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- Jade -


Jade: eu tenho que ir embora Lua - falei rindo depois de ela implorar 20x pra eu ficar.

Lua: mas pq? - fez bico e eu gargalhei.

Jade: era pra mim ta no escritório já, assim como era pra você estar no estúdio - joguei uma camiseta nela terminando de guardar minhas coisas.

Lua: hoje eu só vou trabalhar depois do almoço - se jogou na cama em cima de algumas roupas minha e eu dei um tapa na perna dela - ai Jade - passou a mão onde eu bati rindo.

Jade: você vai descer comigo - fechei minha bolsa colocando ela nas costas e indo pra frente do espelho arrumar minha roupa.

Lua: vou no banheiro, pera - levantou da cama.

Jade: vou te esperar ali na frente - ela assentiu e eu peguei meu celular que tava em cima da cama saindo da casa.

deixei a porta aberta e ouvi um barulho de moto, olhei na direção e era o mesmo cara nervosinho que me viu no camarote semana passada, ele me encarou de cima a baixo e depois desviou o olhar, eu revirei os olhos.

Lua: vamo logo - apareceu do meu lado depois de trancar a porta - ih, ta com essa cara por que?

Jade: nada não, vamo logo - coloquei meu celular no bolso do shorts e fui andando na frente sendo acompanhada por ela que deu de ombros.

Lua: você volta quando? - perguntou quando a gente passou da barreira e chegou em terreno abandonado aonde eu estacionei meu carro ja que não pode subir com ele.

Jade: não sei - destranquei o carro e abri a porta de trás colocando minha bolsa la - vai dormir la em casa amanhã - fechei a porta e me aproximei dela colocando as duas mãos na cintura.

Lua: vai fazer o que pra gente comer? - revirei os olhos rindo - vem me buscar que eu vou.

Jade: me manda mensagem quando sair do estúdio que eu passo aqui - dei um abraço nela - beijo - falei me afastando dela acenando e entrando no carro.

Lua: tchau vagabunda - gritou andando de costas e eu ri, liguei o carro e sai dali indo em direção ao meu apartamento em Ipanema.

quando eu falo que moro na Ipanema geral me acha patyzinha filhinha de papai, mas não é bem assim não. Eu sou de Niterói, nunca passei fome, mas também não tinha dinheiro pra esbanjar as coisas por ai. Morava com minha mãe, minha avó e meu irmão mais velho, nunca conheci meu pai e pelo que minha mãe falou ele era um bosta, então nem tenho vontade de conhecer.

trabalhei que nem doida e estudei mais ainda, conseguir passar na ufrj e acabei me mudando pro campus daqui do rio, fui me dedicando o máximo que podia, acabei me destacando e fazendo o estágio obrigatório no melhor escritório de advocacia da época.

digamos que eu sou um pouquinho controladora e ambiciosa, sempre queria mais, nunca tava bom, ralei muito, assim que me formei fiz um empréstimo no banco e abri o meu próprio escritório, tudo porque eu odeio pessoas mandando em mim. Acabou que deu muito certo, foi crescendo cada vez mais e hoje aos 26 anos eu tenho os melhores advogados do Rio trabalhando pra mim.

Defendendo só os de patente alta, envolvidos em facção, corruptos, esse pessoal ai, tenho uma condição foda hoje em dia, tentei trazer minha mãe e minha avó pro Rio mas elas não quiseram, então ajudei aposentar as duas e mando mais uma grana pra elas não precisarem trabalhar, elas mais o meu irmão são meu tudo, eu to sempre indo pra Niterói ver elas.

o meu irmão, Jonathan, ta na Inglaterra trabalhando como arquiteto la, ele se formou na mesma época que eu, surgiu uma oportunidade e ele foi sem nem pensar duas vezes, ele vem pra cá uma vez por ano, no natal, quando eu pego férias eu vou pra la ver ele.

Conheci a Lua na Delegacia, tava no meu primeiro caso como advogada formada e não estagiária, ela tava surtando com todos os policiais, fez maior barraco, ela foi fazer b.o em cima da madrasta dela que tinha praticamente espancado ela, ela era menor de idade, o pai dela surtando defendendo a mulher e a Lua e o irmão dela surtando quase matando a mulher, fui tentar acalmar ela e ela me arranhou, dois dias depois me ligou chorando pedindo desculpas.

Ajudei ela no que podia, a madrasta foi presa, o pai pagou a fiança e sumiu deixando a Lua sozinha com o Liam, a mãe dela tinha morrido a algum tempo. O Liam vivia no morro, acho que ele tinha amizade com os envolvidos e também eu to ciente que era um inferno na casa deles, logo ele se envolveu no crime pra poder sustentar ele e a irmã, começaram a morar no morro e nunca mais sairam.

eu que incentivei a Lua fazer o curso pra tatuar, todas as tatuagens que eu tenho foi ela que fez. Ela tem tatuagem? não, mas como diz ela "treinador não joga". Enfim, ela se tornou muito especial pra mim, e o Liam também, ele é mais fechado mas é um cara foda.

estacionei meu carro em frente ao prédio mesmo, me inclinei pegando minhas coisas no banco de trás, olhei pra ver se não vinha carro e abri a porta dando a volta no carro indo pra calçada rápido.

Carlos: Bom dia Senhorita Jade - o porteiro me comprimenta depois de eu passar pelo portão e eu dou um sorriso.

Jade: bom dia seu Carlos, eu ja falei pra chamar só de Jade - ele riu baixo.

Carlos: é costume - sorriu simpático - chegou uma caixa pra você - apontou pra uma caixa no canto da recepção e eu franzi as sobrancelhas de leve estranhando - quer ajuda pra levar? - pegou a caixa vindo na minha direção.

Jade: não precisa não seu Carlos - peguei a caixa da mão dele - obrigada - sorri e fui pro elevador apertando o botão com dificuldade - da onde veio essa porra? - resmunguei me perguntando sozinha depois das portas fecharem.

O elevador abriu e eu sai indo pra última porta do corredor, coloquei a caixa no chão e puxei minha bolsa pegando a chave, destranquei a porta e chutei a caixa pra dentro, deixei ela ali no canto e fui direiro pro meu quarto me trocar, ja tinha tomando banho na casa da Lua então tava tranquilo.

coloquei uma calça jean branca flare com uma camiseta básica azul meio cinza, coloquei meu allstar plataforma e fiz uma maquiagem leve, fiz um negócio no meu cabelo pra disfarçar que tava precisando lavar, peguei minha bolsa preta e ja sai de casa de novo para ir pro escritório.

O escritório é um prédio comercial de 4 andares na gávea, são mais de 25 advogados e cada um tem sua sala, para o que antes era só uma portinha isso aqui ta bom demais. Entrei cumprimentando quem tava ali e indo pra minha sala no último andar, não deu nem tempo de eu entrar na sala direito pra minha secretaria entrar toda desesperada na minha sala cheia de papel.

Jade: calma Angela, eu não entendi nada que você falou, repete - me sentei na cadeira, deixei minha bolsa no chão e apontei pra cadeira em frente a minha mesa incentivando ela a sentar e a falar de novo, apoiei um braço em cada apoio da cadeira e encarei ela que ja tava sentada respirando fundo.

Angela: tem dois tenentes sendo investigados atrás de você para solucionar o problema deles, os estagiários novos chegam hoje á tarde e não tem ninguém pra orientar eles, o doutor Fernando está de atestado, aparentemente estão querendo abrir a investigação sobre o dono da maré e o seu pai deixou isso lá em baixo pra você - franzi as sobrancelhas e ela pegou um envelope em cima de todos os papéis que ela tava na mão me entregando.

Jade: meu pai? - ela assentiu e eu peguei o envelope deixando em cima da mesa - me manda os casos dos tenentes pra mim pelo sistema, você mesma orienta os estagiários, qualquer coisa pede ajuda pra Tânia, passa os casos do Fernando pra alguém que não tiver tanto trabalho, sobre as investigações deixa fluir - falei olhando pra ela mas me perguntando sobre que merda tinha naquele envelope.

Angela: os casos ja estão no seu sistema - levantou - vou procurar alguém pra assumir os casos do dr., qualquer coisa me chama - assenti devagar vendo ela sair da sala e encarei o envelope em cima da minha mesa.

InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora