meu rosto.
— Samira. — Repito seu nome, e o gosto que se instala na minha boca é amargo, beirando a culpa. — Samira. — Viro para ela.
— Mas que merda é essa? — A garota de cabelos tingidos de vermelhos, nossa cor preferida, sussurra. Agora coberta de tatuagens, ela tá diferente, seus olhos mudaram, parecem cheios de raiva.
— Samira. Eu não.. Meu Deus. Eu vim com o Luan.
— Pra minha casa. — Grita, avançando na minha direção. Ela vem com tanta raiva que dou passos para trás, assustada. Mas ela não faz nada, apenas para mais perto de mim — De onde arrumou tanta coragem?
— A culpa não foi minha.
— Sim! — Grita mais alto. Mais lágrimas rolam do meu rosto — A culpa foi totalmente sua. Você fez o que sempre faz, estragou tudo de bom que tínhamos.
Só pode ser um pesadelo. Parece real, parece que estou mesmo aqui mas me recuso a acreditar que isso está acontecendo. Fico sem ar, olho em volta e meu coração aperta ainda mais ao ver esses rostos me encarando, esperando por alguma coisa, que eu chore, ou saia andando, ou grite, qualquer coisa.
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Do Outro Lado Do RJ
Narrativa generaleNo Leblon, vive Sarah Bellini. Loira, gata, classe A.. Parece ingênua. Mas, muito pelo contrário, Sarah B não é nem de longe uma garota afetuosa, ela sabe manipular para fazer tudo girar ao seu redor. Não é atoa que suas amigas a apelidaram como "Mé...