A tragédia

19. eyeless

As aulas foram uma tortura hoje. Tudo era muito mais intragável sem Manoban. O céu acima em um cinza deprimente, o ar gélido e o sol em lugar nenhum. Tudo é tão ameno. Andar sozinha pelo campus parecia estranho. A cada volta, havia aquela pequena esperança de que Lalisa estivesse do outro lado, com seu sorriso estúpido e olhos amorosos. Jennie lutou contra a vontade de chorar em frente às poucas coisas que elas compartilhavam, especialmente no seminário que uma vez compartilharam juntas. As conversas ao seu redor eram um ruído branco para seus ouvidos. Ela passou toda a aula olhando fixamente para o seu notebook. Assim que o professor terminou seu discurso, Jennie imediatamente arrumou suas coisas e saiu. Sabendo que se ela ficasse, ela definitivamente começaria a chorar. Tragédia, tecnologia e tortura nunca forão tão literais.

Jennie é afastada de seus pensamentos quando Jisoo chama seu nome. Seus olhos castanhos são suaves e têm pena neles. E Jennie odeia esse sentimento. Ela vê Jisoo voltar sua atenção para a TV na frente delas. As luzes piscantes da imagem digital iluminam seu rosto. Kim sente uma sensação de conforto ao olhar para sua melhor amiga. Ela sempre a apoiou em seus piores momentos.

— Você contou para a Jiwoo?— Jisoo repete sua pergunta.

A morena imediatamente desvia o olhar de Jisoo enquanto seu peito dói com a lembrança. Seus olhos se concentram na tela à frente, enquanto lutam contra o desejo de deixar as lágrimas caírem de seus olhos lacrimejantes. — Não.— Jennie responde, sua voz falha um pouco. É a única resposta que ela conseguiu reunir.

Jisoo acena com a cabeça em resposta. Jennie realmente não contou a ninguém, pelo menos não em voz alta. Ela conseguiu enviar uma mensagem para sua amiga sobre isso, enquanto estava no aeroporto, esperando o avião de volta para Paris. Seu coração doeu muito naquele dia. Parece o mesmo hoje.

Naquela noite, Jennie ficou acordada ao celular. A sala girando ligeiramente e sua mente nublada. O vinho consumido turva seu julgamento. Ela encara o contato de Manoban. Seu dedo pairando sobre o botão de chamada. Passaram-se apenas dois dias inteiros desde que ela ouviu a voz de Manoban quebrar seu coração. Ela sente tanta falta de Lalisa que seus ossos doem pela mulher de cabelos cinza. A mulher se pergunta se Manoban atenderia o telefone ou se ela recusaria instantaneamente. Se ela ainda está acordada. Talvez Lalisa tenha bloqueado a pobre mulher. O pensamento deixou Jennie nauseada. O vinho querendo escapar tão desesperadamente.

Ela o encara por mais um tempo. O álcool lhe dá coragem para finalmente apertar o botão. Ela segura o celular para ouvir. A chamada começa a tocar. A mão livre de Jennie brinca ansiosamente com o lábio. Ela não sabe o que vai dizer.

O primeiro toque faz seu coração disparar.

O segundo a faz se perguntar se Lisa alguma vez a amou.

Duas semanas se passaram e a dor não foi embora. Tudo ao seu redor é tão mundano. É difícil lidar com tamanha perda. As indesejáveis ​​memórias felizes permanecem na mente de Jennie e não importa o que ela faça, ela não pode esquecê-las. Apenas Jiwoo e Jisoo estão a mantendo sã. Mesmo assim, ela pode sentir que está ficando cada vez mais desequilibrada.

Para se distrair, ela se ocupa com a faculdade ou com a galeria. A universidade é uma distração ruim, já que ela divide duas aulas com Manoban, mas ajuda. Os dias que ela passa na biblioteca com sua tia e amiga são seus favoritos. Elas a fazem rir e a fazem esquecer a sensação de vazio em seu peito.

Hoje é especialmente difícil. O projeto do semestre de uma aula que Jennie e Lalisa fazem juntas está chegando. Kim não falou com Manoban sobre isso e se perguntou se ela ainda faria a sua parte. Ela fez. Ela mandou um e-mail para Jennie hoje. Não havia linha de assunto. Tudo começou com a mulher de cabelos cinza explicando que elas não precisavam fazer a apresentação final e um arquivo anexado.