Your Blood Is My Wine - ZoSan

I need...

Notas: TCHARAM 🧛 Ainda dor e sofrimento? Ainda. tw: gore //

Sanji decidiu ser egoísta, obrigar Zoro a viver para sua própria satisfação, mesmo que se tornar um monstro sem vida fosse contra os princípios do moreno e sem dúvidas o deixaria com nojo. Mas que escolha o loiro tinha? Não queria perdê-lo de jeito nenhum. Sanji colocou em sua mente que viu uma concordância vinda do moreno, mas ele sabia que não iria tentar transformá-lo por isso, porque aquela visão era apenas algo que havia criado em sua mente para aliviar o peso na consciência.

Era a primeira vez que estava sendo feliz em tantas centenas de anos que estava naquele castelo frio e solitário. A primeira vez em que alguém o aqueceu e o amou como Zoro havia feito, ou ao menos o aceitou como estava acontecendo. Sanji só queria ficar ao lado dele, nada mais importava. Pela primeira vez forçaria seus sentimentos goela abaixo daquele garoto inconsequente e o fez obrigando Zoro a drenar seu sangue direto de seu pulso após fazer um corte que se tornaria uma terrível cicatriz. Ele nem sabia se era possível ou se daria certo, mas que escolha tinha? Ou ficaria sem fazer nada observando o jovem morrendo em seus braços, ou tentava transformá-lo em um monstro sanguinário.

Sanji notou a égua de Zoro escondida, e notava o terror e medo nos olhos dela. Por mais que tenha sorrido, sua aparência sem dúvidas ainda a amedrontava. Ou foi assim que achou, já que ela era uma garota esperta e mesmo presenciando seu lado demoníaco, pareceu compreender a situação, tanto que se aproximou do loiro ainda temerosa e o permitiu que montasse nela.

Sanji carregou seu amado inconsequente de volta para o castelo. Sua mente não processava nada além de seu desespero em ver quem amava morrendo em seus braços. Zoro era um idiota e se ele sobrevivesse iria chutá-lo até não ter mais forças. Sequer sabia se havia conseguido transformá-lo e mesmo assim o levou de volta. E da mesma forma que havia o trancado naquela jaula no dia anterior, fez o mesmo dessa vez, além de ter caçado um animal de grande porte para o monstro que havia criado.

Quando ainda morava com os Vinsmoke, sempre era obrigado a ver seus irmãos transformando humanos em vampiros, e presenciava o desespero por sangue que ficavam quando despertavam. Se tivesse dado certo, Zoro sentiria muita fome e poderia drenar incontáveis humanos. Não queria que o moreno carregasse nos ombros o assassinato de um humano em um momento que estaria praticamente inconsciente, mas também sabia que ele não se satisfaria apenas com sangue animal. Por experiência própria, Sanji sabia que jamais seria a mesma coisa, que o gosto, prazer e a satisfação que sentiam ao se alimentar de um humano vivo e saudável não se comparava a nada.

Tudo que restou ao loiro foi ficar horas, talvez dias, do lado de fora daquela masmorra observando o moreno completamente duro e adormecido, sem ter a certeza de que ele estava vivo ou não.

Por muito tempo, Zoro realmente acreditou que estava sem vida. Sua temperatura caiu drasticamente até não sobrar mais calor nenhum e ele sabia que deveria parecer exatamente como um morto se parece num caixão. Exceto pelo fato de estar vivo. Apenas tecnicamente vivo, no entanto, já que se transformar em um deles era de fato morrer e viver morto. Zoro sempre detestou esse conceito, de seres que desafiavam as leis da natureza e se mantinham de pé, andando por aí quando deveriam estar a sete palmos do chão.

Sua consciência jamais abandonou seu corpo, mas a única coisa que ele conseguia processar era dor excruciante. Sentia como se seus ossos estivessem se rearranjando, como se até a constituição dos seus órgãos internos estivesse se adaptando ao seu estado atual. Estava sendo consertado e costurado de dentro para fora sem sequer poder tomar uma bebida forte para aguentar a dor. A única coisa que seu cérebro entorpecido pela dor conseguia fazer era sonhar com seus momentos antes de morrer, reviver sua luta com o irmão de Sanji de novo e de novo e de novo. E a única coisa que aquele caçador de vampiros queria era acordar.

