Capítulo Um

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NIKA...

Cidade de Nova Iorque.

Cinco anos depois...

O despertador grita, me fazendo saltar da cama, resmungo antes de forçar meu corpo obedecer. Da pequena janela do meu quarto, dava para ver o tempo chuvoso lá fora.
Eu não tinha muita escolha, iria começar um novo emprego, num Triplex, uma daquelas imensas torres espelhadas. Não que eu esteja reclamando, sou muita grata por ser recomendada, afinal, o salário é bem generoso e será muito bem-vindo.
Estou no meu último ano de literatura, e pronta para pôr meu sonho no papel.
Eu comecei a escrever meu livro, logo após a morte da Senhora Manfort, foi um escape de todo o dilema, a minha volta, se pretendo publicar, isso é mais um sonho, só mais um de muitos que tenho guardado, quer outro exemplo, cantar, sempre me acalma. Minha mãe costumava dizer, que possuo um coro celestial dentro de mim, gosto de teatro, esse com certeza será meu próximo passo, um curso que caiba no meu orçamento. Meu pai, nunca mais foi o mesmo, contudo, o tempo curou parte da sua dor, enfim, pude me dedicar aos estudos, e continuar com os trabalhos de diarista, claro que ele insistiu que eu devia parar, mas eu havia pegado gosto pelo trabalho.

Após um banho quente, corro a procura de roupas quentes, o clima lá fora não está dos melhores.
Arrumo-me rápida, eu não queria chegar atrasada no primeiro dia, mesmo sabendo que não encontraria ninguém, estava viajando, pelo que a Senhora Francis me passou, foi ela que me indicou, disse que o tal empresário, era como um filho, e também melhor amigo do seu filho, Thomy.
Ajeito meus cabelos num coque e pego meus óculos, corro até a cozinha e sirvo-me uma caneca bem generosa do líquido escuro e quente, o aroma do café recém-preparado, aguça meu paladar.
Olho em volta e vejo outra pilha de contas se formando, isso me faz suspirar.
Todo dinheiro que eu ganhava, corria pagar meu curso e tentava bancar o aluguel desse minúsculo apartamento.
Eu me sentia numa pequena caixa compactada, de onde eu estava, recostada no balcão, dava para ver a sala, a porta do banheiro, e em cima, uma espécie de cômodo aberto, subindo as escadas, você consegue ver minha cama, um guarda-roupas pequeno, uma penteadeira, enfim, tudo num único quadrado, a lavanderia era compartilhada com os outros moradores do prédio. Havia dias que eu precisava brigar por uma máquina, ou não teria roupa para usar no dia seguinte, minha sorte, era que podia contar sempre com Henry, meu vizinho e amigo misterioso. Após um gole longo do meu café, uma torrada, pego meu cachecol vermelho e minha bolsa, hora de encarar um novo desafio.
As ruas da Cidade, estavam naquela loucura rotineira, o horário onde pessoas ensandecidas correm para não perderem o metrô, pior era a disputa para adentrar a imensa lata de sardinha, eu já estava me tornando uma mestra em escorregar pelos cantos, até está dentro, mesmo esmagada, consegui cumprir o meu horário. Quando paro em frente ao imenso arranha-céu, sinto meu pescoço doer, ao inclinar minha cabeça para tentar localizar o fim daquela torre espelhada.

— Uau! Espero que não tenha que limpar todo esse vidro.

Pisco algumas vezes e atravesso a rua. Com minhas credenciais em mãos, caminho firme até o senhor grandão, mostro-lhe, ele apresenta como o porteiro.

— Senhorita Nika, mostre na recepção para o síndico, ele irá liberar sua entrada.

Sorrio, demonstrando simpatia, claro que era uma forma de esconder meu nervosismo também.

— Sou o Félix, a propósito.

Ele exibe seu sorriso, deixando a mostra alguns dentes de ouro. Gostei do grandão. Sigo até a recepção, onde não há sorrisos. O mal-humorado do outro lado, nem se dá o trabalho de me olhar.

— Bom dia! Sou a Nika, a nova diarista do Senhor Woody.

— Já estou sabendo, suba pelo elevador de serviço, e essas são as chaves e o número do apartamento, esse é o andar.

Sim, SenhorOnde histórias criam vida. Descubra agora