A tragédia

21. solstice

Jennie não leva Yeeun para sua casa. Em vez disso, o uber fez um desvio para a casa da loira antes de voltar para a casa da Kim. Felizmente, ela não questionou nada e saiu de boa vontade. Jennie ficou em silêncio durante toda a viagem de carro. Ela se sente estúpida por não falar uma única palavra ao celular. Seu telefone está em suas mãos cerradas que descansam em seu colo. Seu coração está batendo forte contra o peito com tanto poder que ela está convencida de que seu peito será aberto. Ela não sabe o que esperar quando chega em casa e isso a deixa nervosa.

A última esquina até a casa de Jennie é virada, Manoban disse a ela que ela está fora de seu apartamento e esperaria que ela voltasse. Seu peito estava tão apertado que poderia desmoronar com qualquer movimento repentino. A morena não vê Lalisa há cerca de um mês. Ela se pergunta se seus olhos âmbar ainda farão seus joelhos fraquejarem ou se aquele sorriso ainda está em seu rosto. Se esta é a mesma mulher que ela conhece ou se é uma versão completamente diferente dela. Apesar de tudo, Jennie sabe que vai adorar todas as versões.

Enquanto o carro segue pela rua, Kim vê o Urus estacionado. A tinta preta se mistura com a escuridão da noite. Manoban não está no carro quando elas passam por ele. Jennie pode ver seu apartamento enquanto o carro se aproxima. Seus ouvidos começam a zumbir, sua perna tremendo de antecipação. Então, o carro para. A morena olha pela janela e vê Lalisa encostada na parede de tijolos ao lado da porta da frente.

Ela é iluminada pela luz do lado de fora, ela parece celestial como sempre. Seu cabelo bagunçado jogado para o lado. Seu braço cruzado em volta do peito. A mão tatuada em seu rosto enquanto ela dá uma tragada em um cigarro. Ela está vestindo um suéter enorme com calça de moletom. Seu rosto parece cansado, seu corpo frágil. Jennie presume o pior, mas certamente Rosé teria contado a ela se Haeun morresse.

As mulheres abrem a porta ao mesmo tempo, sua amiga sussurra um rápido encorajamento de boa sorte antes de sair. Quando as duas estão fora do carro, a mulher de cabelo lavanda entrelaça os dedos com Jisoo e entra no apartamento sem dizer uma palavra a Manoban. Não é como se Lalisa estivesse prestando atenção nelas de qualquer maneira, seus olhos grudados em Jennie, e a morena não ousa olhar nos olhos de Manoban ainda. Ela se vira e agradece ao motorista, antes de fechar a porta.

Uma última respiração profunda e ela se vira. Olhos âmbar encontram os avelãs e Jennie sabe que está ferrada. Seu coração para de bater rápido e começa a se igualar aos ritmos normais. Manoban ainda a mantém enfeitiçada. Uma onda de confiança invade a morena. Talvez seja pelo álcool que ainda está em seu sistema ou pela maneira como a mulher de cabelos cinza a faz se sentir. Os pés de Kim começam a andar em direção a mulher. A cada passo que ela dá, o tempo desacelera. Elas se observam e o caminho todo, seus olhos não se desviam.

Um passo, ela observa Lalisa exalar uma nuvem de fumaça.

Outro, ela observa Lisa se desencostar da parede.

No próximo, ela vê um sorriso crescendo em seus lábios. Então Jennie está nos braços de Lalisa.

A morena está com os braços em volta do pescoço de Manoban, e os braços da mulher em volta da cintura e elas se abraçam com força. O abraço de Lisa parece o mesmo. Ela cheira exatamente como Jennie lembrava, com um toque de tabaco. Parece que nada mudou. Como se nenhum tempo tivesse se passado entre elas, como se Manoban estivesse aqui o tempo todo e o fogo nunca tivesse apagado. Lisa ainda dá uma sensação de conforto que Kim não sentiu em nenhum outro lugar. Cada pensamento negativo desaparece ao seu redor.

Elas ficam assim por um tempo. Não é como se nenhuma delas se importasse. Nada no mundo pode superar o sentimento que elas transmitem uma à outra. Manoban é como uma lufada de ar fresco. Todos os clichês não chegam perto de explicar o sentimento libertador que Lisa dá à morena. Jennie não percebeu o quanto sentia falta disso. Quase faz sentir todo aquele desgosto valer a pena.