É um dia ameno de inverno em Milão. A neve finalmente parou e permitiu que o mundo ao redor delas experimentasse a luz solar nutridora. Jennie está brincando ansiosamente com o zíper da jaqueta entre os dedos, com Manoban dirigindo ao lado dela. Elas não falaram muito hoje. Desde o despertar silencioso ao se preparar. Kim segue cada movimento de Lalisa, sem saber um único plano. Ambas ainda pensando nos acontecimentos da noite anterior.
— Você se move como se estivesse acima de nós. Com tanto poder e simplicidade. Acho que nunca quis nada mais do que você. Estou me apaixonando por você.
As palavras escaparam dos lábios de Manoban tão facilmente. Algo que teria levado Jennie a repetidas repetições em sua cabeça. Ela não respondeu. Ela não sabia o que dizer, sua voz perdida no túnel escuro de sua garganta. Elas se encararam até que seus olhos não pudessem mais ficar abertos.
Não é necessariamente estranho no carro, mas o ar está estagnado. A morena percebe que Lalisa está tão nervosa quanto ela pela maneira como seu dedo bate repetidamente no volante. Manoban está esperando que ela diga alguma coisa, qualquer coisa. A visão de Kim é tão focada no interior vermelho do Urus para abraçar totalmente a beleza de Milão, mas ela não sente que está perdendo nada.
Jennie nunca se considerou covarde, mas agora se sente muito fraca para responder. Amor. Isso raramente era dado a ela. Algo que ela sempre deu tão livremente. Kim sempre amou tão abertamente, mas com Lalisa é diferente. Ela tenta se convencer de que não ama Manoban, mas sempre fica aquém devido à dor em seu peito. A sensação é tão obscura que a morena fica nauseada toda vez que pensa a respeito. Ela sente isso a provocando. Ela quer estender a mão e abraçar o amor totalmente, mas teme que ele se afaste de suas mãos. Como sempre fez.
Eventualmente, Lalisa estaciona o carro no meio de um estacionamento vazio rodeado por árvores centenárias cobertas pela neve. Sem nenhuma palavra falada, Manoban sai do carro, seus pés esmagando a neve enquanto ela sai. Jennie a segue, parada junto à porta fechada enquanto a mulher de cabelos cinzas dá a volta no carro. Seu rosto está em branco quando ela passa pela morena, parando a uma pequena distância e estendendo a mão para trás.
Jennie captura seus dedos entre os dela e elas caminham em uníssono no caminho de terra parcialmente coberto de neve. Os únicos sons presentes são a respiração e os pés batendo no chão. Sua respiração soprando nuvens nebulosas enquanto elas caminham. Kim sente que cada passo se torna cada vez mais insuportável com o silêncio entre elas. Ela sente a necessidade de fazer algo para mudar isso.
Então, ela para. Sua mão se separa da desavisada Manoban. A mulher se vira com uma expressão confusa no rosto. Uma mão no bolso da jaqueta e outra deixada sozinha, pendurada ao lado dela. A longa jaqueta preta de feltro a envolve, seu cabelo exuberante solto e descuidadamente ao redor dos ombros. Jennie absorve toda a sua beleza.
— Você já ficou tão triste a ponto de sentir seu coração desabar?— Jennie pergunta. A coragem de falar vindo do nada.
A confusão de Lalisa aumenta, mas ela ainda pondera a questão. — Sim.
— Eu me sentia assim o tempo todo. Eu não tinha controle de mim mesma, me sentia como um cadáver ambulante.— A voz de Jennie ficando cada vez mais quebrada. — Eu não suportava viver, então tentei pintar meu próprio retrato na esperança de me trazer de volta à realidade. Quando terminei, não consegui suportar me olhar nos olhos. Então, eu o manchei.
Kim faz uma pausa para ganhar compostura. Seus olhos se fecharam, não sendo capaz de suportar o olhar de Manoban. Ela respira fundo para impedir que as lágrimas surjam e para controlar a ansiedade. Ela ouve passos perto dela, mas levanta as mãos para detê-los.
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A tragédia
FanfictionMais um semestre. Apenas mais um até que Jennie se graduasse como bacharel em história da arte. Tem sido difícil nos últimos três anos para ela, mas sua determinação em satisfazer os desejos de seus pais a estão impedindo de desistir. Em seu testame...