Capítulo 23

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Mais um capítulo novinho! Me dói, mas tenho que avisar que entramos na reta final dessa história! Já posso adiantar que essa não foi minha última e outras virão (uma inclusive já iniciada. spoiler: Javier Peña). Espero que vocês estejam gostando! Aproveitem!

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Mesmo com as noites frias, uma das coisas que mais fizemos nesse tempo na fazenda, foi nos sentar no sofá da varanda da casa para observar a noite. Nos agasalhávamos o máximo possível, ligávamos os aquecedores portáteis e nos enrolávamos em cobertores e mantas. Era óbvio que o lado de dentro era mais quente, ainda mais com a lareira ligada, mas a paz que olhar o céu trazia recompensava tudo.

Era nesses momentos que conversávamos sobre os mais variados assuntos. Às vezes eram conversas profundas. Às vezes eram conversas mais bem-humoradas. Eu sentia que aprendi mais sobre Pedro nesses dias, do que ao longo dos meses anteriores. Ele se abria e contava coisas sobre sua vida, sua profissão, sua família, seus amigos. Eu amava ouvi-lo. Seus olhos brilhavam.

Em uma dessas noites, eu estava sentada colada nele e dividíamos o mesmo cobertor. Um de seus braços se encaixou na curva do meu pescoço, a outra mão segurava as minhas mãos em uma tentativa de esquentá-las. Enquanto eu apoiava a cabeça em seu ombro, ele me contava sobre as dificuldades que sua família passou quando ele era apenas um bebê:

- Nós tivemos que literalmente fugir do Chile. Éramos refugiados. Eu, meus pais e a Javiera – a irmã mais velha dele – e conseguimos asilo político na Dinamarca. Moramos lá por um tempo, e depois nos mudamos para a Califórnia, onde cresci e aqui estou até hoje.

- E os seus outros irmãos?

- Eu e Nicolas temos praticamente 12 anos de diferença e Lux, 18. Eles não testemunharam grande parte das dificuldades. E minha infância e adolescência foi basicamente eu e Javiera apenas. Somos muito próximos.

A essa altura, ele fazia carinho na minha cabeça. Suspirei com a paz que aquele momento trazia.

- E sua carreira? Como começou? – eu pergunto, já que sempre tive curiosidade.

- Ah, essa parte é complicada – ele suspira – e um pouco longa.

- Me conta só se você quiser, meu amor – beijo sua mandíbula e concluo – E não tem isso de longo. Eu amo ouvir você contar tudo sobre sua vida! E eu tenho todo o tempo do mundo.

Ele me olha e beija o espaço entre minhas sobrancelhas.

- Eu sei que todo início de carreira é complicado, devagar, mas o meu acho que foi um pouco mais. No começo, eu não usava o sobrenome "Pascal". Eu usava "Balmaceda". Foi quando minha mãe morreu que eu mudei de nome artístico em homenagem á ela. E acho que me trouxe sorte. Até então eu só tinha conseguido papeis minúsculos em produções independentes e alguns papeis em peças pequenas no teatro. Mas o "Pascal" me trouxe papeis, ainda que pequenos também, mas em séries. Mas ainda assim, eu lutava para algo mais de destaque e aceitava tudo que me apresentavam. Aí veio Game of Thrones. E o resto você já sabe – ele conclui com uma risada que soou como uma melodia nos meus ouvidos.

Tiro minhas mãos das suas para abraçá-lo. Eu já o admirava. Agora, depois de saber de todos os seus sacríficios, eu o admiro ainda mais. Ele lutou tanto pela carreira, pelo sonho dele, e agora estava finalmente recebendo o reconhecimento que é seu por direito.

Free Falling - Pedro PascalOnde histórias criam vida. Descubra agora