Evy Lancaster

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Evy On

A luz do sol penetrou pela pequena fresta da cortina escura me despertando assim. A noite foi como as outras, mais pesadelos. Com aquele maldito dia.

A água morna escorrendo pelo corpo era reconfortante. Articulei mentalmente minha agenda para hoje. Era uma segunda, isso significa, meu dia folga.

A senhorita Runna praticamente me obrigou a ter folga, ela diz que sou viciada em trabalho. Talvez ela tenha razão.

Suspiro observando meu corpo no espelho, não sou o tipo padrão, isso é um fato. Que merda.

Meus pensamentos voaram para o belo espécime de homem que chegou recentemente em meu atual local de trabalho. Mister.

O homem era tesão puro, porém, no fundo eu sei que não é pra mim. Não que ele não seja o meu tipo, porque ele com toda certeza é. Mas sim porque sei exatamente o tipo dele, nada de relacionamentos a longo prazo, e eu estou cansada dessa merda de foda casual.

******
Após horas de puro tédio, resolvi sair para me distrair, ficar confinada em meu apartamento só iria contribuir para o meu humor piorar.

Adentrei o pequeno restaurante revestido de detalhes em madeira. Perfeito. Olhei o relógio na parede a minha esquerda. Hora do almoço. Pedi um prato cheio de legumes com um pedaço de bife.

Assim que terminei de comer fiz sinal para o garçom. O arranhar leve da cadeira ao meu lado me fez olhar em sua direção.

O homem com uma barba escura se acomodava de forma confortável na cadeira ao meu lado. Levantei as sobrancelhas em interrogação.

— “Posso me sentar aqui meu bem?”. Meu mau humor pareceu surgir das profundezas do meu corpo como em um passe de mágica.

— “Não! E não sou seu bem, por favor queira se retirar”. O sorriso presunçoso em seus lábios fez minha raiva fumegar.

O garçom veio e então lhe entreguei o dinheiro da conta. Levantei rápido de meu assento e segurei firme minha bolsa dando a volta sobre a mesa. Caminhei até a saída com a impressão de estar sendo observada.

Meu apartamento não era longe dali, então resolvi aproveitar para fazer uma pequena caminhada. A sensação de ser observada voltou, olhei para trás esperando encontrar algo suspeito, mas não encontrei nada.

Duas quadras depois senti meu corpo ser puxado com força para a lateral da rua. Cai no chão sem entender o que havia acontecido. Olhei em volta observando o pequeno beco entre os dois prédios.

O mesmo homem do restaurante se encontrava a minha frente com o mesmo sorriso presunçoso nos lábios.

— “Você é louco é isso? Qual o seu problema?!”. Perguntei exasperada. O que este maldito homem queria comigo?

— “Olá meu bem, sou Philip, você foi muito mal-educada comigo lá atrás, eu só queria chama-la para conversar, pare de ser uma vadia e me dê o mínimo de atenção”. A ira ferveu dentro de mim, quem esse idiota pensa que é? Levantei rápido.

— “Escuta aqui seu retardado, você não é ninguém para mim, por isso saia da minha frente antes que eu chame a polícia". O sorriso do homem ficou sombrio.

Ele deu um passo a frente e eu retrocedi um pouco. Como em uma cidade tão movimentada não aparecia uma alma sequer naquele momento.

— “Você vai pagar por ser tão mal-educada comigo". A ameaça em sua voz era nítida, o tempo havia escurecido e eu nem havia percebido. As nuvens de chuva já estavam agrupadas e eu sabia que ia começar a chover logo.

Philip se aproximou de mim com o mesmo sorriso macabro em seu rosto, meu corpo pareceu entrar em combustão, as memórias do incidente de anos atrás vieram a minha mente.

O fôlego parecia querer faltar, tudo que eu menos precisava era ter uma crise nesse momento. Os flashs sombrios surgiram diante dos meus olhos.

— “Por favor não! Não me toque por favor!”. Eu sentia as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Philip parecia gostar da minha reação de pavor.

Minhas pernas começaram a tremer, a sensação sufocante parecia mais forte. Olhei para trás vendo uma grande contêiner de lixo encostado no muro ao fundo do beco.

Corri ate lá, não estar usando saltos ajudava. Subi rápido, mas antes que eu tentasse alcançar o muro tive meus pés puxados para baixo.

A dor repentina em minha costela me fez perder o fôlego, tentei sugar o ar, mas parecia que minhas costelas iam explodir. Fui jogada novamente no chão sentindo minhas cotas protestarem.

Me senti tonta. Tentei levantar, mas não conseguia. Philip montou em cima de mim, com as mãos em punhos.

— “Vou deixar esse seu rostinho machucado pra aprender”

— “Por favor pare! Não faça isso!”. Philip ergueu o punho, fechei os olhos esperando o impacto, porém o peso em cima de mim foi tirado de uma vez.

Abri os olhos vendo Philip no chão com o nariz e a boca sangrando, ele não teve tempo de se levantar, um homem subiu de repente em cima dele e o começou a socar sei rosto.

Meu corpo doía, porém, mesmo assim consegui me sentar, puxei os joelhos junto ao meu peito, minha calça jeans estava suja do chão, porém não me importei.

Os soluços vieram em seguida, eu não podia controla-los, imagino que ficaram altos, pois o homem que batia em Philip parou repentinamente.
Ele se levantou de cima do corpo inerte de Philip.

— “Seu maldito miserável, você é a escória dos homens, como ousa tenta agredir uma mulher seu bastardo”. O homem então se virou para mim, os olhos castanhos conhecidos me olhavam com pesar.

Mergulhei meu rosto contra os joelhos, eu não queria que ninguém me visse dessa forma. Me surpreendi ao sentir uma mão quente pousar em meu ombro, levantei os olhos observando Jack me olhando com cautela.

— “Esta tudo bem senhorita Evy, céus foi pura coincidência eu passar exatamente aqui nesse momento, você está ferida? Quer que eu a leve ao médico? Consegue se levantar?”. A sensação de conforto golpeou meu peito, eu nunca havia sido tratada de tal forma, meus olhos encheram de lágrimas, porém, as segurei, estava farta de chorar.

A sensação quente em meu peito parecia crescer. Seria Jack o motivo de tal coisa?

Talvez…

******

Deitei devagar em minha cama, minhas costelas protestavam a cada movimento brusco que eu fazia. Jack me levou ao hospital e só após ter a absoluta certeza de que eu estava sem ferimentos graves que me trouxe para casa.

Ele fez sopa e ficou comigo até poucos minutos atrás. Ele precisava ir para o delivery. A voz em minha mente dizia para eu pedir que ele ficasse, mas eu sabia de sua responsabilidade e não podia pedir tal coisa.

Jack…
Jack…
Jack…

Porque seu nome não saia da minha cabeça? Deve ter sido a pancada.

Meu corpo começou a adormecer, porém, a sensação quente em meu peito permanecia lá......

___(*❛‿❛)___

Ois mores trouxe mais um capítulo pra vocês, espero que gostem.

Bjsss, Wine.

Delivery ManOnde histórias criam vida. Descubra agora