Prólogo

2.3K 128 14
                                    


                                            Prólogo

🎶Você acredita em contos de fadas🎶

Quando eu era criança, vivia ouvindo as histórias que minha mãe contava com frequência. Ao longo dos anos, adorei romances.

Adoro todas as histórias, inclusive a Bela e a Fera, mas a minha favorita é a da pobre garota que tenta ir ao baile, dançar com o príncipe, mesmo que por apenas algumas horas, e quando ele a encontra e ela calça os sapatos e toda essa mágica acontece, suspiro ao imaginar a cena na minha cabeça. Cresci apaixonada pela literatura. Sempre que sobrava algum dinheiro, corria para uma dessas feiras e procurava livros para mergulhar nas histórias.

Um amor pode ser épico, trágico e outro avassalador, seja qual for a definição, o sentimento será o mesmo. E você, já sonhou com o amor verdadeiro?

Sou uma romântica incurável, acredito no amor porque tive a oportunidade de presenciar isso com meus pais. Minha mãe Ayla e meu pai Romeu sempre se amaram e nunca esconderam isso. Ainda me lembro dos olhos brilhantes do meu pai enquanto ele ficava na varanda observando minha mãe cultivar a terra do jardim. E o mesmo aconteceu quando meu pai perdia o foco, minha mãe olhava para ele de uma forma única. Ele sempre disse que ela foi sua primeira e última pessoa, e ela sempre disse que ele era a única pessoa em todas as vidas.

Para outros pode parecer triste, para mim é lindo e inspirador. O lado negro do amor é quando a perda nos afasta daquela pessoa e foi isso que aconteceu. Minha mãe adoeceu repentinamente, quando consultamos o médico já era tarde, seu coração inchou e ela começou a carregar uma bomba - um relógio no peito. Houve momentos em que pensei que papai não ia aguentar. Pelo contrário, ele ficou mais forte e entusiasmado, fez de tudo para deixar minha mãe feliz, começou a cuidar do nosso vasto jardim, enquanto ela fica sentada sob a sombra em uma cadeira de balanço, sentindo a luz do sol aquecer. Sua pele estava pálida e os dois trocavam olhares apaixonados, até que na semana passada, quando meu pai olhou para cima em busca de seu sorriso, ela inclinou a cabeça para o céu. e fechou os olhos. Os gritos de dor eram terríveis e ensurdecedores. Quando ouvi meu pai gritar, o copo em minha mão escorregou e caiu no chão, quebrando-se. Corri o mais rápido que pude e, quando saí, entrei em pânico e parei no local. Papai abraçou o corpo frágil e sem vida da minha mãe. Eu não pude fazer nada. Só pude me ajoelhar e envolver meus braços em volta de mim. Senti meu peito se abrir e meu coração parecia estar prestes a explodir.

As semanas que se seguiram ao funeral da minha mãe foram ficando cada vez mais longas e testemunhei a profunda tristeza do meu pai. Comecei a me perguntar por que amamos tanto, se perdemos e só a dor dura. Os antigos contos de fadas já não parecem convincentes e o medo do amor torna-se comum. Meu pai estava morrendo em vida e foi assustador, eu não poderia perder mais ninguém.

Meses se passaram, com minhas esperanças, meu pai passou horas neste jardim cavando a terra.

Estava perdida e sem saber como fazer as coisas, aos 19 anos tive que abandonar meus planos, sair da faculdade e começar a trabalhar como diarista. Confesso que foi mais difícil do que eu pensava. Todos olharam para mim e torceram o nariz. Afinal, o que uma menina de dezenove anos entende de trabalho doméstico?

Fui rejeitada por muitos dias e quando minhas forças se esgotaram, conheci Dona Monforte, uma senhora muito gentil e rica. Eu estava no mercado decidindo o que comprar porque o dinheiro estava apertado. Ela parou ao meu lado e decidiu por mim, enchendo a cesta e me entregando. Tentei argumentar, mas ela apenas sorriu.

Dona Monforte é uma figura, ela está usando uma daquelas roupas esportivas. Foi nesse dia que ela me contratou como diarista da magnífica mansão.

Gosto de tê-la por perto, mas sempre me pergunto, porque não tem ninguém, os filhos, os netos e a família estão sempre sozinhos. Suspeito que minha presença foi mais solicitada, para tomar chá com ela e ouvir suas loucas aventuras. Uma viagem a Paris, onde deixou para trás o amante, a quem deixou tudo para viver um grande amor, mas só pode te-lo por um ano antes de partir.

Perguntei se valia a pena, ela sempre sorria, com os olhos cheios de emoção e dizia. "Minha filha, é melhor amar e vivenciar o amor nem que seja por um ano do que nunca senti-lo, porque quem não ama não vive plenamente."

Um ano depois Dona Monforte adoeceu, senti como se tivesse perdido outra pessoa especial, ela sorriu e me disse precisar de férias, estava cansada demais para continuar a sobreviver. Ela partiu na mesma noite.

"Aprendi que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher como lidar com isso."

(Shakespeare)

Sim, SenhorOnde histórias criam vida. Descubra agora