Capítulo Cinco

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Nika...

Penso por alguns minutos, como alguém tão arrogante conseguia ser mais arrogante no estado alcoólico.
Esfrego minha testa, eu deveria esta pegando o metrô, indo para o conforto do meu lar compactado e cheio de calor humano, em vez disso, estou aqui preocupado com o babaca do meu patrão.
O quão estúpido uma pessoa podia se tornar ao colidir sentimentos frustrados com a bebida, em todo meu tempo de convivência com meus pais, pude ver o quão estúpido o amor podia ser, mas esse tipo de sentimento que habita o babaca prestes a desmaiar num coma alcoólico, era agonizante, podia sentir o sabor amargo da desilusão ao olhar diretamente seus olhos, até o modo como seu corpo se curva, como se pudesse sentir o impacto de algo o atravessando, parece de extrema dor.

— Merda!

Resmungo para mim mesma. Após um tempo ali, sou desperta por o barulho de algo se chocando contra o chão, corro e me deparo com o estúpido caído no pé da escada. Respiro fundo, eu deveria deixa-lo subir, quem sabe rolar escada abaixo o deixaria com o corpo dolorido, ele bem que merece.
Minha consciência mais uma vez me repreende, ouço um gemido enquanto ele tenta se levantar.
Aproximo-me e passo um de seus braços em volta do meu pescoço, ele resmunga.

— O que está fazendo?

Tenho vontade de chuta-lo, porém meus pais ensinaram que não devo chutar cachorro morto.

— Estou tentando evitar, que caia da escada e quebre o pescoço.

— Não preciso de ajuda.

— Claro que não, quem pensaria isso.

Digo sarcástica.

— Você é mesmo atrevida.

Reviro meus olhos.

— Mesmo assim, ainda sou humana para ajudar alguém que não consegue lidar com seus próprios sentimentos.

Isso o irrita.

— E quem é você para saber algo sobre mim.

Quase rio, enquanto tento me equilibrar com seu peso sobre meus ombros.

— Se não quer que ninguém saiba sobre o quão caótico  é seus sentimentos, então, não deveria beber.

— E você pensa que sabe tudo, garota irritante.

Era difícil me equilibrar com seu peso, não sabia se era o ego dele ou o físico,  o cretino era alto e atlético, qual é,  como não poderia saber, ele mesmo não fez questão de esconder ao desfilar pelo apartamento somente de cueca.
Olhei para o imenso corredor, onde as paredes eram repleta de obras, senti um alívio ao chegar na porta do seu quarto, empurro a porta com cuidado e o ajudo a se acomodar na imensa cama.

— Virar babá de patrão arrogante, tudo que sonhei.

Resmungo enquanto o acomodo. Retiro seu sapato, tentando deixa-lo o máximo confortável, eu sei, não deveria perder meu tempo sendo gentil com alguém tão amargo, ao mesmo tempo, sinto uma tristeza observar o homem que aparentemente é forte e orgulhoso nesse estado melancólico.
Deixo outro suspiro escapar e me movo até o banheiro, procuro uma toalha na gaveta, precisava de uma vasilha para por água, por mais babaca que meu chefe fosse, tentaria deixa-lo confortável.

                         *******
Quando consigo uma bacia, volto rapidamente para o quarto, um pano molhado poderia aliviar parte da tensão em seu corpo.
Fico ali, com o pano torcido encarando o homem de lábios entreabertos, tão indefeso, no seu mundo perturbador.
Dobro a manga da sua camisa, observo suas veias adornadas, ele definitivamente malha e muito, enquanto deslizo a toalha úmida ouço seus gemidos.

Sim, SenhorOnde histórias criam vida. Descubra agora