A tragédia

18. the lament of orpheus

Ninguém nunca lhe diz como é difícil ver alguém que você ama passar por um desgosto. É um tipo de dor ver seus pais morrerem na sua frente e outro ver o amor da sua vida perder os dela. Quando Jennie perdeu seus pais, ela se lembra de ter se fechado. Ela se lembra de muitos dias e noites na cama, sem fazer nada além de olhar para o teto. Kim mal comia ou dormia. A morena era um mero cadáver, sem sentir absolutamente nada. Somente com o apoio constante de Jisoo e Jiwoo ela conseguiu melhorar. Mesmo assim, alguns dias ainda são difíceis de passar.

Mas agora, Jennie sente tudo. Ela sente suas próprias emoções reprimidas borbulharem do vazio e ela sente a dor que Lalisa se esforça tanto para esconder. Kim sabe que é sua vez de cuidar de Manoban. Ontem à noite, no dia em que descobriram que Haeun estava morrendo, foi definitivamente o pior. As duas ficaram ao lado de sua cama pelo resto do horário de visitas enquanto ela dormia. A senhora Manoban não acordou nenhuma vez enquanto elas estavam lá e Jennie e percebeu que isso custou caro a mulher de cabelos cinza

Naquela noite, quando voltaram ao quarto do hotel, Lisa saiu imediatamente sem dizer nada e voltou minutos depois com uma garrafa de licor. Jennie não questiona de onde ela o tirou, em vez disso observa a mulher em silêncio de onde ela está sentada na beira da cama. Kim observa Lalisa afundar-se na pequena poltrona do canto com as botas e a jaqueta de inverno ainda em si. O rosto de Manoban está branco apenas com uma pitada de tristeza em suas feições desleixadas. Olhos cor de âmbar se recusam a encontrar os avelãs.

Jennie não sabe o que fazer ou como ajudar. O silêncio na sala ressoa nos ouvidos da mulher. Os olhos de Lalisa estão sem vida e seu corpo se molda à cadeira em que ela está. Cada grama da alma de Manoban foi drenada e substituída por tristeza e desespero. O fogo dentro dela está extinto. Ela está toda em azul, frio, sem o vermelho que emana de cada parte do seu ser. Isso parte o coração de Kim, mas ela permite que Lisa faça o que ela precisa para lidar com isso.

Eventualmente, ela fica cansada. Exausta pelo dia e por ver Manoban se deteriorar diante de seus olhos. Passaram-se apenas 10 minutos desde que a mulher abriu a garrafa. Lalisa não conseguiu chegar à metade da garrafa antes que Jennie a arrancasse de suas mãos depois de alguma discussão. Ela se afasta com a garrafa aberta em mãos, recebendo olhares de ódio e xingamentos da namorada. Ela ignora. Kim lembra a si mesma que atacar é normal. Especialmente porque ela está bêbada. Esta não é a Lisa que ela conhece.

Depois de despejar o resto da garrafa na pia, ela volta para o quarto e vê a mulher tentando acender outro cigarro. Jennie rapidamente vai até a mulher de cabelos cinza e puxa o cigarro apagado. Se Manoban não estava com raiva antes, ela certamente está agora. A morena abre um sorriso suave, na esperança de que isso acalme Lalisa. Funciona, mas apenas ligeiramente. Olhos âmbar cheios de raiva, mas seus lábios permanecem fechados. Kim coloca o cigarro de volta no maço e depois o coloca na cômoda ao lado delas.

Kim ajuda Lalisa a tomar banho, onde ela se senta no chão, embalando sua namorada bêbada e soluçante. Ela nota o quão frio é o ladrilho abaixo dela, mas o quão quente Manoban é contra sua pele nua. O coração de Jennie continua batendo rápido cada vez que o corpo de Lisa treme levemente. Ela nunca sentiu seu próprio peito pesar. Às vezes é difícil respirar, mas ela não se importa, ela se afogará por Manoban.

Quando Jennie finalmente secou Lisa e colocou-a na cama, ela adormeceu instantaneamente. A morena ficou acordada a maior parte da noite. Suas mãos enfiadas embaixo do rosto enquanto seus olhos ficam grudados em sua amada. Lisa parecia tão em paz enquanto dormia. Toda a tristeza, raiva e cansaço deixam de existir. Finalmente, Kim pode se sentir em paz. Pelo menos enquanto Lalisa está dormindo, ela não sente nenhuma dor. Nunca Jennie pensou que iria se descobrir amando alguém tão profundamente. É esmagador, mas ela não trocaria por nada no mundo.