[fluffy] Linguagem dos Gestos

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Sakusa Kiyoomi não é bom com palavras.

Miya Atsumu sabe usar todas elas, às vezes, na mesma sentença.

Era tudo sobre gestos. E eles entendiam cada um deles.

[SakuAtsu] [romântico] [fluffy] [amor verdadeiro]

***

Sakusa Kiyoomi não é bom com palavras.

Após dias de ínfimos olhares e meio sorrisos trocados, Miya Atsumu pediu que ficasse além do horário do treino para ajudá-lo com algumas jogadas, e ele apenas meneou a cabeça.

Fingindo não esperar nada mais daquilo, concordou em ir jantar com ele em seguida.

A sugestão de Atsumu para repetir a dose no final de semana, deixando claro que seria o jantar e não o treino, permitiu que se sentisse seguro para mostrar um sorriso inteiro ao dar de ombros.

Pequenas mensagens de texto, sugestões, ajustes e uma ansiedade desconfortável que morreu apenas quando decidiu usar as pontas de seus dedos para tocar levemente as de Atsumu sobre a mesa. Eram um sinal de que, apesar das piadas dele serem ainda piores quando tentava flertar, Kiyoomi gostaria de mais cinco minutos daquilo.

Uma semana, dois dias, cinco minutos e agora eles se viam sempre que o tempo permitia ou até mesmo quando não havia tempo para mais nada. As prioridades mudaram e se moldaram, assim como seus dedos entrelaçados em um encaixe perfeito.

As ações eram sua linguagem, então Kiyoomi foi o primeiro a testar uma nova entre eles, por meio de outro encaixe: o de seus lábios. Convidando-o para entrar ao apenas deixar a porta aberta atrás de si.

Era tudo sobre gestos. E Atsumu entendia cada um deles.

E também sabia como usá-los.

Ele traçou os detalhes com suas mãos e lábios, como se estudasse cada curva para criar uma escultura do que tocava. Ou como se as declarasse suas daquele dia em diante. Quase uma profecia.

Para Kiyoomi, rotina e repetição eram conforto. Para Atsumu, acordar com um beijo de menta e depois encontrar seu chá favorito feito e servido, era melhor do que qualquer bom dia declarado em voz alta.

No começo, Kiyoomi não sabia o quanto Atsumu entendia. Se os pequenos lembretes com as tarefas do dia que ele escrevia com sua melhor letra e colocava na geladeira, eram percebidos como cuidado e preocupação para que não esquecesse os compromissos depois do treino. Se levar suas coisas aos poucos para a casa dele, era sinal claro suficiente de que queria ficar. Se comprar girassóis todo domingo apenas para vê-lo sorrir, poderiam explicar que tudo alegre e reluzente o inundava com a lembrança dele.

Duas casas se tornaram uma quando Atsumu não conseguiu mais sentir o próprio cheiro nas roupas agora lavadas com algo que suspeitava ser extraviado de algum hospital. Quando os dias de faxina se tornaram mais longos, porém mais divertidos. Quando entregou a cópia das chaves mesmo com todas as portas abertas.

Longos discursos o entediavam mas agora Kiyoomi ouvia cada palavra, já que Atsumu sabia usar todas elas, às vezes, na mesma sentença. Mesmo que fosse uma grande besteira e céus, por vezes era, ele o ouvia. Ainda que o som mais doce continuasse sendo seu próprio nome escapando pelos lábios que ele desenhava com a ponta dos dedos todas as noites em uma adoração muda.

Vez ou outra, as palavras eram mandatórias. É impossível sinalizar que precisa mudar a rota em meio a uma tempestade apenas com um revirar de olhos. Um longo caminho o ensinou que era seguro falar, agora que sob seus pés havia terra firme.

Ele aprendeu muito. Sobre coisas que julgava estúpidas como signos e amuletos da sorte. Sobre datas, comemorações e pequenas lembranças na forma de objetos que agora colecionavam em uma estante na sala. Sobre cores, sabores, lugares e noites insones. Sobre o conforto de cair no sono, na risada e poder se afogar em lágrimas sempre que precisasse sem se sentir fraco por isso.

