SAY YES TO HEAVEN || 🄹🄹🄺

17. Primeiras vezes.

20.12.2020

Don't cry do Guns N' Roses estava tocando no volume máximo que aquela máquina de karaokê alcançava. Yeri e Seulgi estrelavam no microfone cantando os versos de Axl Rose com tanta devoção que chegavam a parecem astros do rock daquela época. A cantoria, mesmo que desafinada, não parecia mais relevante depois de umas garrafas de soju.

Seul parecia um tédio quando era inverno e você já tinha ido a todos os bares possíveis, havíamos parado de tentar inovar há uns dias. O karaokê era um clássico, e foi necessário apenas umas semanas para conhecermos todas as infinidades de músicas que havia naquele repertório. Cansei de usar todos meus esforços para acertar as letras e alcançar as notas, então havia sentado no sofá de estofado de couro vermelho. Já estava meio zonza bela bebida no meu corpo, aquelas luzes de balada e barulho de pandeiros totalmente alheios à música, não ajudavam muito, ainda mais com as vozes estridentes de Yeri e Seulgi.

Amo rock, mas havia parado de escutar don't cry desde que Jaehyun escutou pela primeira vez e disse que aquilo só parecia mais um som genérico dos anos 80, fiquei secretamente ofendida, mas acabei nunca mais escutando essa música, ela me trazia a sensação de incapacidade que tive para discutir com Jaehyun sobre a sonoridade e rocks clássicos de 1980 e de como gostava deles, sabia que ele não escutaria e acabaria chamando aquilo de "barulheira" como um velho amargurado sem bom gosto musical, revirei os olhos.

— Chaewon!! - levantei a cabeça tão rapidamente que me assustei, Yeri parecia estar me chamando fazia tempo. — Tá escutando? - assenti com a cabeça. — Estou dizendo que achei tão estranha essa mensagem do Jimin... - Yeri tinha uma cara de confusão e torceu o canto da boca.

— Que mensagem? - perguntei e vi a acastanhada soltar o ar em frustração por eu não ter ouvido antes.

— Ele perguntou onde nós estávamos, ele perguntou onde exatamente estávamos em Seul. - ela estendeu o celular na minha cara mas não tive a força de vontade para olhar.

— Ele só deve ta curioso, sabe como ele é super-protetor, principalmente com você. - ela soltou um "aish" quando escutou a última parte e voltou a cantar com Seulgi.

Liguei a câmera frontal do meu celular só para ter certeza do quão ruim eu estava, não estava tão ruim quanto imaginei. O corretivo cobriu bem as olheiras de uma noite mal dormida, mas meu rosto continuava rosado pela bebida e os olhos lacrimejando pelos incontáveis bocejos. Meus cabelos, agora descoloridos, pareciam macios apesar do desgaste químico, havia pintado há alguns meses atrás por influência de Yeri, mas acabei gostando muito mais do meu cabelo loiro. Estava pronta para dar outro bocejo quando um barulho na porta se fez presente.

— Está ocupado. - Seulgi falou no microfone fazendo sua resposta ecoar por todo local, eu e Yeri rimos alto por isso, a risada de Yeri também ecoou no microfone o que nos fez rir mais ainda. Mas a pessoa parecia decidida a não nos deixar em paz e bateu na porta de novo.

— O que é, hein? - Yeri gritou no microfone enquanto o solo de guitarra de Don't cry tocava no fundo, ela se dirigiu à porta do karaokê abrindo com força. Já estávamos alcoolizadas e isso explicava o comportamento questionável. Esperei alguma reação de Yeri, mas ela estava paralisada, fiquei preocupada e olhei para Seulgi que estava do mesmo jeito. Me levantei do sofá com dificuldade até chegar no batente da porta, recuei três passos para trás quando vi o que estava acontecendo. Jimin estava ali, bem ali sorridente e com os cabelos loiros descoloridos.

— JIMIN! - yeri gritou e correu para abraçá-lo.

— O QUE? - Seulgi falou no microfone desacreditada.