14. Quando você foi, o céu chorou e eu também.

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— Partes do capítulo estão com versos traduzidos da música Don't eAeon ft. RM, elas vão estar em itálico e entre aspas, boa leitura <3 —

14.02.2018

"Não vá embora daqui.
Coisas demais iriam desabar.
Não nos destrua.
Você sabe que também está se destruindo.
Não faça isso, não vá embora.
Não abandone tudo que temos.
Não faça isso."

Sim, fumar é ruim. Mas todos nós somos viciados em algo, e eu era por ele.

A verdade é que o garoto com balas de cereja no bolso, nunca me pertenceu. Nunca fomos completamente um do outro, Jungkook pertence ao mundo, não foi criado para se apegar a ninguém, muito menos ficar em um lugar só. Sua alma elétrica e seu sorriso de tirar o fôlego precisam ser compartilhados com todos, parte de mim fica feliz em ser a dona de alguns deles; o primeiro em alguma parte da primeira vez em que nos vimos, o da fogueira, o da praia. Cada momento daquele me pertenceu, seus olhares e jogadas de cabelo, e como eu, secretamente, me sentia feliz em ser o motivo de sua alegria. Nesses momentos eu posso dizer que ele me pertenceu, nesses momentos éramos um do outro.

— Queria que um pedaço de mim fosse com você. - foi o que lhe confidenciei naquele abraço apertado, enquanto eu olhava para o céu lembrando de todos os nossos momentos em campos e telhados frios.

— Não, eu quero que você fique inteira aqui. - ele disse e pude ouvir seu nariz fungar meu cabelo mais uma vez, guardando na memória aquele cheiro de shampoo e final de inverno que ele me disse gostar. — E quero que viva.

— Também quero. - ele me apertou mais forte no abraço.

Já estamos aqui na varanda, abraçados, por longos minutos, mas ainda agradeceria se esses minutos se tornassem eternos, apenas não quero dizer adeus, não consigo, não posso. Quero chorar. Sinto que deveria fazer algo para me impor, agir pela emoção e apenas fazer algo, não sei muito bem o que. Entretanto não me sinto no direito, foi uma escolha dele ir embora, preciso parar de pensar como se ele estivesse sendo o obrigado a fazer tal coisa, ele é adulto e pode fazer escolhas para o que é melhor para ele.

Levo isso como um mantra, na tentativa de manter minha sanidade. Está feito, Jungkook vai embora, não há nada que eu possa fazer.

"Esse não pode ser o nosso fim
Ainda temos tantas coisas inacabadas."

[...]

Descemos as escadas juntos, Jungkook me abraça por trás como Taehyung fazia antes. Andamos meio cambaleantes pela diferença de altura, ainda mais por Jungkook usar aqueles Timberlands da sola grossa.

— Não te falei, Chaewonie? - escuto a voz de Tae do outro lado da sala, ele apontou com o queixo para Jungkook atrás de mim. Apenas ri.

— Do que ele tá falando? - a voz de Jungkook no meu pescoço me arrepiou, apenas neguei com a cabeça. — Não vai me dizer, gatinha? - eu sorri ao escutar aquele apelido e pela primeira vez me perguntei se eu fui a única que ele chamou assim.

— Não é nada. - eu virei a cabeça minimamente para vê-lo com o queixo encostado em meu ombro tão de perto. Olhei-o por mais do que deveria até que seu sorriso se desmanchasse.

Já não é mais uma opção na minha cabeça que ele tenha ciúmes de mim. O que me sonda é o questionamento se eu fui a única. Se fui única em algum aspecto de sua vida que o faça lembrar de mim, ou se não me destaquei em nada. Na noite em que o beijei pela primeira vez no telhado do bar, sabia que não era a única da noite e que provavelmente aquilo não tinha sido importante para ele, e eu estava tranquila com esse fato, como pude? Parece impossível agora.

SAY YES TO HEAVEN || 🄹🄹🄺Onde histórias criam vida. Descubra agora