trinta

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- Tem certeza que não vai comer mais nada? – Insiste Louis.

Capturo sua mão que desliza em minha coxa onde momentaneamente alguns pelos se eriçam pelo toque suave, um rock melódico e deprimente toca na TV.

- Não, vida. Comi uma pizza inteira com Zayn, - Cubro minha barriga com o ante braço. - não aguentaria mais nada.

Ele sorri fraco antes de voltar seus olhos para o show. Tenho a impressão de que ele não está prestando atenção de fato. E não é de hoje. Nos últimos tempos noto Louis mais distraído, distante. Um pouco cansado ou só entediado, não sei. Sempre que pergunto ele garant estar bem. Finjo acreditar, mas desde que ele se abriu comigo sobre sua irmã, Louis tem agindo diferente.

Às vezes penso que é só coisa da minha cabeça.

De qualquer jeito, permito que ele tenha espaço. Mas claro, me certificando de ele não se sinta só.

Seu rosto está de perfil para mim e a luz fraca na sala faz com que as maçãs ressaltadas sombreiem o resto do rosto. Louis parece uma expressão artística de tão lindo que é. Imponente, profundo. Poético e sublime.

Não me demoro muito no nariz de botão, que é o nariz natural mais perfeito que eu já vi e tudo mais, porque a boca é a minha parte preferida em toda a composição de seu rosto. Os movimentos que faz com as finas linhas e avermelhadas por estar pensando muito, a macies e suavidade dos seus toques molhados e que em como, com pouquíssimas palavras se perdendo no ar quando as deixam, são capazes de me fazer derreter em suas mãos.

Gosto do jeito que sua franja bagunçada cai acima dos olhos, escondendo a testa alta e amo a barba por fazer que arranha a pele de uma forma estranhamente prazerosa. Nas raras vezes que deixa o rosto liso, meio que invejo um pouquinho Louis parecer voltar aos dezenove anos. É impressionante e revoltante o que apenas um barbeador pode fazer em seu rosto.

Aperto a sua mãos e ele retribui com um fraco deslizar de polegar.

Suspiro baixo e deixo meus ombros caírem.

Não estou mais aguentando viver em duvidas quanto a ele e quanto a nossa relação.

Depois do que aconteceu, da conversa que tivemos, tenho absoluta certeza de que ele confia totalmente em mim. Louis até poderia ter afirmado da boca para fora, mas não vejo o mínimo resquício de duvidas transparecer em seu olhar. Ou em suas atitudes, palavras. Mas palavras são quase desnecessárias para mim, o que basta é seu olhar, eles dizem tudo.

Louis confiou em mim para contar sobre o que passou. Contou sobre a morte da sua irmã, contou os detalhes e dores e vazio que ficou em seu peito quando ela se foi. Contou das vezes sonha com ela, que isso alivia a saudade. Contou que olhar para as fotos dela espalhadas por pelo apartamento é sua motivação para nunca desistir.

Ele compartilhou uma parte tão importante e pessoal e sensível
que toda a raiva e magoa se reduziram a insignificância. Ele teve seus motivos para querer ficar só, apesar de eu ainda achar injusto não ter avisado, entendi.

Mas passou.

Levo sua mão até os lábios, um sorriso fofo estampa seu rosto. Louis maneia a cabeça em um convite. Inclino meu corpo sobre o seu. Seus lábios tomam os meus em um beijo calmo e desleixado. Seu polegar desliza pela minha bochecha e sua voz melódica e sensual diz que o chocolate deixa meu beijo ainda mais gostoso.

Retribuo aprofundando o beijo. Deposito meu peso sobre ele, sentindo seu coração bater junto ao meu, ambas as batidas eufóricas e distintas procurando um ritmo em comum.

Dois corações quebrados ajudando um ao outro, dizendo que mesmo que não batam igualzinho, não deixarão de procurar a sintonia perfeita.

É a minha hora de me abrir.

You Better Try • L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora