18. Bombas de chocolate e bombas de verdade.

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21.12.2020

Eu estava sentada em uma das banquetas do balcão da cozinha em meu apartamento, havia deitado naquela pedra fria analisando a paisagem através da janela no outro lado do cômodo. Fox, o gato branco, fazia o mesmo.

ding dong

A campainha soou, o gato tencionou-se e eu me dirigi até ela para abrir.

— Oi. - Jungkook disse no corredor com um sorriso genuinamente feliz.

— Oi. - sorri sem mostrar os dentes e abri espaço para que ele entrasse e fizesse o que veio para fazer.

— Fox! - ele disse. — Como está grande. - o gato branco não parava de encará-lo, talvez tão em choque quanto como eu fiquei ontem.

Jungkook o pegou nos braços e vi as patas peludas se fecharem em seu pescoço como em um abraço, sempre soube que até o gato sentia sua falta.

— Senti sua falta. - ele disse baixinho para o gato.

[...]

Jungkook conseguiu matar um pouco da saudade de Fox durante alguns poucos minutos antes de sairmos. Fizemos o caminho do meu apartamento até sua moto em silêncio.

Ontem, antes de eu me despedir do rapaz na varanda ele me pediu para sairmos, falou numa entonação como se precisasse daquilo, então concordei ainda incerta, mas eu sabia que também precisava.

— Aqui. - ele estendeu o capacete da moto e meu coração acelerou um pouco. Nem preciso explicar que tive um déjà-vu com isso, né?

Sentei na garupa da moto, aquele lugar pareceu certo. Quando subi nela pela primeira vez há anos atrás, percebi que era de última geração, mas agora parece um pouco atrasada no tempo. Minhas mãos pareciam tão perdidas quanto eu, normalmente elas poderiam facilmente encontrar o caminho para a cintura fina de Jungkook, mas não dessa vez, manti-as em meus joelhos.

Jungkook não falou nada sobre isso e também não falou nada de para onde estava me levando, eu estava com medo para saber qual lugar inusitado ele me levaria, mas sabia que no fim eu iria gostar. Jungkook sabe exatamente do que eu gosto.

[...]

Pouparei os detalhes sobre como foi o trajeto da moto até aqui. O de sempre, cortamos os carros pela pista e senti o vento nos meus cabelos. O jeito como me senti viva ali pareceu errado, então não vou pensar muito sobre.

É uma doceria.

Ok, não tão inusitado assim, mas eu havia gostado. Os tons em pastel do lugar destoam do rapaz ao meu lado, que não deixou de usar as roupas com a paleta de cores resumida a uma só, preto. O ambiente tem cheiro de algodão doce e festa de criança, não me lembro de ter estado em um lugar tão colorido assim em toda minha vida, é quase engraçado.

Sentamos em uma mesa no primeiro andar do ambiente, aqui é mais reservado e escolhemos uma mesa bem no canto, perto de uma parede de vidro que possibilita ver a rua movimentada e um pequeno jardim na frente do local. Fizemos os pedidos já faz algum tempo, talvez só uns dois minutos tenham se passado, mas parecia uma eternidade. Estamos em silêncio e particularmente não sei muito bem o que dizer, nem ao menos sei o porquê de estar aqui.

— E então, me diga o que eu perdi. - ele disse esticando os braços casualmente, como se estivesse liberando a tensão. Pensei em todas as coisas que eu poderia dizer a seguir para responder sua questão.

— Muitas coisas. - resumi, talvez devesse ter realmente listado todas só para acabar com esse silêncio esquisito.

— Tenho a tarde toda. - ele apoiou o queixo na mão prestando atenção no que eu iria dizer. — Sou todo ouvidos. - completou, eu sorri pensando no que diria primeiro.

SAY YES TO HEAVEN || 🄹🄹🄺Onde histórias criam vida. Descubra agora