5. soleil levant

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Na manhã seguinte, Jennie acorda com o som de pessoas discutindo em algum lugar, seus olhos estão pesados, sua cabeça lenta e seu corpo dolorido. Quando seus olhos castanhos se ajustam à luz do sol que espreita para dentro do quarto, ela percebe que não está em um ambiente familiar, sente uma sensação de pânico surgir nela. Ela sente alguém se mexer ao seu, Kim está com muito medo de se mover.

Tudo é hipersensível em Jennie, sua audição melhorou, sua visão passou da perfeição e seu senso de movimento é mais forte. Ela sente cada movimento que o corpo ao seu lado faz. Kim ouve a discussão se aproximando da porta fechada. Ela vê as partículas enquanto flutuam no ar onde a luz atinge. A morena está convencida de que ainda está bêbada.

Jennie tenta se lembrar dos eventos de ontem à noite com sua mente nebulosa. Uma apresentação de slides de pedaços e peças se forma em sua cabeça, mas nada coerente. Ela não se lembra dos acontecimentos que a levaram a ficar sozinha com Lalisa, mas ela se lembra do momento em que fixou os olhos em Manoban. Aqueles olhos cor de âmbar aparentemente a deixaram sóbria, a excitação correu por ela.

Ela se lembra da sensação quente dos lábios de Lalisa nos dela. Ela se lembra da sensação das mãos em seu rosto. Ou quando a mão dela percorreu seu corpo, parando e esperando por permissão. Kim se lembra do momento exato em que disse sim, gemendo na boca da mulher de cabelos cinzas. Ela ainda pode sentir os lugares onde Manoban tocou, onde beijou, onde arrastou a língua. A paixão, o desejo, euforia.

A lembrança faz Jennie enrubescer, ficar nervosa e molhada ao mesmo tempo. Isso a confunde e a excita. Ela percorre seu corpo, dando-lhe confiança suficiente para se virar para Lalisa. Ela não se arrepende quando o faz. Olhos cor de âmbar suaves se fixam nela, mesmo com o manto de raiva sempre presente, há uma calma neles. A morena relaxou sob o olhar forte de Manoban. 

— Bom dia.— A voz matinal de Lalisa ecoa pelo quarto.

A discussão, os passos, tudo desaparece. Esta é a maior paz que Jennie sentiu há algum tempo. Talvez ela tenha julgado a mulher rápido demais no início, talvez Lalisa não a machuque, talvez seja Manoban quem ela esteja procurando.

— Bom dia!— Jennie responde com um pequeno sorriso que combina com o de Lalisa.

Kim é trazida de volta à realidade. As vozes do lado de fora da porta estão se aproximando. A morena reza para que elas não interrompam este momento, seus olhos provavelmente mostram pânico porque Lalisa estende a mão macia e a coloca na bochecha de Jennie. Ela relaxa visivelmente, fechando os olhos com o contato.

De repente, a porta de madeira se abre furiosamente, as duas entram em pânico com o choque abrupto da porta contra a parede, sentando-se e os corpos nus cobertos apenas por um edredom. Lalisa estremece com o dano definitivo infligido na parede. Na porta estão três pessoas. Jisoo, Rosé e uma garota que Jennie nunca viu antes.

A estranha tem vapor visível saindo de sua cabeça e seus olhos estão vermelhos de raiva. A morena olha para Jisoo, que tem uma expressão perplexa no rosto. Provavelmente tanto pelo estranha quanto por Jennie estar na cama com Lalisa, mesmo depois de uma semana de reclamações constantes. A mulher entra na sala, seus passos sacodem toda a mansão, quase quebrando o piso de madeira. Jennie está ficando assustada.

— Que porra é essa Lisa?— A voz é alta e cheia de raiva. Ela ecoa por todo o cômodo. Há uma pitada de mágoa em sua voz. Jennie nunca viu alguém tão furioso antes.

Kim vê olhares confusos nos rostos de Rosé e Jisoo. Há uma falta de respostas em ambas, ela se vira para Lalisa com olhos perplexos, esperando algum tipo de explicação. Os suaves olhos castanhos não estão mais presentes. Em vez disso, foi substituído pelo vazio. Eles lembram Jennie do vasto oceano em uma noite, como se ela estivesse no meio de um mar calmo.

A tragédiaOnde histórias criam vida. Descubra agora