CAPÍTULO VI

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    Boa leitura ♥️

07:13 AM
SAN DIEGO /CALIFÓRNIA (EUA)

Droga. Vou chegar atrasada na universidade. Observo o tráfego, está lento demais. Buzinas fazem barulhos por todos os lados, como se buzinando, o trânsito magicamente fosse voltar a andar.
  
   É horário de pico. Pessoas indo para o trabalho, pais levando seus filhos para a escola, pessoas cheias de pendências, algumas a pé, outras com algum transporte. Um verdadeiro caus.

   Começo a relembrar do café da manhã, foi bem estranho. Carlos nunca fica quieto, e minha mãe também não. Sempre falando do seus empregos, de política, até mesmo do clima. Jamais falta algum assunto para ser discutido nas refeições, por mais banal que ele seja.

  Isso me preocupa. Meu padrasto pode querer descontar em mim, seja lá o que ele estiver passando com a minha mãe. Carlos sempre me culpa por suas discussões com Aubrey. Mesmo eu não tendo nada a ver, suas punições podem ser bem severas.

   Acordo dos meus devaneios com o som buzinas, o trânsito andou. Olho pelo retrovisor, atrás de mim, motoristas impacientes me xingam, buzinam e fazem gestos obscenos. Piso no acelerador, antes que algum deles desça do carro e venha até aqui.

  Estaciono em uma vaga qualquer, olhos as horas 7:56 AM, vou me atrasar. Pego minha mochila, tiro a chave da iguinição , e saio do carro, fecho a porta, e o travo, avisto o automóvel de Wiil, a duas vagas de distância.

  Ando apressada pelos corredores, que estão quase vazios, por causa do horário. Alguns baderneiros aqui, outros atrasados igual a eu por ali. Bato na porta, escuto quando a professora Marlene se cala, e anda pela sala com seus saltos. Toc. Toc. Toc.

   Abre a porta, vejo sua figura alta, magra, e esbelta na minha frente. Seu óculos de grau em sua mão.

-- Esta atrasada senhorita Becker.

Sua voz é severa, mas seu olhar é totalmente o oposto. Marlene é toda meiga. Ela é uma das minhas professoras preferidas. Marlene troca de perna, e se apoia na porta

-- Desculpe professora, é que o trânsito estava uma loucura. Parece que aconteceu algum acidente na estrada.

Minha voz saiu baixa, mas sei que ela escutou, seus olhos gentis me sondam, tentando se assegurar que falo a verdade.

  -- Entre, e sente-se senhorita, mas que não de repita.

  Odeio ser o centro das atenções, todos me olham, curiosos, a aluna que "madruga" na universidade, se atrasa, uau isso realmente é uma novidade, até para mim.

  Caminho entre as carteiras, até chegar a minha onde me sento, Marlene continua a aula. Eu faço direito, não que eu goste, mas minha mãe insistiu que eu fosse advogada, acho que tem alguma influência de Carlos. Eu sempre quis fazer gastronomia, é na cozinha que coloco minha alma e coração. Ou pelo menos o que ainda resta deles.

  O sinal tocou ainda agora, guardo meus materiais, enquanto ando até a porta, meu olhar acaba se encontrando com lindos olhos verdes, lá está Meggie, me olhando, enquanto conversa com Vanessa, uma amiga dela.

  Meggie era minha melhor amiga, nos conhecemos desde o jardim de infância. Nossa amizade sempre cusou inveja em muitos. Hoje não nós falamos mais. Foi ela quem me viu chorar horrores, quando meu pai foi embora de casa. E quem me deu um pirulito para me acalmar.

   Ahh Meg, como eu amo você amiga.

Com sete anos, Carlos entrou em minha vida, e com o tempo eu me afastei dela. Não queria que ele a machucasse, ela era minha melhor amiga, minha melhor companhia, minha confidente. Se algo acontecesse com ela por minha causa, por egoísmo meu, eu nunca me perdoaria.

O silêncio de Elisabeth (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora