Just a monster.

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Na hora em que aquele humano perdeu a luta, Sanji só conseguiu sair das sombras ao notar a presença do outro vampiro sumir e imediatamente correr até o corpo praticamente morto no chão. Suas presas se tornavam maiores a cada passo que dava, sua fome, nem se fala. Seu estômago revirava, ele precisava lamber cada gota daquele sangue, lamber aquele peitoral ensanguentado até sugar tudo. Estendeu a mão para tocar o garoto e viu as unhas enormes e afiadas, prontas para dar o bote. Só conseguiu rir de sua reação patética. No final das contas, mesmo fingindo ser gentil e heróico, era apenas um monstro igual a todos os outros vampiros, nada além disso. Um fraco que cede aos instintos mais primitivos de todos. Apenas um vampiro monstruoso e assassino. Não aguentava agir daquela forma, ele não deveria ser assim, deveria agir como um humano, sempre insistia que sua parte humana era mais presente, era o que ele era, mas aquela era a verdade. Um monstro, nada mais.

Não, ele não era um monstro, se recusava ser igual a sua família. Como forma de tentar se conter, enfiou as unhas em suas próprias mãos ao fechá-las com força e apertá-las, sentindo-as atravessar a carne e aparecer do outro lado. As mãos que tanto valorizava sendo estraçalhadas sem nenhuma dó pelo bem de um humano, mas não se importava. Precisava se acalmar, era só sangue, não havia necessidade daquela reação exagerada. Ele engoliu em seco e abriu as mãos, vendo que suas unhas voltavam ao normal e suas presas diminuíam, aguentaria por mais um tempo, depois poderia sair para se alimentar. Então, Sanji pegou o garoto no colo, percebendo que seu coração ainda batia, mas bem fraco, e o carregou até seu castelo. Possuía um conhecimento básico de primeiros socorros, pois preferia se prevenir caso passasse dos limites e machucasse suas vítimas, além de que outra desvantagem de ser apenas meio vampiro era que seu corpo não se regenerava da mesma forma que o corpo dos sangue puro. Então com seu conhecimento conseguiria fazer alguma coisa para salvar aquele humano. Deu seu melhor para conter o sangramento e costurar o peitoral, fechando o corte e o enfaixando bem apertado. Ainda sentia o coração dele batendo, talvez sua tentativa tenha dado em algum resultado. Ele sorriu para si mesmo satisfeito com seu trabalho. Estava desesperado por sangue, claro, e durante todo o processo seus olhos brilharam em um tom escarlate e a todo instante achou que cederia aos desejos primitivos. Com muito esforço, porém, tudo deu certo e logo depois tomou um banho demorado para tirar todo vestígio do sangue daquele humano.

Mesmo após o banho, parecia que ainda estava com o aroma delicioso impregnado em seu corpo. Era como se aquele sangue fosse o mais doce e tentador que já sentiu, Sanji sentiu medo de tomar uma única gota e não conseguir parar antes de ser muito tarde. Havia deixado o humano em uma cama que ficava em um dos quartos e ido para a cozinha preparar algo para comer e para oferecer ao outro em uma tentativa de ajudar na recuperação. Horas depois, enquanto jantava sozinho, ele pensava no quanto desejava que apenas alimentos humanos pudessem mantê-lo vivo, mas só aquilo não bastava. Sempre que ficava mais de uma semana sem sangue, sentia uma dor sufocante que provavelmente era pior que a morte e ele tinha medo de passar mais tempo e perder o controle, atacando todos que aparecessem em sua frente.

Com um prato bem feito, uma sopa deliciosa e recheada de nutrientes, ele voltou para o quarto que havia um hóspede e deixou o prato no chão ao lado da cama. Havia se virado para sair, mas sentiu uma mão puxando sua capa sem nenhuma força, mas que foi o suficiente para fazê-lo parar. O caçador de cabelos verdes estava até falando, um claro sinal de que estava minimamente bem. Sanji sorriu de leve, sentindo um alívio por aquele humano estar vivo.

- Que bom que acordou. - Ele falou em um tom calmo e baixo, feliz por ter conseguido se controlar e fazer o bem uma vez na vida.

Mas, Zoro não pensava da mesma forma. Sobre estar vivo. Ainda não gostava nada do fato do vampiro não ter respondido à sua pergunta e temia o pior. Seus dedos tocaram sua jugular desesperados, esperando não sentir absolutamente nada, esperando ter se tornado uma criatura nojenta. Entretanto, estranhamente ainda estava sentindo seu sangue quente bombeando abaixo dos dedos fracos. Sentiu também sua respiração fraca deixar suas narinas e isso o acalmou um pouco, embora ainda não estivesse completamente convencido.

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