Foi como um súbito momento de choque.
Havia uma voz, uma voz grossa e temerosa gritando por ela.
Gritando por quem?
Raiva. Dor e ódio. Ahh.. como ela se odiava por estar naquele situação, queria gritar que estava ali para que ele não desistisse dela. Merda, como aquilo lhe doía e machucava. Eu precisava de um lugar para me esconder e não encontrava nenhum por perto, foi então que ele a encontrou. Queria me sentir viva e sei que lá fora irei enfrentar os meus medos.
Sua mente estava em pânico total, havia escutado de uma das enfermeiras que os aparelhos iam ser desligados. Madara estava desistindo de mim. E ele não podia! Ele era a única coisa que a restava além daquela escuridão, a minha noite e meu dia eram daquela maneira, os terrores e os olhos cheios de lágrimas invisíveis que encobriam meu grito mudo. Ele desistir me fez retornar para aquele antes, o antes dele me tocar. Antes d'eu sentir o toque quente e a voz suave feito a brisa me elevar para um lugar mais calmo do que minha própria falta de lucidez.
Por favor... Não me deixe sozinha novamente, eu estaria tão perdida...
Me leve de novo para a noite em que nos conhecemos!
Os flashs vinham como tiros em minha mente perturbada, me assombrando. Todas divididas como de costume, primeiro aqueles homens e a sensação tão triste e logo após o abraço terno daquela garotinha calorosa. Lá no fundo eu sabia, eu sempre soube, desde o instante que tudo se tornou mais racional. Eu tinha tudo e, em seguida, a maioria. Alguns e agora nenhum de vocês!
Eu já não sei mais o que tenho que fazer, que forças devo usar para deixar de ser assombrada por esses fantasmas. Portanto só... Me leve de novo para a noite em que nos conhecemos.
Eu estava disposta a acabar com isto, acabar com tudo aquilo. Desistir e me entregar, eu me entreguei!? Eu só gostaria de ver o rosto dele pela primeira e última vez esse era meu único desejo e eu me entregaria para aquele abismo. Eu morreria no fim, mesmo tendo lutado tanto. Se eu pudesse ver o rosto de quem me aconchegou com palavras e toques gentis eu morreria como uma mulher feliz.
Todas as horas que se passavam ali eu me encontrava lá naquele maldito banheiro com azulejos encardidos e velhos. Num segundo, dentro daquela banheira já com os dedos enrrugados, eu ficava passando aqueles dedos em minha pele tentando me rasgar enquanto sentia os ossos marcados de meu corpo, meu coração era feito de vidro mas minha mente de pedra, rasgada em pedaços. Eu estava tão magra... No outro segundo, eu estava entrando no banheiro eu estava no chão quando abri a porta, aquele corpo moribundo e depressivo, então corri para ouvir os meus próprios batimentos cardíacos.
Você pode me ouvir gritando? Por favor não me deixe! Aguente firme Sakura, nos estamos esperando por você!
Sakura!
Tudo em minha mente retrocedeu como um lapso gigantesco e eu voltei para dentro da banheira. Não estava mais jogada no chão e sem controle algum do corpo que ainda me restava eu gritei. Gritei com todas as minhas forças com a cabeça enfiada na água densa.
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Lapsos Memóriais
RomanceAquele seria apenas mais um dia, não como qualquer outro, na realidade aquela noite ele estava de folga e se preparava para estragar um pouco do físico invejável que possuía, já que não era sempre que sua profissão lhe permitia tais luxos. Iria com...