Em seu pequeno quarto, Ana fitava as gotas de chuva escorrendo pela janela. Seu corpo imóvel, mas seu coração pesado e sua mente barulhenta se faziam presente enquanto relembrava os anos de crescente desapontamento. Desde pequena, observava seus irmãos, Jacob e Rachel, serem aclamados pelos pais como gêmeos prodígios. Ana não entendia o porquê de tudo isso, apenas tinha sete anos na época.
Por que sempre comparavam ela com os irmãos?
Depois da morte de Sarah, mãe deles, algumas coisas começaram a encaixar. Quando iniciou o ensino fundamental, começaram a chama-lá de bastarda, Ana chegava em casa arrasada pelo bullying e sempre contava tudo ao seu pai, que nunca deu a devida importância. As coisas começaram a piorar quando entrou no ensino médio alguns anos depois porque, definitivamente, ela odiava mais do que tudo a escola da reserva, não era só pelo bullying.
Em La push, mais específico na reserva que era onde ela morava, tudo se resumia a tribo e lendas urbanas. Na opinião dela, tudo era um saco e não acreditava em nada daquilo. Com o tempo, ela começou a desconfiar que havia algo errado quando seu pai andava estranho e alguns meninos da escola sumiam por um tempo e, voltava totalmente diferente, com seus cabelos cortados e uma tatuagem.
Em um belo dia chuvoso a algumas semanas atrás, uma discussão acalorada com Samuel Uley fez o resto da sua vida mudar. Ana nunca tinha sentido tanta raiva na vida, nem mesmo quando Jacob contou que ela era a bastarda da família e Embry, que na época Ana era apaixonada por ele, fez questão de espalhar por todo lugar. Então, a transformação veio juntamente da ira, tudo o que ela queria era arrancar a cabeça de Sam, mas não conseguia porque agora ele era seu alfa e devia obediência. Ana nunca se odiara tanto.
— Ei, Ana! — Chamou Seth ao ver sua irmã de alcatéia. Ele estava empolgado, seria a primeira vez que os dois iriam fazer ronda juntos.
Ana apenas sorriu já sabendo que ele tinha vindo chamar ela.
— E então, vamos? Temos muito o que conversar! — Seth apenas assentiu começando a ir atrás de sua amiga, que já tinha ido em direção a floresta.
Seth Clearwater juntamente com sua irmã, Leah, foram as primeiras amizades em anos que ela conseguiu conquistar. Seth, o caçula, sempre refletiam a uma mistura de curiosidade e compaixão, ao contrário de sua irmã mais velha, que era um poço de mal humor.
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— Ouvi dizer que você conseguiu emprego na lanchonete da senhora Barclay, é verdade? — Seth perguntou, tentando escutar qualquer barulho suspeito.
— Sim. Quero mais independência e, agora que terminei o ensino médio, vou trabalhar. — Ana respondeu. Seu amigo animou-se, dando um pequeno sorriso.
Quando Seth iria falar mais alguma coisa, é interrompido por barulho de passos... Inúmeros passos.
— Vem do outro lado do riacho. Será que são os Cullen? — Perguntou Seth, me seguindo até chegar proximo a divisa.
— Vamos nos transformar e seguir por esse lado, só por precaução. — Murmurou Ana, desconfiada daquela correria toda.
O aroma de pinheiros e musgo fresco inundava suas narinas enquanto se moviam rapidamente entre as árvores altas. Seus pelos eriçados pelo vento gelado da noite, cada músculo tenso, prontos para o que estivesse por vir. Ana tentava manter o foco com a respiração controlada, enquanto se movia silenciosamente através do emaranhado de troncos e arbustos.
Os próximos minutos, foram como segundos. Na frente deles surgiu uma figura ágil e esquiva, mal visível na escuridão. Victoria, uma vampira ruiva que estavam perseguindo a meses, era uma sombra rápida que quase flutuava correndo, suas presas brilhavam à luz da tarde entre os reflexos esverdeados dos olhos dos dois lobos.
— Que merda! — Ana vociferou. Seth uivou para o restante dos lobos, avisando do perigo que estavam em suas terras.
