4. I'll be your papa-paparazzi

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25.12.2017

Vinte e quatro horas desde que a véspera de natal se foi, a época que sempre amei quando pequena. Toda aquela decoração natalina, a neve, os presentes e o sentimento me alegravam. Sempre que escutava uma música ou via uma árvore de natal, algo em mim brilhava, até os dias atuais algo em mim ainda brilha, uma parte de mim que nunca se foi.

Andando pelas ruas, a lembrança do dia de ontem ainda é presente. Como se o natal tivesse sido há vinte minutos atrás, ainda é tudo recente. E, como uma magia, o natal não se foi por completo ainda, mas as pessoas já anseiam pelo futuro. Há um espaço de mais ou menos uma semana entre o natal e o ano que está por vir, e parece que as pessoas vivem exclusivamente para isso, como se estivéssemos vivendo em constante adrenalina em pensar que em breve esse ano, que já não é mais tão excitante, acabará.

Durante o dia 24, trabalhei no bar até certo horário e voltei para casa, a sensação que tinha durante o caminho até minha casa era de vazio. Não que eu já não tenha me acostumado, mas é estranho passar essa data sozinha. Analisava, pela janela do apartamento, a massa de pessoas que circulavam pela rua principal, sempre ansiando pelo o que as esperava, ansiando por lugares, pessoas.

Mas meu celular não parava de apitar e percebi que era Jungkook, me perguntei se ele não teria nada de bom para fazer, afinal, era natal, mas ele agia como se nem lembrasse disso, como se não houvesse uma guirlanda natalina a cada esquina da cidade.

Desde o dia do parque, no qual permanecemos deitados por horas falando besteiras e olhando as estrelas, ele pediu meu celular e salvou seu próprio contato como "Romeu", exibido. Somente algumas outras notificações e quando percebi já era madrugada, estava tão envolvida em algum assunto aleatório que nem percebi a hora passar, mais uma vez ele parecia nem notar que já eram três horas da manhã, me perguntava se ele não dormia.

Acordei pela manhã, quando o sol já brilhava, com uma dor de cabeça desgraçada, provavelmente pelo fato de não ter dormido muito e mais uma vez me lembrei de seu motivo. Para ser sincera, esse garoto era uma grande incógnita, e eu não me importava muito em desvendá-lo, eu gostava assim. Meu reflexo no espelho do banheiro não ameniza os fatos, eu estou péssima, como se não dormisse e não tomasse banho há uma semana. Meu celular vibra tirando minha atenção das olheiras e do cabelo bagunçado, abro-o no aplicativo de mensagens e vejo o chat de conversas com novas mensagens, mas não são mensagens de uma pessoa qualquer, é ele, de novo. Meu cenho franze em ver o nome do contato que ele mesmo salvou, patético.

Romeu

[Romeu]: tava a fim de ir a um lugar,
quer vim comigo?
10:21

que lugar?
10:21

[Romeu]: também não sei.
Sair por aí, sabe?
10:21

e o que me garante que
você não vai me sequestrar?
10:22

[Romeu]: nada, ㅋㅋ.
10:22

eu vou.
10:22

A adrenalina súbita me toma, como se eu estivesse prestes a cometer um ato de vandalismo ou me declarar para alguém, mas gosto desse sentimento, gosto do jeito que esse garoto me faz sentir alguma coisa. Só estar perto dele me trás essa sensação como se estivesse pecando, e talvez ele seja um pecado, realmente. De qualquer forma, algo me diz que um vocalista de uma banda de Seul não me sequestraria do nada, e por algum motivo estranho eu confio nele, na verdade ele não me parece nenhum valentão mal-encarado.

SAY YES TO HEAVEN || 🄹🄹🄺Onde histórias criam vida. Descubra agora