Ele também ensinou. A ler detalhes, olhares e situações. A ter mais cautela, mais foco e a ouvir para entender. Que nem todas as respostas precisam ser ditas. Que nem todas as respostas sequer existem e está tudo bem não saber tudo o tempo todo. Que o lar deve ser um templo e refeições uma prece. Sobre hábitos, limites e o mais difícil: paciência.

Paciência, adaptação, insistir e ceder. Aos poucos, tudo isso deixou de ser difícil já que não se tratava mais de perder ou ganhar, estar certo ou errado. Era trabalho em time, novas jogadas aprendidas e aperfeiçoadas todos os dias com o único objetivo de manter a bola sempre em jogo.

Era também sobre obrigações e novos hábitos. Contas, mercado, limpeza, campeonatos, vitórias, eliminações, problemas, estresse e soluções. Roupas separadas por cores, meditação, filmes ruins, séries boas, copos quebrados, pontos em feridas abertas e beijos capazes de curar muito mais do que pequenos cortes.

Não era um segredo. Mas o jeito que as coisas funcionavam entre eles não era tão simples de entender a qualquer um que não observasse de perto com atenção aos detalhes. Apenas após ver com os próprios olhos, com direito a um longo questionário e boa reflexão, Osamu e Komori, cada um a seu tempo, entenderam que eles estavam bem, seguros e a única preocupação em vista seria integrar alguém tão diferente a uma nova família.

Família. Uma velha palavra agora povoada por novos significados e indivíduos. Podia ser um lugar com barulho e mais pessoas do que o legalmente permitido por metro quadrado na casa dos Miya's ou uma mesa de mogno com oito indivíduos trocando menos de uma frase a cada hora na casa de praia dos Sakusa's. Ou o melhor dos dois mundos em equilíbrio, em meio a uma pequena dança desengonçada na cozinha que agora era deles, fazendo o jantar e sendo apenas Kiyoomi e Atsumu sem nenhuma outra formalidade ou máscara.

Com o tempo vieram as mudanças. De time, de cidade, de país, de ideais e objetivos. Novas distâncias, desafios, fuso horários, viagens, e voos no meio da madrugada para apenas um final de semana compartilhado depois de meses. Nem todas as linguagens que aprenderam juntos conseguiam transpor as novas barreiras impostas frente a eles todos os dias.

Tempo. Foi preciso aprender sobre ele em si. O desgaste, a repetição, o cansaço e a pausa. A total ausência de gestos, palavras ou ações. O vazio que nada parecia preencher. Aceitar, negar, engolir o orgulho e dar o braço a torcer. Não foi preciso muito para entender que o tempo não seria cura e sim castigo.

Para aceitar que nem todo o tempo do mundo seria suficiente ao trocarem seus sobrenomes, votos, promessas e a certeza de que nenhuma palavra seria grande o suficiente para traduzir o que sentiam.

Continuaria a ser sobre gestos. Até que as memórias falhassem, os corpos envelhecessem e as mentes se nublassem entre o ontem, o hoje, o agora, e o infinito de todos os caminhos que os levaram até onde deveriam estar: dentro dos braços um do outro.

Era tudo sobre gestos.

E a imensidão de significado em cada um deles.

***

Heyyyy <3

- Tensão em Quadra - vai ser repaginada, então vai uma fluffly bônus para hoje <3

Gostaram?

Especialmente quarta que vem teremos mais uma fluffy MARAVILHOSA! Resultado de uma fic que eu sorteei quando Contratempo chegou a 1k (hoje estamos em 7k WOOW) - e em resumo: Kiyoomi vira um gato (!!) e Atsumu acaba cuidando dele e o ajudando a voltar ao normal <3

Lembrando que você pode patrocinar uns lanches para a autora-san e escolher um tema para uma fic Sakuatsu ou Kahegina por apenas 5 REAIS <3 mais detalhes de como encomendar uma fic no capítulo 1 - Avisos - ou é só me perguntar ;)

Obrigada por ler, não deixe de comentar e até semana que vem <3

[SakuAtsu] Doce Obsessão [One-shots]Onde histórias criam vida. Descubra agora