Capítulo 17

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Mais um capítulo novinho! De novo, um pouco menor pois ainda estou tendo provas, mas o próximo capítulo vai ter o tamanho de costume! Aproveitem, espero que gostem!
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O trajeto de ônibus até Sutter Creek demora quase 15 horas, pois não há uma viagem direta, é necessário trocar de ônibus. Trouxe Nana comigo, pois não teria ninguém para cuidar dela. Mas ela não me causa nenhum tipo de problema na viagem. Liguei para minha mãe antes de viajar, para não a pegar de surpresa e a resposta dela para minha visita repentina não poderia ter sido melhor. Ela quase gritou e chorou de felicidade.

Ela me recebe na rodoviária e seu abraço já cura metade das minhas feridas. Ver a cidade onde nasci e cresci, todos os meus antigos vizinhos, meus amigos, todos os estabelecimentos que fizeram parte da minha infância, até o cheiro de uva – Sutter era conhecida por suas vastas plantações de uvas e grande número de vinícolas – fazem com que eu me sinta verdadeiramente em casa. Seria bom aquele mês.

Passo alguns dias matando a saudade da minha casa, do meu quarto, saio com meus amigos. Tento me distrair o máximo que consigo. Tento ocupar minha cabeça o máximo que consigo. Meus amigos sabiam que algo não estava certo, então contei que havia terminado um relacionamento. O que não deixava de ser verdade, mas eu não precisava contar com quem. Eles fizeram questão de me levar cada dia em um lugar diferente: um dia fizemos um tour pelas vinícolas, no outro saímos para jantar e dançar, e no outro fomos ao cinema.

Porém, nesse dia, a dor no peito que havia me abandonado a alguns dias voltou com toda força. Em uma das paredes da bilheteria, estava o cartaz do filme de Pedro com Verônica. Eles estavam sorridentes na foto e um nó surgiu na minha garganta. Felizmente, meus amigos optaram por outro filme, mas não lembro de uma cena ou fala sequer, meus pensamentos estavam em outro lugar. Naquele dia, decidi me permitir chorar, me permiti sentir o luto por um relacionamento acabado.

No outro dia, decidi ocupar minha cabeça de outra forma: fui ajudar minha mãe em sua cafeteria.

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Eu ainda não havia encontrado Samantha. Sam, era a minha amiga mais próxima na infância e adolescência. E apesar de termos quase a mesma idade, ela sempre foi mais madura que eu, então sempre a vi como uma irmã mais velha. Porém, ela seguiu o caminho da grande parte das mulheres de cidade pequena: iniciou sua família logo cedo e hoje tem quatro filhos. Seu dia a dia atarefado (além dos filhos, ela ajuda no vinhedo de sua família), o que faz com que seja impossível que ela tenha redes sociais, então, quando me mudei para Los Angeles, acabamos perdendo contato.

Me encontrei com Sam na pracinha da cidade. Preferi um lugar aberto, porque como todo mundo conhece todo mundo, conversar em qualquer estabelecimento é sinônimo de nenhuma privacidade.

- Quanto tempo, Olívia! Você está tão linda! – disse Samantha me puxando para um abraço apertado.

- Estava morrendo de saudade, Sam! E você também está tão linda! Não mudou nada.

Ela sorriu.

- Mas vamos direto ao ponto, porque infelizmente meu tempo livre é curto – disse enquanto me puxava para sentar em um dos banquinhos da praça – O que houve com você? Eu já sei que você terminou um relacionamento, mas tem algo a mais não tem? Você não sairia de Los Angeles para voltar para cá se fosse apenas isso.

Ponderei se devia contar toda a história para ela. Mas era Samantha. A única pessoa no mundo que me daria um "puxão de orelha" se julgasse que eu estava errada, mas que me ajudaria e me aconselharia de qualquer maneira. Minha melhor amiga e confidente. Além disso, eu precisava desabafar com alguém.

- Vou tentar resumir a história, ela é um pouco longa – disse, enquanto pensava por onde começar.

E contei. Tudo. Desde meus encontros casuais com Ricky até o dia que conheci Adam, o pior dia da minha vida. Contei de Pedro me defendendo, meu namoro conturbado com Ricky, contei de tudo que Pedro fez por mim, contei sobre Verônica e sobre meu namoro com Pedro. E sobre o quanto ele me fez feliz e o quanto o amo. E por fim, contei o motivo do término.

- Eu já ouvi falar desse Pedro Pascal, mas não conheço muito. Não tenho tempo para acompanhar essas coisas – ela riu, mas eu sabia que isso não a deixava 100% feliz.

- E aí? O que você achou? Acho que estou pronta para um dos seus conselhos infalíveis.

- Oli, você não devia ter acatado essa chantagem sem cabimento da Verônica. Você não devia ter abaixado a cabeça para ela, se rebaixado. Infelizmente pessoas como você, boas de coração, acabam sendo constantemente chantageadas por pessoas calculistas como ela.

- Mas Sam, eu não podia colocar a carreira dele em risco.

- Eu te entendo. Mas e se foi um blefe? E se a carreira dele nunca esteve em risco, como ela te ameaçou? Será que ela tem todo esse poder? – ela tinha um ponto.

- Ela é muito conhecida no show business, Sam.

- Olívia, uma pessoa sozinha não consegue acabar com a carreira de ninguém. Ela precisa de outras pessoas que aleguem o mesmo, testemunhas, provas. Ela tem algo disso?

- Não. O Pedro nunca fez nada de errado.

- Então!

- Confesso que não tinha pensado nisso no calor do momento – admito – Mas e agora, o que eu faço?

- Fala com ele. Eu tenho certeza de que vocês dois, juntos, vão conseguir contornar essa situação.

Eu não a respondi, estava absorta em meus pensamentos.

- Bom, já deu meu horário – ela disse enquanto se levantava – E acho que você precisa de um tempo sozinha para pensar, porque daqui eu consigo escutar suas engrenagens trabalhando.

- Eu não sei nem como te agradecer – finalmente saí do meu turbilhão de pensamentos.

- Você não precisa me agradecer. Você é minha irmãzinha! E não ouse ir embora da cidade sem me dar tchau, hein?

- Nunca! – eu disse a puxando para um abraço.

Sam, foi embora e eu perdi a noção de quanto tempo fiquei na praça. Olhando para o céu, ponderava todas as minhas opções e possíveis consequências. Eu sabia que Sam estava certa, mas e se?

Ainda tenho três semanas. Vou conseguir achar uma saída.

Free Falling - Pedro PascalOnde histórias criam vida. Descubra agora