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Charles Roy Donnavan narrando:

A figura do meu velho a minha frente fez com que meus músculos se tencionassem numa forma que nem mesmo a Phoebe Buffay conseguiria me destravar.

Meus braços se fecharam ao redor do tronco de James.

Pude notar o olhar afiado de meu pai em nossa posição, entretanto o veneno não saiu de sua boca. Apesar de toda a situação tensa, James não se deixou abalar.

- James Jackson, não é? - Perguntou Michael de modo gentil, o que não é nada do seu costume.

- Eu mesmo, creio que não fomos devidamente apresentados. - Falou educado, como se ele fosse o sogro super educado nada homofóbico e não um completo cretino. - Aceita uma bebida?

Meu incrível progenitor sorriu para meu namorado, negou a bebida oferecida, o que é super suspeito.

- Isso é verdade. Deixe-me apresentar, sou o pai de Charles. Acredito que ja conheça meus outros filhos. Espero que eles tenham te tratado bem. - Falou com um sorriso. - Filho, eu não irei sequestrar o James, pode solta-lo. Eu prometo.

A postura de meu pai estava impecável, levemente tencionado, era óbvio que tinha treinado. O sorriso estava levemente forçado, mas sua intenção verdadeira, o que estava me dando nos nervos. Kai estava bebendo o presente da Grace, que estava bebericando observando nossas ações como uma vizinha fofoqueira. Uma pequena observação: Kai logo logo estaria bebado, e a vontade de me unir a ele era grandíssima.

- Charles, pode me soltar. - Falou James suave.

- Ok amor. - falei depositando um beijo em sua nuca, e assim que passei, o segurei pelas bochechas e o beijei. Não foi o beijo mais delicado que já beijei, mas também não era a intenção.

O olhar de meu pai, apesar dele não querer demonstrar, pude notar um pequeno desconforto. O que foi minha alegria.

Mesmo não o abraçando, fiquei pertinho dele.

- Não tinha notado o quanto era possessivo filho. - Comentou Michael num tom levemente ácido.

- Você não sabe muito sobre mim pai. Afinal não estava presente para saber. - Comento ácido.

Michael virou para James sorrindo.

- Acho que vou aceitar uma bebida sim. - Falou sorridente, o que não me agradou nem um pouco.

- Por que o senhor não para de enrolar e fala logo o que veio fazer aqui? - Protesto farto de tanta enrolação.

- Charles! - James me repreende, mas trato de ignorar.

- Você não viria aqui apenas por vir, quer algo. Se for o apartamento, vou logo adiantando que esta em meu nome o contrato. - Dou passos a sua frente, James estava receoso segurando meu braço, Kai e Grace bebiam e observavam, mas sei que se fosse preciso logo me segurariam, ja meu progenitor, estava calmo, numa postura fria e calculada. - Vamos, fale logo, o que quer?

- No momento, quero que abaixe o tom, sou seu pai, não um colega da faculdade. - Respondeu levemente irritado, mas, ainda frio. - Segundo, vim aqui para conhecer formalmente meu genro. - Indicou James.

- Desde quando você se importa? - Questionei irritado. - Porque você nunca se importou comigo, muito menos com meus irmãos. Sempre nos ignorou, e mandou sua única filha para longe, ignorando sua existência por anos, só porquê ela se assumiu e você não aceitou. - Falei num só sopro.

- Desde que eu percebi que tinha arrancado você a força do armário, e não te respeite. - Respondeu amargo, e pela primeira vez desde que chegou aqui, um sinal mínimo de sentimento. Sua linguagem corporal já não estava mais fria e rígida. - Vim aqui numa tentativa totalmente falha de ter mínimo de uma quase relação paternal com você.

Não tinha o que eu falar, havia perdido as palavras.

Estava no mínimo confuso.

Michael jamais perdera sua pose seria, nem mesmo quando perdia um paciente, nem mesmo quando perdemos nossa mãe ele sua esposa. Nunca.

E agora, na minha frente, estava claramente atordoado.

Pelo canto dos olhos pude ver Cárter's saindo da cozinha, sendo guiados por James, mas antes que ele sais-se junto, o impedi. E ele cedeu ao meu pedido silencioso.

- Já errei muito com vocês. Não quero repetir.

- Palavras vazias não contam para nada.

- Estou disposto a mudar. Por isso vim. Minhas palavras estão longe de serem vazias Char. - Char. Um apelido antigo a qual quem me chamava assim se foi a tempos, assim como o som dessa palavra para mim. - Não vim brigar, vim me desculpar. Assim como fiz com sua irmã.

- Falou com a Carol? Uau esta realmente levando a serio, né? Mas quero ver até onde vai essa sua determinação. - Ditei amargo, o rancor era grande, não apenas dele, mas sim do Charles antigo, que era exatamente como ele.

- Você é tão cabeça dura, assim como...

- Minha mãe.

Senta o clima ficar cada vez mais pesado, e o desconforto de James aumentar. Uma parte de mim clamava para isso acabar por uma vez por todas, mas outra, a  outra queria jogar tudo o que ele fez em sua cara, apontar o dedo, e manda-lo para a casa do caralho. Lembra-lo de que tudo. Entretanto, a mão firme que segurava a minha fazia com que eu mantivesse o controle.

- Charles... - Antes que ele pudesse terminar, foi interrompido por James.

- Um jantar. - Nós dois o encaramos. - Claramente vocês estão com a cabeça quente, e eu não quero confusão hoje, então farei um jantar, na qual vocês dois vão conversar pacificamente. Tudo bem? - Pediu calmo, e inseguro.

Eu não era nem louco de contraria-lo, faria qualquer coisa que o homem a minha frente pedisse só para faze-lo feliz. E algo dentro de mim dizia que  isso o deixaria contente. Que eu e meu ai conversássemos.

Acenei a cabeça concordando.

Michael não foi diferente. Em poucas palavras, numa conversa curta com meu namorado,foi combinado um jantar simples e calmo entre nós, e claro que James pediu para que Julie fosse junto, estava curioso para conhece-la dês do dia que eu a citei como: uma incrível amiga, que super dariam bem.

Logo Michael saiu.

Em três dias ocorreria o bendito jantar.

Quando pude escutar o som da porta bater, e a imagem de James retornou a cozinha, me encontrando com a garrafa alcoólica em mão. Ele caminhou até mim, e me abraçou.

- Desculpe por ver isso, mas precisava de você para não fazer besteira. - Falei enterrando meu rosto na curva de seu pescoço.

- Esta tudo bem.

One love, two mouths. One love, one houseOnde histórias criam vida. Descubra agora