Don't hurt yourself.

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Capa: Tirada da dj Deep Forest da MN


Alguns dias se passaram desde que Zoro teve aquela ideia genial, que infelizmente não poderiam usar, mas as palavras que Sanji ouviu antes do menor ir embora estavam ecoando em seu ouvido desde então. O pior é que ele concordava. Era nojento e desprezível, mais do que qualquer outro vampiro. Sanji tentava desesperadamente se passar por um humano, comendo comidas normais e tentando socializar em festas, e cada vez mais percebia que não era ali que pertencia, que era só um monstro que não deveria existir. E ele estava ansioso para o caçador acabar com seu sofrimento.

Naquele dia, mais uma vez, ao acordar quando o sol se escondia, o vampiro automaticamente foi cuidar do castelo. Não gostava de desorganização ou sujeira, aquele lugar nunca seria cheio de poeira e teias de aranha, preferia manter assim, como uma ilusão de que era um ser vivo, de que tinha algum direito a qualidade de vida... O pensamento sumia rapidamente ao sentir a temperatura baixa de suas mãos quando, sem querer, encostava uma na outra. Era dolorido. Sanji sentia todo seu corpo frio e mesmo não sendo totalmente igual de todos os outros, ainda mostrava o que ele realmente era.

Quando ele começou a acender as velas distribuídas pelo castelo para manter bem iluminado para Zoro, sentiu o cheiro do sangue bem conhecido há quilômetros de distância e todo seu corpo se arrepiou, como se uma brisa tivesse passado. Sanji engoliu em seco e tentou esconder o sorriso patético que tomou seus lábios, mais ainda a expressão de felicidade e carência. Queria muito ver Zoro e estava feliz que demorou bem menos tempo que o normal. Talvez a ideia tenha sido boa, afinal.

Se havia algo que Sanji enxergava todas as vezes em que olhava nos olhos claros de Zoro, era o mais puro e completo ódio e passar o tempo todo em que o garoto não estava lá, pensando nele, ansiando em vê-lo, o tornava o mais completo e terrível amante de dor, mas nem isso o desagradava. Ele sabia ser uma criatura patética, e todo aquele nojo e ódio do outro não poderiam ser mais justificáveis.

Mesmo assim, o vampiro diariamente preparava uma refeição para duas pessoas, aguardando o dia em que Zoro chegaria, algumas vezes até desejando que ele gostasse de sua comida, que o elogiasse, ou que simplesmente fizesse a mesma expressão adorável que fizera na primeira vez em que provou, quando estava recuperado e pôde comer algo de verdade.

Era patético aquele sonho, assim como tudo que o tornava quem era.

Então, antes do garoto chegar, ele preparou a refeição, dando seu melhor para ficar a mais gostosa possível, utilizando de todo seu conhecimento adquirido em centenas de anos estudando os mais diversos livros de culinária.

Zoro estava puto por ter que voltar ali tão cedo. Consigo mesmo por sua ideia estúpida e pelo vampiro ter rejeitado. Mesmo assim tentou não se distanciar muito do castelo, sabendo que se o fizesse não voltaria tão cedo. Não que sua bússola interna tivesse algum problema ou algo do tipo.

Como não havia sequer nenhuma taverna ali perto Zoro permaneceu no bosque, comendo o que encontrava e amaldiçoando a falta de bebida. Sempre tinha um pouco de rum em seu cantil, mas obviamente não era suficiente para tantos dias.

Ainda mais rabugento do que o normal pela falta de álcool, ele rumou para o castelo de Sanji, dando de cara com um vampiro antes de sair do bosque. Aquele deveria ser seu dia de sorte. Pelo menos poderia descontar um pouco de sua raiva e frustração degolando um maldito sanguessuga antes de ver o loiro. Embora esse plano não tenha exatamente ocorrido como planejado. O vampiro, por mais que tentasse fazer parecer que sim em sua mente, não tinha quase nada a ver com Sanji. Seus olhos apenas demonstravam frieza e maldade, sem absolutamente nada que redimisse sua intenção assassina.

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