Acredito que estou melhorando porque é no que quero acreditar, e minha avó dizia que pensamentos têm força.
Me sinto bem a maior parte do tempo. Não exatamente feliz. No entanto, acho que muita gente também não é feliz. Mas não me permito que a triste me nocauteie tanto... me agarro possessivamente aos pequenos momentos de felicidades – agarro-os tão firme que os prolongo. Dou importância a algumas coisas do cotidiano que me concedem momentos de alegria, coisas simples como acordar cedo numa quarta-feira e descer para comprar um shake na tendinha à dois quarteirões do prédio; gargalhar até lacrimejar ao ver um programa humorístico medíocre que esteja passando; quando ouço Lottie contar sobre seus dias; quando estou jogando Fifa com Liam no chão do seu apartamento; quando vou a Orrville fazer companhia ao Tio Hank; quando o Dallas Mavericks perde um jogo, o que me dar um longo repertório para encher o saco de Campbell.
Me concentro nesses momentos, pequenos e prazerosos. Em que não tenho qualquer outra preocupação. Nenhuma perturbação é relevante para me tirar da magia da simplicidadd.
Só que ainda estou aprendendo.
É instável, mutável. É uma montanha-russa, com subidas altas e descidas velozes. Enquanto está a caminho para o topo, os males ficavam no caminho, para baixo, no passado. Me sinto bem com meu progresso, em estar procurando superar. Me sentia como alguém quase inteiro. Atingo o ápice e penso, aliviado, “estou bem”, com orgulho, por ter chegado lá.
Mas, quando menos espero, estou em queda livre. Rumo ao lugar de onde saí.
O coração bate forte, as palmas formigam. A cabeça lateja, a garganta fica seca. Os órgãos do meu tronco se contorcem. Os olhos turvam-se d'água.
O ar se torna condensado, pesado, difícil para respirar.
A saudade me cega.
É um turbilhão insuportável e inconsolável que me suga para a escuridão.
Não acontece tão frequentemente. Mas, das duas vezes que aconteceram este mês, cheguei a pensar que morreria. Toda a luminosidade e a esperança escorrem de minhas mãos. Me sinto sem rumo e por uma ou duas horas, volto a ser ninguém. Volto a me sentir vazio, a me resumir pelas minhas perdas e saudades. Volto a sentir que estou a beira de um precipício, que não consigo mais aguentar. Que é demais para mim.
Então a queda perde velocidade, o trilho assume uma reta estável. A respiração assume o ritmo normal. A arritmia cardíaca para. Meus órgãos desatam e, com exceção do estômago e fígado, param de doer.
Passa... Sempre passa.
Mas é difícil me lembrar disso quando estou à deriva na escuridão, onde não tenho esperanças sobre nada, onde o perigo me ronda: o sentimento de que é um fracasso me esforçar, sempre voltarei para o abismo, não importa o que.
A pior parte é não conseguir notar previamente. Normalmente sinto um desânimo repentino, que não considero alarmante. Às vezes sinto o peito contrair ou as palmas coçarem demasiado. Quando não estou no trabalho, acendo um cigarro para me distrair. Se estou no restaurante, o desânimo se acumula na mesma medida em que faço o que tenho que fazer.
Por fim, é tarde demais. O sentimento inofensivo assumiu o controle.
E quanto mais eu me desespero para que ele acabe, mas intenso torna-se.
Desde ontem estou em queda livre, isso precisa passar logo. Acho que está se prolongando porque estou meio doente, acho.
Ou talvez a ressaca do dia anterior não tenha passado totalmente.
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You Better Try • L.S
FanfictionLouis Tomlinson é um cretino interesseiro. Harry Styles é um arrogante podre de rico que pensa que o mundo está a sua disposição. Um relacionamento que começa com um abismo de mentiras e desonestidade. Mas ambas as partes tem segredos obscuros. E...