Charlotetonw

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Andrew voltou a seus aposentos e começou a vestir-se o mais rápido que pode, fazendo com que Elena despertasse durante o processo. A jovem se sentou-se na cama enquanto o marido se arrumava e processava o que ele dizia, quando finalmente levantou-se encarou por instantes a mancha vom seu sangue sobre o lençol. 

— Ei, imagino que não tenha sido como imaginou e me perdoe por não ter tempo pra ficar com você hoje, mas você é uma mulher agora, a vida nem sempre é como imaginamos.  — Falou com a voz suave  e em seguida lhe explicou  sobre o ataque a Charlottetown e a moça imediatamente vestiu-se dizendo que iria com ele, pois sua experiência na clínica do tio, poderia ser útil com os feridos.

Andrew apesar de não concordar, decidiu que não havia tempo para discutir a decisão da esposa. Quando tudo estivesse mais calmo, poderia explicar a ela que como uma senhora casada, não deveria tomar uma iniciativa sem antes consultar a opinião do marido. 

Deixaram o forte cerca de uma hora depois. Andrew partiu na frente em uma cavalgada forte e Elena seguiu para a cidade, num comboio que levava munição, armas e alguns suprimentos, dito que a cidade  havia sido saqueada e temia uma nova investida dos nativos.

A jovem já havia lido em alguns jornais britânicos sobre ataques às cidades e tentou preparar a mente para o que veria em Charlottetown. No entanto, quando se aproximaram, tudo parecia igual, exceto pelos soldados do forte por todos os lados, enquanto pessoas com rostos assustados espiavam a movimentação fervorosa de alguns homens construir um palanque em frente a capela. 

Assim que chegou, Elena foi escoltada até uma enfermaria montada junto a casa do único médico da cidade. Havia uma dúzia de homens feridos e um morto estirado no chão de madeira, com um casaco cobrindo-lhe a face. 

— Sou a senhorita Elena krigher, quer dizer Senhora Norton, tenho alguma experiência na área médica e meu marido e eu achamos que  poderia ser útil nesse momento tão infortúnio. — A moça declarou ao encarar o médico, um homem robusto com ares de simpatia na casa dos cinquenta anos. 

— É um prazer tê-la aqui senhora Norton, seu marido me informou que viria. Felizmente não temos tantos feridos pois a cidade soube se defender, mas toda a ajuda é bem vinda, sabe fazer uma sutura? — Ele perguntou e a moça acenou positivamente com a cabeça com a cabeça. 

Elena passou o dia a auxiliar o médico, fez pequenas suturas e manteve os pacientes alimentados e hidratados.

O doutor Philips, era um homem simples, de mãos habilidosas e mente ávida. Falou sobre os pacientes, sobre a faculdade de medicina em Edimburgo, sua família mas principalmente sobre os momentos de pânico que a cidade vivenciou na noite anterior. Apesar dos inúmeros relatos de ataques a outras cidades e até mesmo a pequenas fazendas da região, era a primeira vez que Charlotetonw e o próprio médico passavam por tal experiência e mesmo que sua porta tivesse se mantido trancada diante todo o ataque, Philips jurou que viu a sombra da morte pairar sobre ele. 

— Uma vez meu irmão me disse que os nativos dessa região eram pacíficos. 

— Nenhum desses selvagens é pacífico, e pensando bem, seriam um bando de tolos covardes se fossem — o médico sibilou — os colonos querem o progresso, o ouro e os índios, manter a sua vida e tradições, não há como haver paz mestre objetivos tão distintos. Eles não estavam tentando destruir a cidade, não tentaram queima-la, não invadiram as casas, mas não fizeram isso por terem um bom coração, eles saquearam a nossa delegacia, levaram muito armamento e pólvora, algo grande está por vir, menina. Que Deus nos proteja — disse o homem fazendo o sinal da cruz. — Bem, foi um dia longo senhora Norton, e não quero trazer aborrecimento ao capitão por tirar o tempo de um recém casado com a sua bela esposa. Ele disse que a encontraria na estalagem, creio que vão passar a noite na cidade, pelo que dizem amanhã haverá a execução de alguns dos prisioneiros. 

A filha do General - EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora