Capítulo 12

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Nika...

Como esperado, a conversa com meu pai foi longo, exaustiva e por um segundo senti vontade de desistir. Afinal, se ele não queria ver sua única filha, nem sentira saudades, porque me submeter a tal exaustão?

 — Ok, eu respondo, simples, ele é o meu pai, o mesmo que me fazia sorrir com suas palhaçadas, mesmo que toda aquela dor tenha causado um dano irreversível, ainda é o meu pai, sei que em algum lugar, escondido no seu interno, ele se preocupa comigo e me ama, não posso permitir que ele continue me afastando, sei que isso o machuca tanto quanto a mim.
A noite foi péssima, e agora estou caminhando naquele estado vegetativo, indo na direção da grande torre espelhada, onde habita o outro homem que resolveu invadir meus pensamentos, causando um tremendo rebuliço. Respiro, tentando acalmar todo o caos dentro de mim, aperto o  botão do elevador e me recosto nas paredes frias, aguardando a subida que nunca fora tão lenta. Quando as portas se abrem, assumo uma postura reta, repito em pensamento a cada movimento que faço em direção a porta, "isso não é uma série, nada de Doramas fofinhos, muito menos uma trilogia com um Ceo com hábitos nada convencionais, isso é realidade garota".
Até sorrio, porque de repente estou começando a pensar que estou louca, discutindo com meus próprios pensamentos.
Coloco a chave e giro, verifico com cuidado, está tudo silencioso, talvez ele tenha ido trabalhar na sua empresa, me deixando livre para respirar e tentar controlar o pulsar no meu peito.

— Nika?

Oh! Merda, isso só pode ser brincadeira. Forço um sorriso e me viro, deparando-me com a clássica visão de um seriado.
Kyle está parado no pé da escada, usando regata preta e uma bermuda de corrida, seus cabelos estão bagunçados, quando digo isso, me refiro que parecem estrategicamente desalinhados na medida que o deixa extremamente "sexy", e o suor que desliza por seu pescoço, merda,  parece até que a cena está em câmera lenta, vocês sabem aqueles "Slowmotion" que todos adoram fazer, é assim que estou parada, metade da minha boca se mantém aberta, enquanto observo esse homem.

— Você está bem?

Nem o vejo se aproximar, somente quando consigo piscar  meus olhos tentando recobrar minha consciência. Como um cachorrinho assustado, eu desvio meus olhos rapidamente e movo em direção a cozinha.

Patética, eu sei, podem gritar, mas que confusão era essa onde minha mente estava me atacando e, porque estou discutindo comigo mesma, estou ficando louca.

Eu não esperava erguer meus olhos e dá de cara com ele, recostado na porta, outra cena estúpida das séries, eu definitivamente devia mudar para os Bls, não que eu não tenha adentrado esse mundo ainda... O quê? Podem me julgar, eu não tenho problemas em ver homens lindos se agarrarem, amor é amor, nunca ouvi que esse sentimento era algo exclusivo para héteros, isso é somente o preconceito das mentes obscuras falando mais alto.

— Em que lugar você esta, nesse exato momento?

Kyle está parado acenando sua mão diante do  meu rosto. Sorrio e o respondo.

— Numa linda série Bl.

Ele franze a testa confuso, o que me faz sorrir mais.

— O que isso quer dizer?

Pisco inocentemente, nem a pau que eu contaria sobre isso.

— Vou guardar isso para mim, ok?

Ele resmunga algo, enquanto se move até a geladeira. Merda! E lá vinha uma nova cena estúpida. Ele pega uma garrafa de água, abre e começa a beber.  Tentei fechar os olhos para não assistir à cena, foi pior, ainda conseguia ver a cena em câmera lenta, o movimento "sexy" enquanto ele engole, até uma gotícula filha da mãe escapa, deslizando por seu pescoço.

Sim, SenhorOnde histórias criam vida. Descubra agora