CAPÍTULO XII

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Boa leitura ❤️


Faz algum tempo que minha mãe saiu do meu quarto, ainda conversamos um pouco, porém não voltamos ao assunto Miguel.

Jogada na cama, olho a janela, as cortinas fechadas, não me deixam ver muito do tempo, ainda sim, posso ver alguns raios de sol, na cabeceira da cama, o relógio marca 15:29 PM.

Minha cabeça gira, muitos sentimentos querendo me tomar,  muitos acontecimentos para um único dia, os ataques e abusos de Carlos, os pensamentos suicidas, a conversa com Aubrey.

Preciso esquecer!

Em um pulo me levanto da cama, vou até o closet. Procurando entre as prateleiras, revirando minhas roupas, não acho o que tanto procuro.

Reviro todas as roupas, sapatos, nada! Apenas o copo. Cadê o litro? Será que alguém achou?

Não, acredito que não. Lembro-me vagamente de ter tomado uma grande quantidade de álcool da última vez. 

Não, não, não!

Saio do closet, minhas palmas começando a suar, como vou aguentar o resto da noite? 

Só consigo outra garrafa daquela, por encomenda. Eu preciso de álcool, preciso amenizar toda essa turbulência que está se formando em mim!

Vamos lá Elisabeth, use o imprestável do seu cérebro para algo!

O desespero começa a tomar conta.

Quem bagunçou meu quarto? Fui eu? Meu peito sobe e desce mais depressa.

Calma!

Inspira.

Expira.

Inspira.

Expira.

As paredes parecem está se movendo, querendo me esmagar. Gelo!

Saio do meu quarto, desço as escadas, pelo vidro que divide a sala, da área da piscina posso ver minha mãe e meu padrasto, então sentados em volta da mesa, tomando café.

Passo feito um raio por a sala, minhas mãos tremem quando abro a porta do freezer, pego a forma de gelo, que acaba caindo no chão, espalhando todos os cubinhos pelo piso.

Balanço a cabeça em descrença, tem como piorar?

Pego um cubo de gelo e o ponho na mão. Me concentrando nas pequenas gotículas de água que escorrem pelo cubo, molham minha mão e deslizam, por fim, caindo no chão.

Vejo minha pele ficando avermelhada, o local onde o gelo está concentrado começa a queimar.

Sentada com os joelhos contra o peito, vejo a fusão da água. Minha respiração voltou ao normal.

O chão está todo molhado, ainda é possível ver alguns pequenos cubos de gelo, que não derreteram completamente.

-- Então quer dizer que você sente saudades do seu papaizinho?

O tom de voz áspero me faz arrepiar. Carlos não gosta quando eu falo do meu pai.
Suponho que ele saiba que minha mãe ainda sente algo por ele. Talvez se sinta ameaçado, não sei.

Não ouso levantar a cabeça, não quero vê-lo agora, não quero que ele veja o quanto me desestabiliza, mesmo me vendo nessas condições.

Tento manter meu olhar fixo na porta do armário, ouço seus passos, se aproximando de mim.

Meu corpo automaticamente se encolhe, pelo canto do olho vejo seus pés, próximos demais.

Carlos se abaixa, sua respiração pesada bate contra minha bochecha. Abaixo a cabeça, meus cabelos deslizam, formando uma fina cortina que nos separam.

Em um ato rápido, sua mão direita agarra as raízes dos meus cabelos, a dor latejante se espalha no meu couro cabeludo.

Ele me levanta pelos cabelos, a dor começa a piorar, a vontade de chorar começa a querer me atingir.

--Olha pra mim, vagabunda!

Seu aperto se torna mais forte, viro meu rosto em sua direção, os olhos negros brilham.

-- Me escuta bem princesa, eu não quero mais ouvir você falar do teu pai, ouviu?

Sua mão esquerda agarra meu rosto, apertando minhas bochechas, cada palavra proferida sai encharcada de ódio.

-- Você não vai querer que alguém se machuque, caso desobedeça minhas ordens não é?

A ameaça contida me faz tremer, cada célula do meu corpo treme de medo.

Balanço a cabeça concordando, ninguém merece se machucar, não por minha culpa.

Um sorriso macabro toda conta da sua face, o prazer de me ter nas mãos, de fazer de mim tudo que quiser, e não ser descoberto.

Sua boca se aproxima da minha, não tenho como me mexer com sua mão apertando meu rosto. Os lábios frios, tocam os meus, por segundos.

Carlos se afasta, me olha dos pés a cabeça, coça a genital e se vira, para sair da cozinha.

Meu corpo continua tenso, meu couro cabeludo arde, passo os dados de leve, e vejo um tufo de cabelo sair na minha mão. Uma lágrima solitária desliza em minha bochecha.

--Ahh, e princesa, limpe isso, antes que sua mãe venha aqui, e veja toda essa sujeira que você fez.

RECADO IMPORTANTÍSSIMO!
   
    Se você já sofreu, ou sofre algum tipo de violência, seja ela física e/ou sexual, ou sofre tortura psicológica. NÃO SE CALE, DENUNCIE!
   
    Seja ela (violência) dentro de casa ou não. E não importa se foi/é seu pai, seu avô, seu tio, amigo, ou até mesmo sua mãe. DENUNCIE!!!
   
   Você não está sozinho nessa! Precisa de ajuda? Ligue para as autoridades. Ou fale com alguém que você confie!

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Beijos jujubas, e até o próximo capítulo!❤️

O silêncio de Elisabeth (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora