Will I Be Remembered?

873 87 13
                                    

        Amherst, Massachusetts. 1868.

....

        Mais uma viagem de Austin, dessa vez para Wisconsin, uma viagem que certamente duraria dias só de ida. Tinha recebido uma oferta cara de negócios e não se via na posição de recusar, ainda mais depois do estrago que a guerra fez na economia do país. Precisava de mais, por ele, pela Sue e pela sua filha, sendo assim, ficaria não só dias mas meses fora.

       Na porta de casa, enquanto o cocheiro termina de pôr as malas na carroceria, posso presenciar a tristeza de minha sobrinha ao se despedir do pai do qual era tão apegada.

                     一Promete voltar logo? 一ela pergunta com voz de choro, fazendo meu irmão agachado em sua frente, acariciar seu rosto.

                     一Claro que sim, pulguinha. Acalme o seu coração e verá que já já estarei de volta. Nem irá perceber o tempo passar 一põe a mão no bolso de seu casaco e retira uma pequena bússola, entregando nas mãos da pequena. 一Olhe, este foi um presente que ganhei de aniversário do seu avô quando tinha sete anos. Ele disse que me ajudaria a não me perder. Fique e se mantenha segura.

        Mattie para e encara fixamente o objeto, avançando em seguida para abraçar fortemente o pai. Austin envolve o corpinho da filha com os braços, fechando os olhos ao senti-la por uma última vez antes de partir.

                      一Se comporte, tá bem? 一ele pede, vendo-a assentir. Dá um beijo em sua testa e se põe novamente de pé, acenando com a cabeça para mim e Sue que estamos paradas na porta.

       Acenamos com a mão assim que o mesmo entra na carruagem, o desejando boa sorte e boa viagem. Assim que os cavalos começam a galopar estrada afora, Mattie passa por nós e corre para dentro chorando. Sue me olha com preocupação, se virando para ir atrás da filha. Não demoro a fazer o mesmo.

       Assim que subimos as escadas, entramos no quarto da menina e a pegamos aos prantos na cama, enrolada como um bebê. Sue se aproxima cautelosa, sentando-se ao lado dela e afagando seu cabelo. A menina nada diz, sequer levanta o rosto para nós, apenas chora e soluça contra os lençóis. A observamos por alguns minutos, esperando a poeira baixar e a dando o espaço necessário para sentir a dor da saudade. Tudo ficaria bem no dia seguinte.

                       一Tá tudo bem, meu amor, ele vai voltar. Não é como se tivesse nos abandonado 一Sue diz na tentativa de consolá-la.

       A menina se levanta e se arrasta até o colo da mãe, onde deita a cabeça. Sinto meu coração partir em dois, me aproximando para cantá-la uma canção. Canto a primeira que vem à mente, a vendo se acalmar aos poucos. Sue continua com as carícias, e assim, depois de alguns longos minutos, a pequena pega no sono, sendo posicionada de uma forma mais confortável sobre sua cama e coberta com um lençol.

                      一Está nervosa assim desde ontem, odeia ter que se separar do Austin 一Sue sussurra, tentando não acordar a filha. Assinto.

       Ela ajeita os travesseiros com cuidado e se levanta, caminhando até a porta junto comigo. Éramos só nós duas na casa. Hattie estava de licença por causa de sua terceira gravidez e quem estava no seu lugar era uma substituta, Primrose. Uma jovem camponesa vinda de Vermont, que no dia em questão, estava de folga. Só tinha eu e minha amada perambulando pela casa, o que não era ruim.

         Enquanto me encontro sentada num dos sofás lendo, percebo uma xícara de chá quente surgir ao lado de meu rosto, me fazendo olhar para trás e sorrir ao ver a mulher mais linda do mundo com sua mão estendida. Pego e dou um gole.

Com amor, Emily.Onde histórias criam vida. Descubra agora