Caminhos Tortuosos - II

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Tokala obsevava atentamente o olhar esperto do menino a acompanhar o chumaço de penas e contas coloridas que ele movia sobre a cabeça do pequeno

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Tokala obsevava atentamente o olhar esperto do menino a acompanhar o chumaço de penas e contas coloridas que ele movia sobre a cabeça do pequeno. Depois de alguns dias sobre intensos cuidados da mãe e do homem santo, o bebê já pouco lembrava a criancinha enfraquecida e machucada que ele conheceu naquela casa. Coração Valente, como ele o batizou honrou o primeiro nome que recebeu, sendo perseverante e silencioso mesmo nas noites de febre e dor. O pai passou a ponta dos dedos pela cicatriz, agora já totalmente curada, porém, sem o inchaço e as crostas da cicatrização, o símbolo dos Norton se mostrava ainda mais nítido sobre o pequeno peito. Por mais que soubesse que o filho já não lembrasse daquele trauma e conforme crescesse a marca se dispersaria pelo corpo tornando impossível ser reconhecida, toda a vez que olhasse pra qualquer resquício dela, sentiria raiva de si mesmo, por ter falhado com Elena e com seu filho. E ainda mais doloroso que isso, era certeza de que em breve, a vida deles estaria em risco de novo e não havia nada que pudesse fazer para impedir.

Mesmo com a mente atribulada por preocupações foi impossível não abrir um sorriso ao ouvir filho soltar um gritinho agudo, seguido de resmungos e o balançar os braços chamando sua atenção ao brinquedo que parou de ser movido sob a sua cabeça.

一 Você não pensa que é pequeno demais para brigar? 一 Perguntou o pai com um olhar terno ao bebê que continuou a resmungar franzindo a testa 一 em algo você iria de parecer com sua mãe, não é mesmo? 一 Disse enquanto Wewomi adentrava pela abertura com uma tigela de uma pasta de milho.

一 Elena mandou comida... 一 Disse a menina entregando ao pai. 一 Eu disse que você não ia comer pelo que vai acontecer mais tarde, mas ela parece muito zandaga, então eu trouxe.

一Deixe ali no canto e ela não está zangada com você... Ela só não entende bem nossos costumes ainda, não quer que Enepay de machuque por algo que ela não acredita. Mas isso não é sobre ela, talvez no fim da noite quando ele tiver a sua visão ela entenda a importância disso. Mas, venha aqui 一 falou chamando a menina pra perto que imediatamente se aconchegou no colo do pai que beijou o topo da sua cabeça. 一Quer pega-lo agora? 一 Perguntou e a menina assentiu com um sorriso travesso.
Com cuidado Tokalah colocou o bebê nos braços da filha e se afastou um pouco admirando-os por um momento.

一 Vocês dois são meus legado, irmãos de sangue, prometa-me que vai protegê-lo e ele ainda é muito pequeno pra falar, mas tenho certeza que ele fará o mesmo.

一 Eu vou sempre cuidar do meu irmãozinho. 一 Disse a menina beijando o rostinho do bebê que sorriu em resposta. 一 Ele gosta de mim você viu, como ele gosta do meu colo papai? Posso dar comida a ele?

一Não, é muito cedo. Tudo que ele precisa é do leite de sua mãe por enquanto. Cuide dele agora, Elena virá logo 一 Falou e a menina abriu um sorriso confiante.

O líder deixou sua tipi e caminhou até a grande tenda onde Enepay se preparava para iniciar novamente seu hamperavi, que seria realizado mais tarde junto a toda a tribo. O líder tomou lugar na roda onde Wishawashakan e outros anciãos rodeavam o garoto passando e baforando a fumaça do cachimbo contra ele.

A filha do General - EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora