Lian saltitava de alegria enquanto tentava se convencer de que aquilo não era um devaneio, embora pois mais errado que aquilo fosse, ele contava os dias para ter Sarah novamente em seus braços, mas enquanto isso não acontecia, ele seguia a sua vida normalmente.Até que em uma ocasião, ele decidiu ir até a casa abandonada de Marjorie para encontrar mais pistas daquele garoto de caráter duvidoso.
Ele vasculhou tudo, procurando por alguma coisa que explicasse porque um garoto tão pequeno escondia segredos tão tenebrosos.
Ele olhou debaixo da cama e notou que bem no canto havia um objeto estranho, ele esticou o braço para pegar e percebeu que se tratava de um celular, então ele o conectou no carregador e vasculhou a lista telefônica de Marjorie até encontrar um contato de uma mulher com quem ela trocava mensagens.
Bingo!
Ele notou também que Marjorie não só tinha o contato salvo da mãe, como elas se falavam, o que anula totalmente as palavras da mãe dela.
Ele investigou mais a fundo as mensagens e descobriu o endereço da casa da primeira suposta mulher, mas ao ir até lá, não encontrou ninguém.
-- Ela viajou - Respondeu uma vizinha aleatória que molhava as plantas ali do lado.
-- Ah sim, e sabe quando ela volta?
-- Não sei te informar.
-- Ok, obrigado, eu volto outra hora.
Ele escreveu seu número em um pedaço de papel e colocou junto com as correspondências da mulher, em seguida foi embora.
-- Sra wilson, eu sei que você está aí, pode por favor abrir a porta? - Lian insistia com batidas frenéticas na porta da mulher.
-- O que você quer, eu já disse tudo que queria saber - A mulher gritou com a voz abafada do outro lado.
-- Não tudo.
-- Esquece esse caso, você nem mesmo é policial e só um fracassado...
-- Talvez, mas eu conheço os policiais que estão cuidando do caso, e tenho provas de que a senhora mentiu em seu depoimento, então prefere contar pra mim, ou ir para eles.
Ele escutou a trava da porta sendo aberta e se afastou, permitindo ficar cara a cara com a Sra wilson que estava aos plantos.
-- A minha filha morreu, deixe-a em paz
-- Eu sei, e eu sinto muito por isso, mas vamos acabar logo com isso
A mulher secou as lágrimas e abriu espaço para que Lian pudesse passar.
Ele logo notou alguns maços de cigarro e uma garrafa de whisky sobre a mesa.
-- Vai por mim, isso não vai te ajudar - Ele disse para a mulher.
-- Isso não é problema teu.
-- Olha, não estou aqui para tocar na sua ferida, só quero saber porque você mentiu dizendo que vocês mal se falaram quando nesse celular encontrei várias ligações suas, inclusive do dia do incidente no lago.
A mulher se sentou na poltrona e respirou fundo.
-- Eu juro que não sabia o que ela iria fazer com o garoto, eu apenas atendia suas ligações afim de consola-la, porque ela sempre me ligava chorando dizendo que não aguentava mais, e que queria se matar.
-- E você não pensou que isso poderia ser um sinal? Por que não contatou a polícia?
-- Não, isso já aconteceu várias vezes.
-- Isso o que?
-- Dela me ligar, dizendo essas coisas, e como ela nunca fez nada, eu não me importei muito, achei que ela só estava tentando chamar atenção
-- Olha, dona Lucinda, é melhor a senhora ser bem sincera comigo, porque se eu descobrir, vai ficar complicado pro teu lado
-- É o garoto, ele é culpado - Ela disse convicta
-- O mesmo garoto que ela maltratou a vida inteira? que o forçava dormir em um berço desproporcional para o tamanho dele, que mal o alimentava, e pior, que ela jogou pra morrer em um lago frio e profundo, explique por que acha que o" garoto " é o culpado?
Ele se acomodou no sofá esperando atentamente por respostas.
-- Me diz você, por que ele não seria?- Ela o desafiou.
-- Não sei do que está falando?
-- Você o conhece melhor do que eu, eu nunca nem sequer o vi de perto.
-- Talvez ele seja um pouco problemático sim, mas isso é culpa da sua filha que não cuidou dele da forma correta que uma mãe deveria cuidar.
-- Se ele não tivesse nascido, minha filha estaria viva.
-- Sei que está com raiva, mas não pode culpar o garoto, ele é a maior vítima disso tudo, mas enfim acho que já ouvi o suficiente.
Lian se levantou do sofá, e a mulher o acompanhou até a porta.
-- Acredite, onde esse garoto ficar, coisas ruins acontecem, não é à toa que a minha filha preferiu ir morar sozinha e isolada em uma floresta - A mulher falou com um ar sombrio.
-- Está equivocada, minha senhora.
No carro, Lian ficou pensando sobre o que a mulher falou, e algumas coisas começaram a fazer sentido pra ele.
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O Garoto do Lago ( Conto)
HorrorUma mãe, totalmente perturbada, decide livrar-se do filho, porém o seu plano dar errado depois que um policial percebe o que ela está prestes a fazer.