~Capítulo 1~

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      Já faz tempo que eu me incomodo com a mesma dúvida, mesmo sabendo que talvez eu nunca consiga me aliviar com uma resposta, ainda tenho esperança de que algum dia essa resposta apareça e seja o que eu espero á milênios. Perdoem-me, pela melancolia que me atingiu, mas alguém sabe me responder se a luz e a escuridão podem habitar o mesmo ambiente? Isso se arrasta comigo todos os dias desde que conheci o meu rival, o lord da escuridão Lee Minho.

      A luz reinava sobre tudo no dia eterno e tudo ia bem, as criaturas que aqui habitavam celebravam a vida e a fartura que lhes era dada. Depois de muitos anos sofrendo na mão de reis que não sabiam governar, eu me cansei de ver criaturas inocentes morrendo por não ter como sobreviver e precisei intervir no meio deles. Depois de muito tempo consertando erros que a humanidade havia cometido, eu finalmente havia conseguido terminar com a miséria que assolava toda uma geração.

       E havia paz e harmonia entre os reinos, até que Calen filho de Gildor rei de Asgan foi coroado rei depois da morte de seu pai. Ele mudou tudo, e cometia tantos erros quanto os anteriores, ele só se importava com quanta riqueza era capaz de acumular e apenas com sua vida, nos pensamentos egoístas dele ele seria visto pelos outros reinos como uma grande fortaleza que nunca seria derrubada.

        E então logo ele surgiu. Aquele era o reino perfeito e mais propício pra que ele se apossasse, Minho sempre foi atraído pelos erros dos homens e para ele não havia nem nunca haveria solução para os erros dos homens. Eu preferia ver os fatos como eram não só aqueles que me agradavam, talvez alguns homens nunca mudassem, mas alguns ainda carregavam a honra acima de suas vontades.

      Eu não podia permitir que os dois dominassem de tal forma tão irresponsável e egoísta e foi assim que a guerra dos milênios se iniciou. Eu ouvia o choro de dor e os gritos de agonia que ecoavam por todo o universo até mim, aquele reino estava enrolado em um caos perverso. E eu era a única que parecia me importar, eu tentei não me envolver, mas já não dormia com o som de soluços que eu ouvia de longe. A fome já exterminava mais da metade do reino e os impostos apenas subiam sem dar nenhuma opção aos homens que se não pagassem a quantia exata morriam enforcados ou queimados em praças.

      A força com que o machado pesava sobre cabeças inocentes e sofridas, as mães choravam por seus filhos á noite sem nenhum consolo e com tudo isso eu já sentia as lágrimas de sangue que desciam pelo meu rosto. Eu precisava dar um basta nisso.

(Chan): Senhora...

—Sim?

(Chan): Mandou que me chamassem?

—Ah... Sim. Como sabe, não posso simplesmente intervir nos assuntos humanos, mas também não posso mais relevar tudo o que sinto, ouço e vejo.

(Chan): Prossiga.

—Existe a possibilidade de ajudarmos eles a resolverem isso?

(Chan): O que tem em mente Majestade?

—Dar á eles uma forma de defesa, uma força para lutar, uma esperança para viver mais um dia, eu penso em uma nova era.

(Chan): Majestade?

—Eles precisam de auxílio.

(Chan): Mas Majestade...

—Eu sei, ele está controlando Calen.

(Chan): Isso iniciaria uma guerra.

—É o único jeito. —Digo baixo.

A Luz e a EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora