Kyle...
O olhar de Thomas sobre mim, estava começando a me irritar.
— Quer dizer algo?
Questiono, enquanto continuo analisando os documentos, pelo suspirar carregado, pude confirmar.
— Você precisa mesmo, agir assim?
Ergo meu olhar para encara-lo.
— Do quê está falando, Thomas?
Ele se acomoda na poltrona irritado, fica em silêncio por um tempo, isso também era um sinal de que nada de bom viria.
Volto meu olhar para ele, que está inerte olhando para a parede, não precisava olhar para saber o que o prendia.— Precisa ser mais específico, Thomas?
— Você quer clareza, mas não escuta ninguém, você quer ser respeitado, mas provoca medo, você quer ser amado...
Ergo o dedo, o advertindo.
— Quem disse que quero ser amado?
Thomas revira os olhos.
— Todo mundo quer ser amado, isso é fundamental, acontece que para isso ser possível, você tem que está disposto a amar também.
Largo os papéis na mesa.
— E o que toda essa baboseira tem a ver com essa conversa?
— Ele aponta para a parede.
— Supere isso, Kyle, saia desse martírio já faz anos.
Quase rio.
— Repito, o que tudo isso tem a ver com essa conversa?
— Eu vi como trata a Nika.
Então, o mau humor dele tinha a ver com a garota irritante.
— E como eu a trato?
Ele se levanta e cruza os braços.
— Você não precisa ser ríspido ou arrogante todo tempo, pode trata-la com mais gentileza.
Arqueio uma sobrancelha.
— Porque isso te incomoda tanto?
— Ela é uma amiga, minha mãe a adora, além disso, conheço o quanto ela é esforçada.
— Quanto interesse na minha diarista.
Modo idiota ativo, Thomas respira fundo e pega os papéis da minha mesa.
— Já acabou?
Seu tom seco, demonstra sua raiva.
— Já.
Ele se move até a porta, antes de sair, diz.
— Ela é uma amiga, eu me importo com ela.
Então sai.
Era como se eu fosse um monstro assustador, de repente eu teria que ter cuidado para não ofender ao dar ordens a minha diarista, porque se trata da amiga do meu melhor amigo e sócio.
********
Passei uma boa parte do meu tempo trancado no escritório, o problema era que tinha que encarar o retrato ma parede e todas as memórias assombrosas que o rosto estampado nele me traz.
Os anos passaram, mas a pergunta e raiva ainda perduram, no início tive muita mágoa, gradualmente ela se tornou ódio e hoje tudo que faço é encarar esse rosto para me lembrar da armadilha chamada amor.
Podem dizer o que quiser, contudo essa foi a única forma que encontrei para me reerguer.
Respiro pesadamente, o fardo das memórias integráveis é amargo e pesado, porém ao ouvir a melodia vindo da sala, sinto vontade de seguir o som, sem perceber é o que faço. Meus pés parecem ganhar vida própria ao se mover lentamente. Abro a porta com todo cuidado para não fazer barulho e observo a figura pequena se movendo enquanto canta. Vocês já ouviram algum ser celestial sussurrando ao seu ouvido, a voz é tão doce que me faz fechar os olhos e mergulhar nela, por um momento me deixo seduzir pela voz afinada e doce, quando a melodia para, abro meus olhos me deparando com olhos assustados, olhando para ela fiquei abismado em pensar no quanto era linda, mesmo assustada, seus lábios rosados entreabertos e aquele coque bagunçado no alto da sua cabeça, olhos negros e brilhantes me encaram.
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Sim, Senhor
Romancekyle Woody, 36 anos, empresário, rico, egocêntrico, mesmo com uma vida regada a luxo, na sua enorme torre espelhada, vive uma vida vazia. Tudo irá mudar, com a chegada da jovem, humilde Nika, de 24 anos, ela mesmo com a vida regada a pobreza, vive...