Depois disso, foi uma confusão. A ruiva pulava de um lado a outro, ludibriando os lobos e os vampiros usando seu dom de autopreservação, que tentavam alcançá-la.
"É a sanguessuga ruiva?" era o que perguntava o bando pela telepatia da alcatéia. Os lobos, liderados pelo alfa, mantinham o ritmo, seus sentidos aguçados, captando cada leve mudança na brisa, cada pequena pista do rastro da vampira que corria entre as árvores. Seus uivos ecoavam pela floresta, uma comunicação silenciosa entre eles, enquanto ajustavam sua estratégia para cercar sua presa.
Após olhar os Cullen do outro lado do riacho correndo, sabia que Victoria estava próxima. Sentia isso nos arrepios que percorriam sua espinha, na maneira como seus pelos em seu corpo de lobo se eriçavam. Então, uma surpresa, Victoria pulou para o nosso território e um dos Cullen também.
"Paul, não!" Ana e Sam gritaram telepaticamente. Paul, ao invés de atacar a ruiva, tentou morder o Cullen que tinha tentado pegar Victoria no ar, nos fazendo perder a vampira de vista.
"Seu grande idiota, quase pegamos ela!" rosnou Ana, inconformada pela falta de inteligência. Paul a olhou com raiva.
"Eles iriam quebrar o tratado, não podemos deixar!" rosnou de volta. Os dois se encaravam, até escutarem uma voz chamando o vampiro, que até então estava na água.
— Vamos, Emmet. — Era o líder e patriarca, Carlisle. Entretanto, não foi ele que chamou a atenção de Ana, era uma loira ao lado dele.
A loba se viu imersa, ela sentiu o coração acelerar ao ver seus olhos encontrarem o dela pela primeira vez, como se o universo tivesse conspirado para esse momento. Cada detalhe dela, Ana gravou em sua mente: seu cabelo loiro caindo como cascata por suas costas, seus olhos de cor âmbar, sua pele branca que se destacava ao ser tocada pelo sol. Era um sentimento avassalador, mas ao mesmo tempo sereno, como se todas as peças do quebra-cabeça de sua vida finalmente se encaixassem. Ana sabia que se tornaria qualquer coisa para aquela mulher, aquela vampira; uma protetora, uma amiga, um amor para toda a eternidade.
"Você teve um imprinting por uma mulher, pior ainda... Por uma sanguessuga!?" Paul gritou em sua mente, ao se dar conta do que tinha acontecido. O lobo cinza partiu para cima de Ana, que estava em completo estado de choque, mas ao perceber o lobo vindo em sua direção, começaram a brigar. Ana usou aquilo como escape da sua frustração pelo imprinting com uma sanguessuga, uma inimiga natural dos lobos, uma fria.
A família de vampiros ao lado deles no território, observava os dois lobos entrarem na floresta brigando um com o outro, em completa confusão e dúvida. Edward estava atônito, perguntando-se em qual mulher da sua família aquele lobo tinha tido um imprinting.
— Edward, o que houve com eles? — Calisle perguntou, observando seu filho mais velho parado olhando para o outro lado, já que O resto da família já tinha ido para casa, frustrados por não terem conseguido capturar Victoria.
— Não sei ao certo, mas vou descobrir. — Respondeu Edward, mentindo em partes.
Calisle assentiu desconfiado, mas aceitou a resposta por enquanto.
— Vamos embora.
E então, os dois voltaram para casa, um esquecendo aquele assunto e o outro pensativo.
OBSERVAÇÕES FINAIS:
Olá!
Apenas ressaltando que essa história é apenas fictícia e não condiz com a "realidade". Espero que estejam gostando!
Qualquer personagem que eu for adicionando, colocarei fotos ou referências nas observações finais de cada capítulo.
VICTORIA:
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Hearing Damage - Rosalie Hale
Hayran KurguApesar de ser a segunda mulher a transformar em metamorfo, Ana Black, não aceitava seu destino como protetora das terras da tribo Quileutes. Entretanto, tudo muda quando acontece o famoso imprinting com a última pessoa com quem deveria acontecer, Ro...