[angst] O Último Sol de Outono

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Seu coração só pode ser partido se permitir que alguém o tenha nas mãos.

A lógica parece bem simples.

Mas assim como o sol que insistia em brilhar enquanto dentro dele era tudo tempestade, algumas coisas aconteciam sem o seu consentimento.

Essenciais como respirar, você pode até tentar evitá-las por um tempo determinado mas elas forçam passagem. E te inundam.

[SakuAtsu] [AtsuSaku] [angst] [coração partido]

***

Essa é uma fic sobre corações partidos e sentimentos encontrados tarde demais.

Ela é toda em primeira pessoa então pode ser lida como o Kiyoomi pensando sobre o Atsumu.

Eu já postei ela sozinha no passado mas acho que vale a pena incluir aqui na coletânea <3

***

Ele sorria em minha direção. O sorriso que fazia parte da minha rotina, de cada bom dia, de cada até amanhã.

Os olhos brilhavam, dourados, intensos, imensos. Mais de uma vez me questionei se seria possível voltar à superfície depois de me afogar neles.

Hoje eu tinha a resposta: Não, não era.

Ele falava comigo mas as palavras não faziam mais sentido. Ele estava feliz, isso era importante. Mas a parte sem coerência, era que eu não permiti que essa felicidade também fosse minha.

Ele me abraçou.

Senti seus braços ao meu redor talvez pela última vez. Seu cheiro natural, doce e inebriante forçando passagem pelo meu peito já em chamas, subindo pela minha garganta quando tentei romper o silêncio em meus lábios.

Eu deveria dizer algo.

Eu deveria envolver meus braços ao redor dele.

Dever e comprometimento tomaram o controle automaticamente.

Dei um tapa em seu ombro e contei uma pequena mentira: "Eu estou feliz por você."

Criatura egoísta. A dose do meu próprio veneno surtiu efeito ao vê-lo sorrir mais uma vez, antes de virar e partir.

Finalmente longe demais para que eu pudesse alcançá-lo.

A curiosa dor de perder coisas que nunca lhe pertenceram. Um sentimento peculiar.

Não, ele nunca foi meu.

Nem mesmo quando em um dia de inverno ele aqueceu minhas mãos entre as dele depois de desastrosamente sujar minhas luvas com café. Nem quando me mostrou as constelações em uma noite de primavera após o treino e eu fingi não estar interessado. Ou quando no verão, antes de uma partida de vôlei de praia, ele me puxou pelo braço mar adentro.

Muito menos agora, quando o sol insistia em brilhar no outono, iluminando folhas e flores alaranjadas que caíam ao redor, fazendo tudo parecer demais com ele. Mesmo que seus olhos no passado me contassem que poderia me pertencer, não se pode ter algo que nunca foi reivindicado.

Não ser bom com palavras não era uma desculpa, mas se tornava um bom meio de manter tudo que ameaçava transbordar enterrado no único lugar em que poderia existir e de onde nunca deveria sair.

Observando-o agora, no centro de tudo como era natural para ele, eu entendia uma vez mais que o sol e o mar podiam tocar um ao outro apenas por alguns segundos durante o amanhecer e o crepúsculo. Por mais belo que seja esse encontro, a lei natural e implacável que rege todas as coisas os leva a seguir por rumos opostos dia após dia.

Poucas coisas no mundo atraem todos os olhos sobre si. E ainda menos coisas me fazem admitir que eu não sou bom o suficiente. Ele é uma delas.

Mais do que não merecer, eu não soube a hora certa. A hora certa de retribuir ao seu toque ao invés de puxar as minhas mãos. De admirar as estrelas e aprender qual constelação era o seu signo. De deixar que me levasse pelo braço até que o mar cobrisse nossas cabeças.

Se eu soubesse a hora certa, teria dado vida e voz a tudo enraizado em mim que gritava por você. Poderia talvez estar agora nos seus braços, debaixo do último sol de outono, entre folhas e flores, ouvindo dos seus lábios a promessa eterna resumida em um sim.

Assistir outro tomar o seu rosto entre as mãos, os seus lábios, o seu sorriso e olhar, fazia tudo que há meses eu me negava a admitir se tornar real demais.

Eu havia perdido.

Não um amistoso, não uma partida de treino, nem mesmo uma eliminatória ou uma final. Era como buscar pelo ar e não encontrá-lo. Ter sede com toda água disponível ao redor e não se saciar. Era como ter olhado diretamente para o sol até que ele me cegasse e eu nunca mais pudesse ver a luz.

Cada memória era lúcida e clara. Cada sinal que eu me neguei a aceitar e acreditar. Cada sorriso que me era tomado. O brilho dos seus olhos aos poucos deixando de encontrar os meus. As suas mãos, o seu cheiro e a sua voz que não estavam mais ao meu redor como de costume. O costume. Vou culpá-lo aqui por me fazer acreditar que isso nunca mudaria, por me impedir de entender que o que eu tinha era raro e único. Até que eu não o tinha mais.

Até que os seus passos não ecoavam mais caminhando ao meu lado. Até que as suas prioridades se ajustaram a um novo propósito e seu rosto fosse pintado com a felicidade de amar e ser amado. Até que me dei conta de que deveria ser eu colocando essas cores em você.

Eu espero que de alguma maneira você saiba disso. Queria que meu peito martelando agora ecoasse e cada palavra chegasse até você, mesmo que tarde demais. Queria que soubesse o que eu já não negava mais, o que eu tentei arrancar de mim e descobri estar cravado em um ponto que não consigo alcançar.

Escuto risos e sons de palmas ao redor enquanto você corre pelo tapete vermelho em direção a saída. Seus olhos fechados, seu sorriso fácil e seu braço entrelaçado naquele que terá a dádiva de dividir o resto da vida com você.

As pessoas choram em casamentos. Me permito então uma lágrima.

E com palavras mudas, movo meus lábios em sua direção, esperando que alguma paz um dia me alcance. Que de alguma maneira você me ouça, que eu encontre uma forma de viver nas águas gélidas do mar sem o calor do sol.

"Eu te amo."

***

Hey heyyyy <3

Essa é bem curtinha mas eu amo muito!!! Espero que tenham gostado <3

Eu escrevi essa fic para funcionar com meus dois shipps favoritos então também é possível ler ela como se fosse o Kageyama pensando no Hinata! T.T - no FUNDO, essa fic pra mim é o casamento do Shouyou com o Atsumu e os pensamentos são uma mescla dos povs do Kiyoomi e do Tobio  - pra quê sofrer pouco né?!

PROMETO que sexta vem algo pra curar toda a dor. CONFIA.

Muito obrigada por ler, não deixe de comentar e SEXTA VEM A BOA <3

- Liv - 


[SakuAtsu] Doce Obsessão [One-shots]Onde histórias criam vida. Descubra agora