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Uma garota havia se trancado dentro do banheiro na escola. Porque estava sendo perseguida por um grupo de garotos que zombavam de sua aparência.

Ela já não aguentava mais as pessoas apontando seus defeitos, dizendo absurdos sobre seu corpo. Toda essa frustração a deixava mal e fazia com que ela descontasse em seus pulsos fazendo profundos cortes em sua pele branca e macia, porque acreditava que a dor era menos pior do que a dor que a consumia por dentro.

Até que ouviu batidas na porta, e uma voz suave pedia para ela se acalmar, porque todos já tinham voltado para as suas respectivas salas. Quando ela abriu a porta, deu de cara com um garoto alto, branco de olhos e cabelos castanhos.

-- Oi.

-- Oi.

-- Não se preocupe, eles não vão mais te incomodar, eu garanto - Disse o garoto com o seu melhor sorriso

A garota se encostou em um canto e abraçou os joelhos, aflita.

-- São um bando de idiotas sem noção - O garoto completou

Ela abaixou a cabeça ainda, se sentindo desconfortável, porque ela não conhecia bem aquele garoto. Pensou que talvez ele fosse igual aos outros, e só estava esperando uma oportunidade para se revelar.

Ele se sentou próximo a ela, tirou um adesivo do bolso, e colou no corte aberto em seu pulso. E passou o dedo por cima delicadamente.

-- Muitas meninas se matariam para ter o corpo igual ao seu - Ele disse olhando para a garota seriamente - E você aí perdendo tempo se odiando, e preocupada com a opinião de outras pessoas, você é linda assim.

Ela sorriu em meio às lágrimas, e o garoto abaixou a cabeça e sorriu timidamente. Depois ele voltou a olhar para ela.

-- Não se machuque mais - Ele tirou a lâmina das mãos da garota, que sentiu como se um peso tivesse sido tirado dela. Em seguida ele a ajudou se levantar do chão, e limpou as suas lágrimas.

Ela não conseguiu desgrudar os olhos do garoto, estava fascinada com a gentileza dele, com o cuidado que ele estava tendo com ela.

Ela nunca tinha visto algo parecido e podia jurar que era um sonho.

-- Como você se chama? - Ele perguntou afastando uma mecha solta do rosto dela.

-- Sarah - Ela respondeu timidamente.

-- Muito prazer, eu me chamo David.

....

Sarah sorriu ao se lembrar disso. Mas depois o seu sorriso se fechou, dando lugar a dor e o sofrimento. Ela chegou a imaginar que um dia perderia o seu marido, e estava até convencida de que iria superar. Mas na verdade ela não pensou que seria tão precoce e nem que a dor seria tão insuportável.

Por isso não suportou a recaída.

-- Mamãe, não se preocupe, eu vou preparar um chá que vai te deixar mais calma - Disse Kevin, convencido da ideia.

Sarah sorriu ingênua, visto que mal conseguia se levantar da cama. Alice estava no berço agarrada a seu urso de pelúcia livre de qualquer ressentimento.


Enquanto isso, Kevin se esticava em cima de um banco para pegar um copo no armário. Ele pegou um copo grande o encheu com água. Ligou o fogo e colocou para ferver.

Depois foi até o jardim e apanhou algumas ervas, lavou e colocou dentro do copo.

Em seguida ele esmagou alguns comprimidos como vira a mãe fazer e despejou dentro do copo com chá da mãe, e se atentou de deixar um pouco pra colocar na mamadeira da irmã.

O Garoto do Lago ( Conto)Onde histórias criam vida. Descubra agora