Me Chame De Sakura

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É de fato um sentimento belíssimo quando alguém novamente nos desperta o frio na barriga. O riso e a vontade dançar.

Aquela garota havia despertado isso nele, não o ato de literalmente dançar afinal ele não dançava nunca, mas no outro sentido da palavra onde dançar quer dizer se entregar aos sentimentos, se deixar levar por algo que se expressa, e lhe acalma sem dizer uma palavra. De algum modo ele sentia que sua própria alma conhecia a dela antes mesmo que tivessem a chance de se encontrar.
As conversas que tiveram todos os dias durante seu coma, os toques e as sensações todas as vezes que compreendiam o quão importante um estava se tornando para o outro, o medo de perdê-la e agora estar ali no mesmo quarto que ela... Era como voltar para casa depois de um dia muito, muito longo.

Madara zelou pelo sono dela durante longos minutos depois de conversarem por horas, nem o cansaço o fez ter vontade de deixá-la.

Havia algo que o preocupava mas ele não desejava compartilhar com ela, não era necessário ainda e quando chegasse a hora ele teria uma solução para ajudá-la. Naquela tarde seu pai havia ido mais uma vez falar com ele, Tajima soube do progresso da paciente 202 e ele não teve lentidão em dizer que "A clínica não é um lar para crianças perdidas!". Aquilo deixou Madara com a mente fervilhando, seria questão de tempo para que ela voltasse a andar e tivesse que deixar a clínica, mas ele não a deixaria desamparada, não teria coragem e nem desejaria isso. Nunca.

Depois que ela finalmente deixou que o sono a dominasse ele demorou para conseguir se acomodar naquele sofá, por mais que fosse confortável sua altura não permitiria que ele tivesse uma noite agradável. Ainda assim Madara ficou ali e durante seus cochilos acordou no mínimo duas vezes com os espasmos dela sobre a cama.

E foi apenas quando ela acordou com um sobressalto que ele se manteve em alerta.

*

**

Meses atrás...

- Pare de me fotografar!

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- Pare de me fotografar!

- Mas você está tão linda...

As fotos tiradas por Sasori sempre ficaram péssimas desde o dia em que ela foi morar com eles. O senhor Sarutobi que após aquele episódio terrível a acolheu como um pai criava os dois como filhos, mas sempre demonstrou total apoio nas investidas de Hidan sobre ela. Algo que ela nunca havia entendido de fato, já que desde pequena foram criados como irmão, como eles poderiam se casar?

Tudo havia ficado muito estranho desde o dia em que meus pais morreram, um mistério que até hoje deixava pontas soltas para a garota já crescida agora.

Naquele dia estavam passeando pelo lago quando Hidan resolveu que era hora de importuna-lá com suas brincadeiras bobas.

- Nunca irá me contar não é mesmo? — iniciou outra conversa enquanto sentavam-se para observar o lago.

- De novo com esse assunto? — Hidan deu um longo suspiro, se preparando para fugir do assunto — Já te contei tudo o que sei, eles sofreram um acidente de carro e você veio morar com a gente quando tinha oito anos!

- Isso você já me contou, Hidan... Mas por que o seu tio nunca me contou sobre meus outros parentes? E minha irmã? Sinto que ele esconde coisas sobre mim e eu sei que você sabe!

- Eu gostaria de poder te contar mas sabe que eu não posso falar nada sobre isso, Sakura! — Hidan se levantou do gramado e estendeu a mão para ela — Agora vamos, meu tio nunca permitiria que você se atrassase para o seu vigésimo quinto aniversário!

- Eu realmente tenho que pintar o cabelo de novo? — resmungou ao se levantar —  Eu gosto deles rosa...

- Mas sabe nosso tio detesta!

Sakura emburrou por alguns minutos, qual era o problema em ter cabelo rosa naturalmente? Odiava ter que retocar todas as vezes em que os fios insistiam em crescer da cor que Sarutobi dizia odiar.

***


Abriu os olhos de supetão, assustada e ofegante. Aquele não era um sonho ou um dos pesadelos, era uma lembrança real dela. Seus pais, aquele rapaz junto com ela, seu nome. Finalmente algo de bom havia lhe sido dado depois de tanto tempo tentando.

A forma brusca como se sentou na cama fez seus músculos doerem e consequentemente despertar o homem que dormia visivelmente desconfortável na poltrona próximo à ela.

- Você está bem? — Madara se levantou o mais rápido possível indo até ela, mas um pequeno gesto da parte dela o fez parar — Não consigo diferenciar se está rindo ou chorando!

- Os dois!

A garota sentia poucas lágrimas molharem o seu rosto mas a felicidade dentro de si era genuína, não tão quanto a expressão confusa do homem que acabará de se sentar sobre a maca que ela ocupava.

- Por que não me conta com o que sonhou para mim tentar te entender?

- Eu acho que era um amigo... Estou triste por um lado, já agora sei o por que meus pais não vieram por mim, mas finalmente estou feliz por ter alguma resposta.

- E o que houve com os seus pais?

- Eles sofreram um acidente, eu não consegui decifrar o nome deles mas saber o que aconteceu me basta por enquanto...

- E o que mais descobriu?

Sakura sorriu com a empolgação que ele demonstrava em saber de sua história, ele ao seu lado era tão reconfortante.

- Você sabe se tem algum espelho aqui? — perguntou e em resposta ele lhe entregou o celular com a câmera frontal aberta. Sakura mais que depressa começou a analisar os fios de cabelo que já estavam pouco grandes, desmentindo a sua crença de que ela era ruiva — Não sei exatamente de que ano foi esta lembrança mas eu estava completando vinte e cinco anos...

Ela assistia em primeira visão o sentimento que crescia dentro dela a cada segundo que passavam juntos, ela estava se rendendo à um clichê bobo que não imaginava se ela um dia chegou a desejar ou não. Já que apenas hoje ela havia pensado nele seiscentas vezes por minuto, desde que ele chegou com uma demonstração mais que evidente de ciúmes.

- É bom saber que você está recuperando sua memória, Cereja!

- Me chame de Sakura!

A forma como ele a olhava enquanto dizia cada palavra a deixava tão a vontade que poderia passar horas daquele jeito. Com ele sentado ao seu lado e ela quase aninhada embaixo do braço dele, sob os cuidados dele, como se ela fosse a confusão mais bonita que ele já teve a capacidade de possuir.

E foi daquela forma que eles passaram o restante da madrugada, ao menos até o momento em que Sakura pôde ter novamente um restante de sono tranquilo. Com sua mão entrelaçada à mão dele.

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