James Jackson narrando:
Mais uma noite na balada, eu estava fazendo as bebidas de um grupo de garotas que estavam celebrando o término de uma delas. Pois é, vai entender.
Meu trabalho é apenas fazer bebidas, algumas - todas as noites - escutar o problema de algum cliente bebado jogado aqui no balcão do bar.
- Oi gato, né vê uma vodka por favor? - Pediu uma garota morena, devo admitir que ela é muito linda.
Alta, cabelos castanhos não tão claros não tão escuros, olhos castanhos como avelã, sua pele bem bronzeada do sol, diria até que era surfista se a gente não estivesse longe do litoral.
- É pra já, gatinha. - Digo sorrindo para ela.
Não me entendam mal, sou gay, pego homens, mas eu sei tratar muito bem uma mulher.
Pego um copo adequado e ponho o líquido transparente, e logo entrego a ela. Que vira de uma vez.
- Então gato, qual o seu nome? - Perguntou se apoiando no balcão.
- James. - Digo.
- Satisfação gato, meu nome é Carol. Prazer só na cama. - Falou Carol com um sorriso bem malicioso.
- Então Carol, você não é daqui, não é? - Perguntei por interesse.
- Nem, sou do litoral, vim para cá ver o canalha do meu pai. Acredita que ele me mandou para longe só por causa da minha orientação sexual? Aquele velho esqueceu que estamos no século vinte e um.- Falou e isso me surpreendeu.
- Como?
- Sou lesbica meu chuchu. E você é gay. - Fala e sorri de lado. - Gaydar nunca falha gato.
- Pelo visto o meu falhou. - Digo e ela solta uma gargalhada gostosa de se ouvir.
- Tudo bem gatinho, bem eu preciso de uma bebida, tenho que enfrentar o meu paizinho. - Diz ela pedindo mais uma dose e é o que eu faço. - Sabe, acho que você conhece ele.
- Não sei, qual seria o nome dele?
- Michael Donnavan.
E nessa hora eu gelei.
- Como?
- Pelo visto você o conhece, me deseje boa sorte gatinho, estou indo nessa, quero chegar fazendo cena, fiquei sabendo que está tendo uma reunião de família lá. - Fala se levantando e deixando o dinheiro em cima do balcao, eu ainda não estou em choque.
Ela... ela é a irmã do Charles.
[...]
As horas passam - felizmente - rápido durante o tempo em que passei na boate a trabalho. Assim que deu o meu horário sai correndo me trocar, quero a chegar em casa o mais rápido possível.
Mas foi complicado isso, não sei de onde saiu tanto carro na rua, o que me atrasou muito, e para variar a minha vida, começou a chover.
A chuva que caía era bastante grossa.
Demorei mais do que o normal para poder chegar em casa, e quando eu finalmente cheguei, me deparei com Charles apenas de cueca preta e a sala estava com as luzes apagadas.
Franzo o cenho sem entender.
Ele não diz nada, apenas vem até mim e tira a minha mochila do meu ombro, deixando no chão ao meu lado.
- O que você está fazendo? - Perguntei ainda sem entender.
As mãos de Charles vão até a barra da minha camiseta, e a tira. Ele olha nos meus olhos.
- Charles...? - Pergunto querendo uma resposta.
- Shiii. - Fala e então começa a beijar o meu pescoço, e isso me deixa levemente excitado.
Se eu não tivesse que falar com ele sobre ter feito a bebida da irma dele, eu já teria pego ele no colo e o fodido com jeito pela sala, cozinha, correr, quartos e banheiros. Mas o assunto é bem sério e delicado.
Seguro os seus pulsos para fazer ele parar.
- O que foi? Sei que não vai rolar até você dizer o que quer.
- Vem cá._ Falo fechando a porta atrás de mim e logo segurando a sua mão, o levando até o quarto. O faço sentar na cama, do meu lado, e ainda segurando a sua mão eu começo a falar._ hoje, na balada, uma garota apareceu pedindo vodka.
- O que tem? Ela era menor de idade e você mesmo assim deu a vodka para ela? Relaxa.
Reviro os olhos.
- Deixa eu falar. Não, ela era de maior. Começamos a conversar,_ Vejo que Charles começa a ficar um tanto incomodado._ ela acabou me dizendo que estava lá para beber e ficar mais tranquila para poder ir falar com o pai dela. Falou que o pai a tinha mandado para longe devido a sua sexualidade, e disse o nome do pai dela.
- Jaimes, isso acontece. Tem muita gente homofóbica ainda nesse mundo, não dá para fazer nada, eles que tem que mudar, não a gente. Não pensa mais nisso... eu não vou deixar nada disso acontecer com você.- Fala levantando a mão para tocar o meu rosto, porém eu não deixo. - O que foi?
- O nome dele. Do pai dela. Ela disse que era Michael Donnavan. - E foi aí que caiu a ficha, Charles para, ele gela no lugar.- Charles a garota é a tua irmã.
- Carol está na cidade...?- Espera ele já sabia que tinha uma irmã. O que?
- Espera, então ela é a sua irmã mesmo? Você sabia?!
- Carol é lésbica, assumida. E quando ela contou que o Michael que gostava de pessoas do sexo feminino, ele a mandou para morar com uma tia nossa lá na Austrália.- Charles começa a contar, e percebo que ele não gosta dessa história. - De acordo com Michael ele fez isso para não afetar a nossa família, porém ele só fez isso para a imagem dele não ser afetada.
Não me seguro e logo o puxo para os meus braços, num abraço carinhoso.
- Não costumo falar muito dela por que eu me arrependo agora de não ter feita nada para mantê-la aqui. Naquela época eu não entendia nada, apenas achava errado que alguém gostasse de uma pessoa do mesmo sexo. Eu não entendia, então eu comecei a odiar...- Fala triste, me abraçando de volta.
Solto um suspiro.
- Hey... está tudo bem.- mal falo e já batem na porta. Desfazemos o abraço e Charles vai para a cozinha e eu vou atender a porta.
Batem na porta mais uma vez, e eu reviro os olhos.
- Calma caralho, se não vai arrombar...- deixo a frase meio vaga ao ver quem está batendo na nossa porta.
- James quem é? Se for o Kai mande para ...- Escuto Charles não finalizar a frase assim que vê a irmã parada na frente da nossa porta.- Carol.
- Olá maninho.- Fala com um sorriso irônico no rosto, e um tanto quanto sarcástico, bem em pé na nossa porta.
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One love, two mouths. One love, one house
Fiksi UmumO nome já diz tudo. "Charles: que merda James! Eu não sou gay! James: um cara hétero não beija outro cara, um cara hétero não transa com outro cara. E adivinha só? Você já fez isso. Sinto em lhe dizer, Charles, só que você é gay sim!"