A tragédia

15. still life with flowers

Segunda-feira de manhã, Jennie e Lalisa se encontram novamente no Urus. O aperto no peito da morena aumenta a cada minuto que passa. O sol brilhando através da janela escura é forte para os olhos da Kim. O interior do carro está silencioso, apenas os sons de fora podem ser ouvidos. Pneus em asfalto úmido, motores de carros ronronando e buzinas desagradáveis ​​perturbam a paz. As mãos de Jennie estão brincando com a bainha de sua jaqueta. Lisa está falando com ela, mas ela ouve nada além de um ruído abafado. Ela não consegue se concentrar em nada além dos muitos pensamentos que passam por sua cabeça.

Ela vai abraçar a mãe de Lalisa na chegada ou elas vão apenas apertar as mãos formalmente? Ela se pergunta se será bombardeada por perguntas sobre sua vida ou, pior ainda, sobre Manoban. E se a mãe dela perguntar sobre seus pais? O coração de Jennie acelera, sua pele fica fria e uma camada de suor começa a cobrir sua pele. E se ela perguntar qual é a cor favorita de Lisa? Coisas triviais que ela não conhece? Sua respiração começa a acelerar.

Manoban deve ter percebido a mudança no comportamento de Jennie porque sua mão deixa o volante e acaricia ternamente o joelho da morena. Kim desliza a mão na da mulher de cabelos cinza e a segura com força, esperando que Lalisa não perguntasse por que suas mãos estão úmidas. Isso apenas a conforta ligeiramente.

— Qual sua cor favorita?— Jennie deixa escapar aleatoriamente.

Uma risada escapa dos lábios de Lalisa. Sua voz é leve. — O quê? Por quê?

— Apenas responda à pergunta.

— Amarelo.— A morena acena com a cabeça e tenta acalmar sua respiração, suspirando fundo. — Por que você está me perguntando isso?— Manoban pergunta.

Kim segura a mão de Lisa com mais força. — Apenas me preparando para quando sua mãe fazer alguma pergunta.

Uma risada escapa dos lábios de Lisa. Sua cabeça balançando levemente com o nervosismo de Jennie. — Ela não vai te perguntar isso.

— Você não pode ter certeza.— Há uma pausa enquanto Jennie decide qual pergunta fazer a seguir. — Qual é o seu animal favorito?

— Jennie, minha mãe não vai te perguntar isso.— A morena vira a cabeça para Lalisa fazendo beicinho. Manoban está muito focada na estrada para sequer perceber. O silêncio a leva a responder de qualquer maneira. — Gatos.— Kim ri com a seriedade do tom de Lalisa. Ela aprecia o esforço da mulher em tentar acalmá-la, mas não ajuda muito.

Logo, o Urus estaciona em uma vaga vazia na beira da estrada, em frente a um prédio alto de cimento branco que corre paralelo a um rio. Havia fileiras de janelas com entalhes exclusivos ao redor, dando uma sensação geral rústica. O carro desliga e as duas saem do calor para o ar fresco da cidade. Está movimentado na estrada ao lado delas enquanto os carros passam voando pelos carros estacionados. Jennie está parada na calçada, olhando para o complexo de apartamentos com admiração, esperando que Manoban dê a volta no carro e se junte a ela.

Segundos depois, sua mão vazia se enche de outra e uma presença reconfortante a cerca. Elas viram suas cabeças uma para a outra, seus olhares se encontram e um sorriso aparece em cada um de seus lábios. Jennie se sente segura neste momento. Todos os medos de encontrar a mãe de Manoban desaparecem. Ela está convencida de que, enquanto Lisa estiver ao lado dela, ela será capaz de fazer qualquer coisa. Uma última respiração profunda de Jennie e Lalisa a leva para o enorme edifício branco.

O interior não era tão bonito quanto o exterior. As escadas que conduziam aos apartamentos individuais eram de cimento cinza rachado com grades de metal enferrujadas. O cheiro é indescritível, uma mistura de almíscar e mofo, com algo desconhecido. Elas sobem três lances de escada, suas botas pesadas ecoando pela escada vazia a cada passo. Cada passo deixa Jennie cada vez mais ansiosa. Sua mão fica úmida e seu peito se contrai. Eventualmente, elas alcançam uma porta de metal verde pesada com o número 3 pintado nela.