Seu desejo foi atendido, depois de muito tempo de tortura. A dor cessou e Zoro abriu os olhos imaginando que aquilo era o pior, que agora tudo seria mais fácil. Ledo engano.

Assim que respirou sua primeira golfada de ar naquela nova forma, aquele seu corpo novo já estava exigindo o preço da cura milagrosa e sobrenatural que performou durante aquele tempo. Sarar tantas feridas e golpes em pontos vitais não vinha de graça, era aquela a sina dos vampiros e Zoro foi acometido por tamanha sede que achava que iria morrer se não colocasse uma gota de sangue na boca naquele exato momento.

- Eu preciso... - Sua voz soava estranha a seus próprios ouvidos, áspera do tempo que passou sem usá-la e urgente, como se estivesse fazendo uma súplica de vida ou morte.

Sanji não conseguiu descansar durante todo o tempo, sempre ficando a observar o moreno, com medo do pior ter acontecido. Não que acordar transformado em um vampiro também não fosse o pior para Zoro, mas ele preferia acreditar que o garoto vivo seria melhor do que morto. Ele não merecia morrer daquela forma estúpida e inconsequente. Sabia que Zoro o culparia para o resto de seus dias eternos e tentava se convencer de que estava preparado para isso, mesmo que claramente não estivesse.

Quando ouviu a voz de Zoro tão diferente do normal ele imediatamente reagiu e se aproximou da jaula, vendo o moreno retomando a consciência e se mexendo de leve. E antes que pudesse sentir um alívio e sorrir de felicidade, Zoro atacou ferozmente o animal sem nenhuma hesitação, igual a um monstro assassino. O sangue espesso voou no rosto do loiro e este recuou temeroso, sem conseguir desviar o olhar daquela cena que lembrava tanto sua infância, todas as vezes em que viu seus três irmãos brincando com uma presa, estraçalhando-a sem nenhuma dó. Zoro estava diferente, ele havia criado um monstro.

Com medo, o meio vampiro recuou até as costas baterem na parede mais próxima e seu corpo escorregar até o chão, perdendo todas as forças nas pernas que tremiam. Ele abraçou seus joelhos e abaixou o rosto, com medo de continuar olhando aquela cena que causava arrepios em todos os pelos finos de seu corpo. Aquele não parecia o seu Zoro.

O problema era que o caçador de vampiros, atual vampiro ele próprio, não fazia nem ideia do que estava fazendo. Sua mente não conseguia conectar os pensamentos de forma coesa. A única coisa que ardia em seu ser era um único sentimento. Fome, fome, fome. Zoro não enxergava aquela cela, sequer havia notado que Sanji estava por perto. Tudo que seus sentidos conseguiam era afogar-se na sensação do sangue quente da criatura que estava consumindo.

Seu novo corpo pedia por mais, mais, mais. Zoro nunca havia usado presas antes, mas era instintivo e automático drenar o líquido morno como se fosse sua primeira refeição em séculos. Seu corpo não estava satisfeito, nem quando havia tomado litros daquele sangue, nem quando apenas restava uma carcaça ao seus pés. Então Zoro prontamente consumiu as vísceras, a carne, tudo que tivesse o vestígio do sabor inebriante de sangue, de vida.

E apesar de ter devorado tanto músculo e entranhas que deveria estar completamente cheio, seu novo estômago de vampiro ainda reclamava. A voz no fundo da sua mente, uma nova voz que não soava como a sua, maligna e sibilante, dizia que não era nem perto do suficiente.

Zoro permaneceu parado onde estava, o sangue já frio e pingando do seu corpo até o chão, seus instintos se acalmando momentaneamente enquanto sua língua se movia sobre seus lábios para captar o restinho do gosto de sangue que havia ali.