CAPÍTULO XIII

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BOA LEITURA ❤️

Tic.

Tac.

Tic.

Tac.

O tempo parecia não passar, as horas se arrastavam, minha ansiedade aumentava gradativamente, chegando a níveis extremos! Os novos cortes em meus pulsos eram a prova concreta disso.

A onda de alívio que eu tanto almejava, não veio quando a lâmina passou diversas vezes pelo meu corpo! Isso me preocupava!

Começava a me preocupar, por achar que os cortes não estavam mais sendo tão eficazes. E se isso fosse verdade, o que seria de mim?

Eu ja tinha enxugado o aguaceiro que tinha se formado na cozinha, devido ao gelo descongelado. Minha mãe não apareceu, meu padrasto também não, e eu agradecia mentalmente por isso.

Meu quarto que antes estava uma completa bagunça, agora se encontrava perfeitamente organizado, com cada peça em seu devido lugar. Mesmo assim, nada foi capaz de aliviar o que eu sinto no momento. Eu precisava urgente de bebida.

Sentada no parapeito da janela, olho para o céu, a lua estava clara, o céu estava sem estrelas, o azul escuro, quase negro do céu parecia engolir a paisagem que estava distante!

Mais cedo, minha mãe subiu aqui, veio me chamar para jantar, neguei. Estava sem um pingo de fome, e tudo que eu menos precisava era encarar Carlos, meus nervos estavam a flor da pele, poderia acabar passando mal, ou pior ainda, contado a verdade! Por isso, inventei uma dor de cabeça.

Não sei quanto tempo eu aguentaria, meu psicológico a cada dia estava pior, eu me sentia tão esgotada! Meus sonhos foram massacrados, minha vontade de viver foi arrancada juntamente com a minha virgindade. Eu só queria um pouco de paz...

  Já passava das 23:00h quando ouvi risadinhas no corredor, reconheci imediatamente, minha mãe. Os sons do passos ficaram mais próximos da minha porta. Corri para longe da janela, e me deitei na cama, puxei o cobertor até os ombros e fingi dormir...

  As risadas e sussurros abafados ficaram mais altos. Fechei os olhos, e regulei a respiração. O som do trinco preencheu o quarto, a maçaneta girou, e a porta abriu.

  Ouvi minha mãe ri mais uma vez, porém agora parecia mais manhosa. Sons de beijos chegaram aos meus ouvidos e foi inevitável não me mexer, desconfortável com os sons.

--Shii...

Ouvi Aubrey dizer, a porta se fechou, os passos foram se afastando... Porém consegui ouvir perfeitamente um gemido! Eu me sentia enjoada, meu estômago revirou profundamente dentro de mim. Não, não não!

Como ele conseguia? Pensar nisso me dava nojo! Uma porta no fim do corredor abriu e se fechou. Depois disso era possível ouvir apenas sons abafados. 

Anos antes.

Me mexo de um lado para o outro na cama, não consigo dormir de novo. De repente escuto o que me acordou, sons estranhos. O que esta acontecendo? Olho as horas, ainda são 02:34 da manhã, é tarde, quem estará acordado? Me sento na cama, calço minha pantufas, e me levanto.

Giro a maçaneta, os ruídos ficam mais altos quando a porta se abre. Meus olhos pesam de sono, mas não consigo dormir com esse barulho. Os barulhos vêem do quarto da mamãe. Será que ela ta bem?

Encosto a orelha na porta, ouço gemidos. Será que a mamãe ta com dor? Levanto a mão para bater na porta, mas, será que Carlos vai brigar? Não quero que ele me castigue. Os castigos dele não são iguais do papai, os dele doem muito.

O barulho fica mais alto, mamãe grita.

Bato na porta, e chamo minha mãe baixinho. Os gemidos e ruídos pararam.

--Mamãe?

Ouço resmungos, e sussurros. Passos se aproximam, e a porta se abre.

Minha mãe está de roupão vermelho, se abaixa na minha frente. Seus cabelos estão bagunçados, e suas bochechas rosas.

-- O que foi querida?

A voz dela esta estranha, um pouco rouca, parece que ela tá cansada, respira rápido demais.

-- A senhora tá bem mamãe? Ouvi gritos, fiquei com medo.

Mamãe dá uma risadinha, e alisa meu cabelo.

-- Tô bem filha, era uma barata que tinha no quarto da mamãe, mas o Carlos já matou. Volte a dormir meu amor.

Minha pele fica arrepiada, mas não estou com frio, sinto um frio na barriga. Apenas balanço a cabeça. Não consigo falar.

Mamãe me abraça, atrás dela deitado na cama está Carlos. Uma de suas mãos está apoiada atrás da cabeça, ele toca aquela parte que ele me castiga. Tem uma carranca enorme no seu rosto, seus olhos estão negros e sérios. Me agarro mais a mamãe. Ela me solta, e me manda ir dormir.

Tô com medo, volto para meu quarto, ouço eles conversando. Carlos irá me castigar por está acordada esse horário. Choro baixinho para não atrapalhar eles.

Acordo da lembrança, todo meu corpo treme. Foi a primeira e última vez que voltei ao quarto da minha mãe. Naquela mesma noite, como eu temia, Carlos voltou ao meu quarto. Ele me culpou por eu atrapalhar a brincadeira dele.

"Agora você vai acabar o que sua mãe não terminou por sua culpa."

      RECADO IMPORTANTÍSSIMO!
   
    Se você já sofreu, ou sofre algum tipo de violência, seja ela física e/ou sexual, ou sofre tortura psicológica. NÃO SE CALE, DENUNCIE!
   
    Seja ela (violência) dentro de casa ou não. E não importa se foi/é seu pai, seu avô, seu tio, amigo, ou até mesmo sua mãe. DENUNCIE!!!
   
   Você não está sozinho nessa! Precisa de ajuda? Ligue para as autoridades. Ou fale com alguém que você confie!

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Beijos jujubas, e até o próximo capítulo!❤️

O silêncio de Elisabeth (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora