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Lian se sentia culpado pela fuga de Diana, porque acreditava ter partido o coração da pobre moça, quando partira naquela manhã. E depois de ter procurado por toda parte, ele se sentia cansado e preocupado por não conseguir encontrá-la,  já fazia três dias desde que começou a procurar. Até que numa tarde ensolarada, ele recebeu uma ligação.

—– Lian, aqui é o Paul...encontramos um corpo.

Essas palavras foram suficientes para fazer com que Lian entrasse em total estado de choque.

Antes de ir para o local, ele despejou meia garrafa de bebida na boca para encarar o que de fato o estava por vir.

Ele pegou o carro e ignorou todas as regras de trânsito, inclusive beber e dirigir, e seguiu para o oeste. Quando chegou no lugar, reconheceu de longe os cabelos negros da moça, e logo suas pernas enfraqueceram.

E quando teve a confirmação de que era mesmo Diana que estava ali deitada no meio do mato denso, nua, com machucados por todo seu corpo, ele desabou de joelhos sobre ela, completamente abalado.

Paul fez sinal para que as outras pessoas envolvidas se afastassem, e se aproximou tocando o ombro do amigo que desabava em lágrimas.

—– Sinto muito, eu não sabia que você a conhecia.

—– Como eu pude deixar isso acontecer — Ele agarrou os cabelos, arrasado.

—– Você não teve culpa, coisas assim acontecem o tempo todo.

—– Mas eu poderia ter evitado. Por que essas coisas só acontecem comigo? eu sou um fracassado que não consegue nem cuidar de si mesmo, quem dirá dos outros.

Paul estava um pouco triste pelo amigo, mas sua profissão nua e crua, o impedia de demonstrar tanto.

—– Ora ,não se culpe tanto, vamos encontrar quem fez isso, e dar a ele a punição que merece.

Lian se levantou e secou as lágrimas rapidamente.

—– Tem ideia de quem possa ter feito isso? — Ele encarou o amigo, aborrecido.

—– Ainda não, vamos levar o corpo para checar se ele deixou alguma impressão digital.

A única imagem satisfatória que passava na cabeça de Lian, era dele espancando o assassino até desfigurar todo o que seu rosto. E só de pensar, seus punhos já estavam cerrados.

—– Lian, vai para casa, deixa isso com a gente, vamos investigar e descobrir o que realmente aconteceu, sua ira aqui não vai servir de nada — Paul aconselhou, percebendo a raiva contida nos olhos do amigo.

Depois de alguns minutos dominado pela raiva,ele entendeu que Paul estava certo, e resolveu ouvir o conselho do amigo e voltar pra casa.

—– Ok.

Lian se viu desolado após a morte de Diana, mesmo que ambos tenham se visto apenas uma única vez, ele ainda guardava aquele rosto na sua memória, e seus olhos azuis viviam o assombrando durante seus sonhos, lembrando sempre que ele  poderia ter impedido se pudesse, como teria impedido que seu pai espancasse sua mãe até a morte, eram lembranças dolorosas demais para ele suportar, estando sóbrio, ele precisava sair pra beber, beber até esquecer o próprio nome.

O Garoto do Lago ( Conto)Onde histórias criam vida. Descubra agora