CAPÍTULO II

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BOA LEITURA ❤️


   As aulas se passaram mais rápido do que eu queria. Apesar de não gostar nem um pouco de fazer Direito. Na hora do intervalo Will e eu saímos para lanchar, em um restaurante que tinha na frente da universidade, lá serviam de tudo, o dia inteiro. Will me distraiu com suas piadas sem graça, que sempre me faziam rir, por serem tão bobas.
  
   Estava rodando com o carro, demorando minha chegada em casa. Carlos e minha mãe estavam nos seus devidos empregos, mas, eu não gosto de voltar para casa, e lembrar de tudo o que acontece lá.
  
   A janela aberta, permitia o vento se chocar contra os meus cabelos, o tempo estava bom, nem frio demais, nem calor. Apesar de ser segunda-feira, a rua estava bem movimentada, talvez por ser horário de almoço.
  
   Enquanto dirijo observo as pessoas, algumas com celulares no ouvido, teclando mensagens, outras conversando. Cada um com seus problemas, mas mesmo assim, seguem suas vidas normalmente. Eu queria que minha vida fosse tão fácil. Posso está sendo irracional, por não conhecer realmente os problemas de cada um, e o grau de dificuldade deles, mas mesmo assim acho que, não se parecem nada com os meus.

   Aperto minhas mãos em volta do volante, e suspiro, ligo a seta, viro a esquerda na esquina. Próxima parada: o inferno!

   Crio coragem para entrar, entro na garagem. Pego minha mochila no banco passageiro,  fecho as janelas,tiro a chave da ignição, abro a porta e saio. Caminho devagar, prolongando a minha chegada, mas, infelizmente, chego a porta que dividia a garagem da casa.

    A casa está silenciosa, até porque sou a única aqui. Coloco as chaves no aparador, subo as escadas, ando até chegar no meu quarto. Está escuro, ligo as luzes, tiro meus sapatos, e coloco-os na sapateira, ando só de meia pelo quarto.

   Tiro meu celular da mochila, e a coloco no gancho, boto meu celular para carregar. Tem um mensagem de Will.

WILL❤️
"Oi docinho, chegou bem?"

    Aprecio a preocupação do meu amigo. É sempre assim. No início eu fiquei com uma "orelha em pé", com seus atos. Todos que se aproximaram de mim, foi com algum intuito egoísta, segundas intenções. Isso me fez desconfiar de todos. Mas com o tempo entendi que era apenas preocupação genuína.

Elisabeth
"Oi Will, sim cheguei bem, e você?"

  Respondi sua mensagem, e deixei meu celular carregar. Entro no banheiro, tiro a roupa, não me atrevo a olhar no espelho, já sei o que vou ver. Entro no box, e ajusto a temperatura da água, preciso de um banho quente. Enquanto a água escorre pelo meu copo, observo a parede na minha frente.

   Meus antebraços ardem um pouco devido a água quente nos cortes, mas nada comparado com a dor interior que sinto. Começo a pensar em quando eu gostava de Carlos.

   Fiquei feliz quando minha mãe disse que estava namorando, eu tinha acabado de completar sete anos, e apesar da pouca idade, eu percebia o quanto ela estava triste desde que, meu pai partira. Mas quando ela falou de Carlos, seus lindos olhinhos brilharam, e eu gostei de ver aquele brilho de novo.

   Ela pediu minha permissão, eu achei tão engraçado minha mãe pedindo a minha permissão para fazer algo. Eu falei que estava tudo bem. No sábado, um dia depois da nossa conversa, nós fizemos um jantar,  e meu padrasto veio jantar em nossa casa, foi a primeira vez que vi Carlos.

   Naquela noite a gente se divertiu muito, ele era legal, ele até brincou de boneca comigo. Eu fui deitar, e minha mãe ficou namorando na sala com ele.

   Foi assim durante um tempo, até que ele veio morar aqui. Eu achei muito legal, sempre que podia Carlos brincava comigo, e assistíamos filmes.
  
   Quando fiz oito anos, meu peitos começaram a crescer, e meu corpo começou a tomar forma. Eu não gostava de usar aqueles tops que minha mãe me fazia usar. Por isso, só usava na escola e quando ia sair, dentro de casa eu não usava, até por que era só eu, minha mãe e Carlos. Achei que não teria problema, minha mãe concordou.

   Acordo dos meus pensamentos com o barulho da notificação em meu celular. Só agora percebo que estava olhando fixamente para a parede enquanto revivia lembranças dolorosas, desligo o chuveiro, pego um toalha e saio do box.
  
  Passo direto para o quarto, pego um moletom, apesar de não estar tão frio, eu preciso esconder as marcas de chupões, mordidas, e os cortes nos meus braços.
O moletom é cinza com listras pretas nos lados. Visto minha peças íntimas, e minhas roupas, seco meu cabelo.

   Preciso me distrair!

13:56 PM
SAN DIEGO/CALIFÓRNIA (EUA)

   Desço as escadas, passo pela sala, e vou até a cozinha. Não tenho fome, mas, preciso interromper esses pensamentos que insistem em passarem por minha cabeça.

   Vou até a geladeira e tiro alguns ingredientes, nada melhor do que cozinhar e esquecer o mundo ao meu redor. Organizo-os no balcão, vou até o freezer e pego um peito de frango, nos armários procuro macarrão para lasanha, não acho nada. Acho que vou ter que preparar a massa eu mesma.

   Pego uma panela de pressão, vou até a pia e coloco água, já no fogo boto o frango, e sal, fecho a panela e deixo pegar pressão. Olho o redor, falta algo! Subo as escadas de novo, entro no meu quarto, pego meu celular, meus fones via Bluetooth que estão na mochila, e volto para a cozinha.

   A música está alta nos meus ouvidos, a massa já está pronta, termino de fazer o molho branco, e começo a cozinhá-la. Tiro a pressão e água da panela, desfio o frango, e faço um molho para o mesmo. Hora de montar. Merda! Esqueci de ligar o forno. O ligo, e coloco para pré-aquecer, vou até a geladeira e retiro o queijo e presunto. Começo a montar. Molho, massa, frango, presunto e queijo, intercalo até não sobrar mais nada, levo ao forno.

  A música ainda estronda em meus ouvidos, me impedindo de pensar em qualquer outra coisa, a não ser a voz do cantor brasileiro. Não posso pensar agora. Olho ao redor, a louça! Lavo e guardo tudo. Falta apenas alguns minutos para o forno apitar, faço um suco de maracujá com leite. A lasanha está pronta. Não tem nada para fazer.

  Me assusto ao ver o horário, seis e cinquenta e três da noite. Eles estão quase chegando. Lavo as mãos, limpo o balcão e saio para a área da piscina. Sento em uma das espreguiçadeiras, o céu está estrelado. Minha estrelinha.

Ahh papai. Como sinto sua falta.

Olho as estrelas e e lembro de quando ele me trazia aqui para fora, e me falava sobre elas.
 
    Não sei quanto tempo se passou, mas volto a realidade quando meu fone é retirado, e meu corpo se reseta, já reconhecendo seu toque asqueroso.

-- Sonhando acordada princesa?

  
 
      🛑RECADO IMPORTANTÍSSIMO!🛑
   
    Se você já sofreu, ou sofre algum tipo de violência, seja ela física e/ou sexual, ou sofre tortura psicólogica. NÃO SE CALE, DENUNCIE!
   
    Seja ela (Violência) dentro de casa ou não. E não importa se foi/é seu pai, seu avô, seu tio, amigo, ou até mesmo sua mãe. DENUNCIE!!!
   
   Você não está sozinho nessa! Precisa de ajuda? Ligue para as autoridades.

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    Ain gente, cês viram? A Liz sabe cozinhar! Tão maravilhosa!❣️😍

   A preocupação do Will me encanta, sério!💕😍

  Da uma vontade de matar o Carlos, por tirar ela desse momento! Aff💥👁️👄👁️🖕

  
Beijos jujubas, e até o próximo capítulo!❤️

O silêncio de Elisabeth (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora