XIV - Passagem

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"There's light at the end of the tunnel,

There's fight at the heart of a struggle.

You're smile should've told me you're trouble."

Example, Close Enemies


O dragão sagrado recortava-se com imponência no céu escurecido artificialmente. Era um animal magnífico e número 17 ficou impressionado, tolhido por aquele espetáculo único. Sentia o calor da luz do dragão queimar-lhe as faces, mas não conseguia apartar o olhar. Mas que espécie de magia era aquela? Tinha surgido das sete bolas, devia estar, de algum modo, encerrado dentro destas, entre as estrelas. Sete pedaços dispersos que se voltavam a unir para ressuscitá-lo quando se juntavam as sete bolas de cristal.

A grande cabeça da besta mitológica oscilava para cima e para baixo enquanto regougava. As suas barbas ondulavam sob uma leve brisa e todo ele brilhava em verde e dourado, mirando aquele que o tinha invocado com uns grandes olhos vermelhos.

Son Goku, por sua vez, mirava o dragão como se fossem velhos conhecidos.

Então, Shenron falou:

- Aqui estou. Peçam os vossos desejos.

Número 17 aguardou. Involuntariamente, susteve a respiração.

Son Goku disse:

- Shenron, preciso arranjar uma maneira de ir para o Palácio do Tempo do deus Lux. Consegues ajudar-me?

Um rugido baixo, a cabeça oscilava e o dragão sagrado parecia estar a pensar no pedido que havia sido formulado. A sua voz possante troou:

- Apenas consigo satisfazer os desejos que estejam dentro do poder do kami-sama que me criou. Não posso conceder nada que ultrapasse o que ele possa fazer. O que me estás a pedir... é complicado.

Novo rugido. Número 17 apertou os punhos, escondidos dentro dos braços cruzados. Por que estúpida razão estava a ficar nervoso? Olhou para os guerreiros que ocultavam também o seu nervosismo, mas por razões diferentes da sua, de certeza. Esperavam combater, queriam experimentar os seus poderes num cenário novo. As intenções da irmã eram dúbias, teriam certamente a ver com o desejo de lutar, mas número 18 estaria à espera de ganhar igualmente algum prémio valioso. E Ozilia continuava a fingir-se indiferente, apesar de aquele sorriso que ela escondia denunciar a sua curiosidade: a criatura queria saber se o kami-sama da Terra teria o poder suficiente para tocar no mundo dos deuses.

Son Goku perguntou desanimado:

- É complicado? Isso quer dizer que não nos poderás ajudar?

O dragão rugiu mais alto:

- É complicado... mas não impossível!

Os olhos negros de Goku refulgiram bebendo daquela luz mágica que os iluminava a todos:

- Então, consegues levar-nos até ao Palácio do Tempo?

Um momento de pausa, demorado, que ficou a pairar por cima das cabeças de todos.

- O teu desejo será satisfeito, Son Goku – anunciou o dragão sagrado.

E os olhos vermelhos acenderam-se, ficando ainda mais vermelhos.

Goku sentiu um peso na mão direita e levantou o braço, exibindo o objeto que tinha agora entre os dedos. Cabia perfeitamente na palma da sua mão, no punho fechado se curvasse os dedos. Como se lhe pertencesse desde sempre, como se não fosse uma dádiva recente de Shenron. Era um diamante.

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